Brincando com Palavras

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Local: Rio de Janeiro, RJ, Brazil

Sou a prima mais velha de uma turma de 32 primas! Gosto de rir e de fazer rir. Adoro conversar, mas principalmente de ouvir. Beber Mate, vinho e Martini. Ver filme aos sabados com os amigos. Sou fiel aos meus sentimentos e respeito os dos outros. E de escrever, é lógico!

quinta-feira, novembro 30, 2006

Inesperada Passageira

Já tinha visto a cena num filme.

Ontem, ao entrar no metrô no Largo do Machado tive como companhia uma borboleta branca e amarela.

Entramos juntas e anônimas.

Encantou-me ver aquela criaturinha voando sobre as cabeças dos passageiros que não lhe deram atenção.

Nem se deram contas daquele momento tão especial, onde a natureza nos visitava.

No Catete ela “desceu”, me deixando com uma sensação de ter sido esquecida no vagão.

Talvez tenha ido passear nos jardins do Palácio...

terça-feira, novembro 28, 2006

Dia Feliz

Vários amigos resolveram se casar este ano.
Para eles , escrevi e enviei na véspera do casamento:
Amigos,
daqui a algumas horas uma nova família se formará: a de vocês !

E espero, de coração, que ela cresça, se fortaleça e viva por muitos anos.

Casamento é alegria ! é o momento em que se inicia uma nova família no mundo.

Com o tempo observei e aprendi que a principal palavra no casamento, não é o fundamental "Amor" ou o insuperável "Sexo".
A principal palavra dentro do casamento para ele seguir tranquilo é "CEDER".
se ela for usada em todos os momentos, em todos os dias, em todas as conversas, em todos inícios de discursão, será muito mais fácil a convivência.

Casar é unir, colar.
A partir de agora, vocês são um. Não só em palavras do padre ou na cama. São UM até contra o mundo se necessário for.
Não são um contra o outro. São os dois à frente dos outros.

Casamento não é o início de uma batalha ou o ringue de box, em que um precisa mostrar ao outro quem está com mais razão.
Ao contrário, é a união de razões para formar uma só !
Afinal vocês vieram de 2 famílias diferentes, de hábitos diferentes e de costumes diferentes e que agora estarão formando uma nova. Algumas coisas que cada um de vocês viveram até agora com suas famílias serão substituidas por atitudes novas. Algumas coisas de suas famílias serão absorvidas, outras serão descartadas no benefício da nova família que se forma. Não queiram impor um ao outro seus pensamentos. Cheguem a um novo pensamento juntos. Isso é CEDER.

Falem sempre, e somente, BEM um do outro a seus familiares.
Contem sempre e somente, as coisas boas e engraçadas que acontecem com vocês dois.
Edifiquem sempre e somente um ao outro nas reuniões.
Não entrem nesse hábito que as pessoas tem de falarem os defeitos do outro na ausência dele, mesmo que esteja só conversando com alguém da família.

Não alimentem a fantasia de outras pessoas que vivem na esperança de que nada dê certo com um novo casal.

As coisas que não estiverem saindo certo dentro do casamento, tentem resolver dentro de casa. Não passem adiante. Aprendam a resolver seus problemas, caso eles surjam. Resolvam e aprendam com ele, para que ele não se repita. Resolvam e esqueçam dele. Não fiquem divulgando a quatro ventos os erros um do outro. Não façam com que um vacilo, mesmo que pequeno, se transforme em algo grande aos olhos dos outros. Não alimentem a paranóia de outras pessoas.

Construam a imagem de que realmente vocês fizeram a escolha certa quando resolveram ficar juntos.

Namorem ! Namorem muito ! Namorem todo dia !
Não deixem que a rotina do casamento acabe com o costume de namorar.
Após o casamento é que se inicia o momento ideal de começar a namorar. Não há mais impedimento de pai, de mãe, de falta de tempo ou de lugar. Se antes vocês já se beijavam, aproveitem agora para se beijar muito mais. Se abracem em qualquer lugar e a qualquer hora!

Sejam gentis um com o outro. Cultivem essa ideia de gentileza.

Saiam para namorar de mãos dadas, beijem-se no cinema, tranzem em moteis, troquem olhares cúmplices quando estiverem longe um do outro em uma sala cheia de gente, deixem bilhetinhos amorosos quando sairem em horários diferentes.

Brinquem ! Riam! Façam pic-nic na sala, cabaninha na cama e penteados e barbas de espuma embaixo do chuveiro !
Não façam drama só porque alguém quebrou um copo ou porque a toalha foi esquecida molhada na sala.
Não envelheçam antes da hora, não se transformem em nossas mães e pais. Só nas coisas boas.

Ufa!
o que mais posso desejar ? QUE VOCÊS SEJAM MUITO FELIZES !!

segunda-feira, novembro 27, 2006

Os Quatro Elementos

Ai, que raiva de mim mesma
De não ter coragem de
abrir as asas e voar !
Voar para seus braços
engolir em seco, disparar o coração,
tremer as pernas, arrepiar a nuca
e planar livre sobre a hipocrisia.

Que medo tolo do fogo!
Se em você não está a brasa que queima.
Mas ardendo iluminada
dentro de meu corpo.
Chama que sai por meus olhos,
devasta o verde,
transforma em rubro,
a pele do meu rosto.

Que covarde sou!

Se a vontade é de
mergulhar
no fundo na sua boca,
sem retornar pra tomar fôlego,
apenas indo mais fundo
na escuridão do seu oceano.

Fraca, prefiro a segurança da terra,
sempre úmida sob os pés descalços,
encharcada de lágrimas e soluços.

quarta-feira, novembro 22, 2006

Eu fui...

Cirque du Soleil...
e levei minha criança pra assistir ao tão esperado circo!

Minha criança interna não se aguentava desde a véspera e acordou cedo no dia do passeio.
A sessão começava as 21hs mas as 16hs ela já estava de banho tomado, laço de fita no cabelo, sapato de verniz vermelho combinando com a bolsinha, vestido rendado e pirulito no bolso.
Enquanto meu "eu" adulto vestia a calça comprida e penteava o cabelo, minha criança, sentada no sofá do meu coração, balançava as pernas impaciente.
Por chegar cedo demais ao shoping, os amigos resolveram dar uma volta, olhar vitrine, fazer lanche.
"Como é possível perder tanto tempo? Por que não vamos logo para perto do circo, ver a tenda, as cores, os anúncios" indagava minha criança.
Finalmente resolveram ir.
Organização de primeira, no shoping! Estacionamento, indicações, seguranças.
E lá do outro lado o CIRCO!
Lona amarela e azul, luzes, bandeirinhas, cheiro de pipoca, algodão doce, risos nervosos, correria de crianças.
Na entrada, já se ouvia os aplausos e minha criança queria correr na frente, mas ainda devia mostrar os ingressos, procurar a fila, a cadeira....
E quando tudo isso é resolvido, o show começa!
Tudo é tão lindo, colorido, iluminado, engraçado, delicado, assustador, surpreendente, de tirar o folego!!
Música ao vivo, com banda e cantoras. Aquela música que vai ficar pra sempre nos nossos ouvidos e nas nossas memórias. Na minha e na da minha criança!
Saltimbancos é isso: pura fantasia, pureza, alegria, diversão, risos e risos.
Num mundo tão cheio de maldades, Saltimbanco nos faz rir, sem gestos obcenos, sem palavrão, aliás, sem palavras. E, principalmente, sem animais sendo ridicularizados, espetados, chicoteados.
Foram 3hs de olhos bem abertos, grito na garganta, risada solta, suspense e encantamento!
Ao final do espetáculo, peguei a mão suja de bala da minha criança e voltamos pra casa, com uma imensa vontade de entrar para o circo, ser a trapezista da sombrinha, ou boleadora, ou até quem sabe, um daqueles homens que se arrastam pelo chão ao som da música, parecendo minhocas e sobem, todos no mesmo ritmo, no bastão, em pé no meio do picadero.
Sei que minha criança queria mesmo era ser palhaço, por que faz os outros rirem.
Nessa noite, dormimos suspirando: eu e minha criança!

sábado, novembro 18, 2006

Morada de minh'alma

Há dias que sinto que não sou uma.
Sou várias dentro deste corpo que me protege.
Sou tantas que me perco.
Esse corpo que me protege é abrigo, morada.
É um prédio sempre em construção.
Há andares, quartos, sótão e porão.

Num dos andares vive minha criança,
deve ter uns oito anos,
que ri de qualquer bobagem,
corre pelos corredores balançando suas tranças.
Adora gatos, fazer desenhos, comer doces
e confundir os outros moradores com suas indagações.

No quarto andar vive uma mulher sofisticada,
que adora ler, ouvir música clássica, de beber vinho.
Se lhe chamo para uma exposição
ela sorri e aceita na hora.
Há noites em que a ouço tocando seu piano.
E minha morada se enche de música!

Vive também neste andar
um homem forte e corajoso,
que não foge de briga,
destemido e despachado, carrega peso,
nem se amedronta com as artimanhas da vida.
Não sei o seu nome,
mas sei que posso contar com ele
se me sinto fraca.

Bem no alto mora uma adolescente,
em seus verdes anos ela quer conhecer o amor,
escreve diário, canta alto e provoca os meninos.
Seu cabelo está pintado de vermelho.
Em seu frescor ela sonha com o príncipe
mesmo afirmando que seu desejo
é conhecer primeiro o mundo,
com uma mochila nas costas.
Há dias em que ela liga o som,
E coloca todos do prédio pra dançar.

No porão habita uma velha.
As vezes amarga, rabugenta,
que prefere ficar as escuras, isolada.
Passa os dias deitada em seu sofá resmungando.
Reclamando de uma vida que não viveu.
Totalmente diferente de uma outra senhora
que vive no quinto andar.
Esta comemora seus aniversários como uma fada.
Encantada!
Ri alto, sabe tudo de cinema.
É curiosa, quer voltar a estudar,
e adora brincar com a menina de tranças.

Meu poeta favorito vive no sexto andar.
Sua porta está sempre fechada.
Não para se isolar, mas para criar clima
Pela fresta pode-se ver a luz do abajur acesa.
Meu poeta vira a noite
debruçado sobre papeis a escrever.
Escreve mais para si do que para o mundo
Derrama poesia sobre a mesa,
Que escorre pelo chão,
Invade os corredores
E preenche os espaços vazios desse meu abrigo.

Em um dos andares
vive alguém que não conheço,
pois raramente ela sai para se mostrar.
Seus lamentos são ouvidos à noite,
principalmente às sextas-feiras de lua cheia.
Lamentos como uivos de lobos.
Como quem quer se perder na noite,
arder de paixão em suas sandálias de salto alto,
batom carmim e perfume barato.
Mas sua porta está trancada
E ela perdeu as chaves.

Habita também nesse meu prédio interior,
uma executiva nos seus blaser e terninhos.
Podemos ouvir o salto de seu escapin
batendo forte no chão dos corredores.
Ela entende de documentos, leis, papéis.
O teclado do seu computador
não descansa nem nos finais de semana.
É seu piano imaginário.

Mas nem todos os moradores
são simpáticos, amáveis ou risonhos.
Há um morador que as vezes me assombra
qual fantasma assustador.
Quando resolve aparecer
me joga pedras, me chicoteia e me fere.
Joga na minha cara minhas imperfeições e deslizes.
E tudo de podre que há no fosso de minha construção.

Num dos quartos dos fundos
vive meu meu zelador !
Todo prédio tem um.
É ele quem conserta meu interior.
Dá resposta as minhas dúvidas,
derruba paredes,
abre espaços,
constrói outros cômodos,
cura minhas feridas,
varre minhas tristezas,
areja o ambiente,
cuida do meu jardim.

Minha linda princesa vive na cobertura,
bem no alto,
quase nas nuvens.
Minha princesa escolheu esse lugar
por que gosta de receber o calor do Sol
e de apreciar os mistérios da Lua.
Ela é meiga e delicada,
branca e carinhosa.
Mas como boa princesa
é justa e luta pelas boas causas.
Reina absoluta do alto da minha construção.

Meus moradores só me confundem
quando resolvem se reunir
e dar uma festa.
São tantos risos, vozes, músicas e gritos!

Me dá uma dor de cabeça.....

sexta-feira, novembro 17, 2006

A Jaca

Fruta estranha, a jaca...
As árvores do sítio em que minha mãe morava em Mendes viviam em constante fertilidade.
Tínhamos um rodízio de frutas maduras durante o ano todo.
Era uma festa para os nossos sentidos.
Uma mistura de cheiros, sabores e cores.
Algumas frutas exageram em sua demonstração de fertilidade, mas nenhuma como a jaca, que nos exibe, sem nenhum pudor, sua aparência de mulher grávida, pronta para explodir em trabalho de parto. Jacas são como algumas pessoas que por fora são ásperas e grossas, mas que guardam por dentro delícias de puro mel.
Adorava sentar à sombra da jaqueira, escolher um dos frutos arrebentados no chão, enfiar as mãos em suas entranhas, sentir o sumo passando entre os dedos, escolher os bagos mais macios, morder e separar com delicadeza os caroços da massa escorregadia.
Algumas jacas tem os bagos mais firmes, outras são pura manteiga. Ficar horas nesse estado de satisfação até deixá-la vazia da carne amarelada.
Passar a língua pelo sumo que desce pelo braço e chupar cada dedo lambuzado completa o momento.
Puro erotismo tropical.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Tema Musical 1

PAGU
(Rita Lee/Zélia Duncan)

Mexo, remexo na inquisição
Só quem ja´morreu na fogueira
Sabe o que ser carvão.
Eu sou pau pra toda obra.
Deus dá asas a minha cobra.
Minha força não é bruta.
Não sou freira nem sou puta.

Por que nem toda feiticeira é corcunda
Nem toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho que muito homem!

Sou rainha do meu tanque
Sou Pagu indignada no palanque
Fama de porra-louca, tudo bem!
Minha mãe é Maria-Ninguém
Não sou atriz-modelo-dançarina
Meu buraco é mais em cima!

Porque nem toda feiticeira é corcunda
Nem toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho que muito homem!

A Era do Rádio

Ontem, na condução, voltando para casa, ouvi, não sei em que estação de rádio, um grito de mulher que, num segundo, me levou de volta a um tempo em que não tínhamos televisão. ...
quando era bem pequena, meu pai tinha um rádio de madeira com tela de tecido que encobria o auto-falente. Eu morria de medo do rádio!!! Meu pai gostava de ouvir um programa sobre esportes à noite e eu ficava a seu lado olhando para “aquela coisa” cheia de luzinhas vermelhas e amarelas.
Depois passei a controlar o tempo através do rádio: na "Hora da Ave Maria", mamãe chega do trabalho e na "A voz do Brasil", papai chega !
Mas quando eu descobri que daquela caixa eu podia ouvir milhares de histórias, pessoas, sons, músicas, minha vida se encheu de imaginação. E a partir daí foi o sonho: "Cavaleiro Negro", "O Anjo", "Gerônimo - O
Herói do Sertão"... suspirei ouvindo as novelas com Dayse Lucide, Isis de Oliveira e Roberto Faissal. Tremi de medo com o "Incrível, Fantástico, Extraordinário".
Toda sexta-feira tentava descobrir, junto com o Inspetor Marques, quem era o assassino no “Teatro de Mistérios” (de onde vinha o tal grito que ontem escutei!).
E os musicais da Rádio Nacional ?
E a vida de Cristo, na sexta-feira santa ? Esse eu ainda escuto (acho que sou a única ouvinte!).
E os comerciais? “Veja ilustre passageiro o belo tipo
faceiro que o senhor tem ao seu lado. No entranto acredite, quase morreu de bronquite. Salvou-o Rum Creosotado !! Esse tinha até no bonde (que também andei) !!
Pronto! Agora você vai ficar pensando que tenho uns 300 anos e que durmo num vidro de formol !!
Mas não preciso ter participado da Santa Ceia para saber que o Ari Barroso comandava a "Hora do Pato", ou que o Silvino Neto foi preso por anunciar que ia começar a Hora do Abacaxi e que ao meio-dia soavam as Doze badaladas.
Preciso só ter uma família que conversa muito e que adora rádio !!!
Klique!

terça-feira, novembro 14, 2006

Mulheres Mal-Assombradas

Uma amiga minha me questionou em tom triste, porque aumenta cada vez o número de mulheres sozinhas?
Fizemos um rápida pesquisa dentro da empresa e descobrimos uma legião de mulheres interessantes, inteligentes, bonitas, divertidas, de idades, formatos e tamanhos variados, completamente sozinhas há anos !!!
Algumas nunca se casaram, outras mães solteiras por escolha, outras divorciadas com filho. Todas na direção da própria vida. Aparentemente satisfeitas com condição em que vivem, mas se você reuni-las para uma conversa em que envolve ter um companheiro, todas estão a espera de um, e não conseguem entender porque não acontece, já que elas se consideram “abertas para conversações”.
Será que esse lindo bando de mulheres estão deixando nossos rapazes assustados com tamanha vontade de viver um relacionamento?
Alguns fogem apavorados ante a mínima possibilidade de um futuro relacionamento.
Exatamente isso: relacionamento!
Não estou nem falando compromisso, por que aí a coisa fica feia.
Um olhar mal enviado e o efeito Doril acontece.
Não são nem bruxas nem santas, apenas princesas presas na própria evolução. São apenas mulheres que esperam que nossos rapazes deixem de lado tanta fragilidade e assumam sua tão cantada vocação de sexo forte.
Enquanto isso não acontece, mulheres mal-assombradas continuarão vagando pelo planeta.
E eu, no meio delas...

domingo, novembro 12, 2006

Catando Feijões


Ontem à noite enquanto colocava uma panela de feijão no fogo, me lembrei deque quando eu era pequena havia uma tarde na semana reservado para catar feijão. Minha mãe colocava aquela montanha de feijão no meio da mesa da cozinha para ser catado por ela e por minhas tias. Enquanto catávamos, vários assuntos acompanhavam o trabalho. As mais velhas contavam casos e as mais novas ouviam e aprendiam. Cada bocado de feijão catado era uma história catada da memória. Em certa hora minha mãe preparava um café e nos servia com pão quentinho saído da padaria ou esquentado na chapa. Eu ficava encantada por achar como minha mãe era esperta pois sabia exatamente o momento em que o pão estava pronto na padaria. E o tempo passava e nós nos divertíamos num trabalho que tinha tudo para ser cansativo e monótono. Pra dizer a verdade, por ser a mais nova e bem pequena, eu não tinha a tarefade catar feijão. Essa tarefa me foi passada anos depois. Nessa época minha maior diversão era encontrar feijões coloridos, um de cada cor: preto, branco, vários tipos de marrom, alguns pintadinhos e vermelhos. Ou outros tesouros como uma vagem seca, um milho, uma pedra ou um pulgão. Durante dois dias esses seriam meus maiores tesouros, guardados embaixo do meu travesseiro. Nesse período, antes de ir dormir, gostava de conferir se eles estavam ainda no mesmo lugar. E eles ficavam ali até eu esquecê-los, substituí-los por outra preciosidade e minha mãe jogá-los fora.

Mulher Maravilha

Há dias em que sinto saudades de um tempo que não vivi.
Um tempo em que não havia igualdade de direitos e que as mulheres tratavam seus maridos de “meu Senhor”.
Mas também um tempo em que a mulher ficava em casa e assistia seus filhos crescerem.
Podia pentear os cabelos de suas filhas, fazia lindos cachos e os prendia com uma fita engomada minutos antes;
Um tempo em que o período menstrual era um segredo só das mulheres e não um assunto para ser discutido no escritório;
Um tempo em que a mulher sentia vertigens para anunciar uma gravidez e era tratada como um bibelot;
Um tempo em que a feminilidade era ensinada e assumida com todas as suas rendas, bordados e laços;
Um tempo em que os “negócios dos homens” eram tratados em salas separadas, para que as mulheres não se preocupassem com coisas que não entendiam;
Um tempo em que a mulher era “a rainha do lar” e podia se dedicar totalmente a ele, bordando paninhos para a mesa;
Um tempo em que se tinha todo o tempo e se podia fazer doce de laranja da terra durante quatro dias, cuidando para que a fruta perdesse o amargo;Um tempo em que ao cair da tarde, a mulher varria o quintal, cuidava do jardim e molhava as plantas, e a natureza esperava por esse carinho;
Um tempo em que as mulheres tiravam a “cesta” após o almoço pois a fragilidade da pele carecia de atenção.
Sinto saudades, pois sou herdeira de uma geração que brigou por essa emancipação e queimou soutien na praça.
Será que precisamos realmente nos tornar tão masculina
Sinto a testosterona crescer em meu organismo.
Não quero brigar como homem,
nem quero brigar com os homens.
Quero estar ao lado dos homens.
Hoje, de preferência, em casa,
esperando para colocar o jantar.

Quem disse que quero ser mulher-maravilha?

sexta-feira, novembro 10, 2006

Pra me Conquistar

Não grude!
Preciso de espaço!
Deixe-me respirar!
Me dê liberdade !
De pensamento e de ação!
Não force, nem fique íntimo.
Não sou racista, machista ou feminista.
Mas tenho amor a uma causa!
Qualquer causa!
Não pressione.
Meu pensamento vai longe e rápido!
Não gosto de planos ou promessas.
Música, sempre.
Obedecer, às vezes.
Carinho, a qualquer momento!
Não aperte, mas abrace!
Não me siga, eu sou livre!
Siga-me, mas mantenha distância.
Não me cobre, eu cumpro!
Se fico triste,
é por pouco tempo !
Se fico amiga,
É pra sempre!
Se não telefono,
Não insista !
Pra ser feliz,
Sou criança do arco-íris,
Mulher cibernética,
Princesa que foge da torre
pendurada nas próprias tranças...
Vivo num mundo só meu,
Por tanto não chute a porta,
ela já está destrancada.
Caminhe ao meu lado o
ou viva na minha sombra
Não me submeta.
Eu traço o meu caminho.
Comando o meu barco.
Levo a bandeira de minha luta.
Sou dona de meu destino e pretendo continuar assim.
Não me entrego sem briga,
Não me dobro diante do que não aceito.
Nem me deixo dominar facilmente.
Sou guerreira,
sou tinhosa,
sou teimosa.
Limpo minhas próprias feridas,
adoço meu próprio fel.
O meu olhar é pra frente,
Por isso caminho ereta.
Aceite-me,
Ou se esconda atrás dos muros.

Mas se me conquistas,
Sou pluma, sou pomba.
Riso solto, olhar macio.
Fruta aberta, pão de mel.
Cama aquecida, sons de seda.


Se me conquistas,
sou só menina...

quinta-feira, novembro 09, 2006

Animal Noturno

Sou um animal noturno.
Vivo melhor à noite.
Sou outro ser, bem diferente do que circula até o anoitecer.
Sou dividida em dois seres: um que sobrevive durante o dia e outro que vibra durante a noite.
O médico e o monstro.
A claridade me incomoda.
Durante a primeira hora do dia sou um espírito vagando pelos cômodos da casa.
Que ninguém se atreva a falar comigo ou sentirá o gelo do meu olhar.
Após esse período percebo que não tem jeito e me conformo.
Lá pelas dezesseis horas começo a sentir a vida se instalando em mim.

Tem momento mais lindo do que aquele, lá pelas dezoito horas, em que se funde dia e noite?
Não é um nem outro, é deslumbramento!
Cores sutis povoam o céu: azul-violeta, abóbora, rosa, amarelo.
Sem aquele branco-amarelo do Sol a pino que arde os olhos.
Depois vem a escuridão do céu, com milhares de estrelas.
E se houver Lua cheia? Daquelas imensas, redondas, que dá pra ver as montanhas e o Mar da Tranqüilidade que desenha sombras das pessoas no chão em lugares sem eletricidade? Quando a Lua é Minguante, com apenas um risquinho de luz, imagino o céu sorrindo pra mim um sorriso maroto.
Então, os prédios, os postes, os carros, os luminosos, os anúncios se enchem devida!
E a cidade inteira fica linda, limpa, igual, onde todos os gatos são pardos.
O ar ganha mistério, susto, medo, suspense.
Mas também, romance, sensualidade, música.
À noite, tenho vontade de conversar, me reunir, contar e ouvir histórias, reabastecer o corpo com o calor dos amigos.
Outras noites quero ficar comigo, ler um livro, ouvir música no escuro, chorar de saudades de amigos que se foram, ver um filme antigo que só eu gosto.
Raros são os dias em que durmo cedo.
Se me deito, sinto estar perdendo horas preciosas de minha vida, por que o mundo continua pulsando do lado de fora da janela do meu quarto.

quarta-feira, novembro 08, 2006

Miúda

Tão graciosa e firme ela pula do chão para o sofá.
Espreguiça-se e afofa a almofada.
Primeiro faz pose de deusa egípcia e lança um olhar de rainha.
Lambe a pata como quem ama o próprio corpo.
Muda de idéia e salta da almofada para a cadeira.
Fica em silenciosa meditação.
Mexe as orelhas e os bigodes.
Balança o rabo com elegância.
Desce da cadeira, inspeciona os cômodos como dona de casa exigente.
Come, bebe água e torna a se espreguiçar.
Boceja e pula pra cama.
Escolhe o melhor local entre os travesseiros,
enrosca-se como quem se abraça e dorme.

Sensual como uma cortesã.

segunda-feira, novembro 06, 2006

Camelot


Aquela época da minha adolescencia em que não pude ir à Lua, me mudei para Camelot.

Quando um dos meus tios trouxe para casa do livro "Cavaleiros da Távola Redonda", não podia imaginar o que aconteceria comigo a partir do momento em que começasse a folhear aquelas páginas. Num passe de mágica, digno de Merlin, fui transportada para aquele mundo de magia, lindas donzelas, homens valentes, capas e espadas, cavalheirismos, aventuras, defesas de fracos e oprimidos e, principalmente, o Rei Artur.... Ah! o Rei Artur...

Tente imaginar uma adolescente, em idade influenciável, a procura de seu primeiro amor, mesmo que imaginário, desejando gentilezas, encontrando essa personagem maravilhosa, gentil e encantada! Foi amor a primeira vista. Daqueles "eternos" que só os adolescentes sentem.

Não queria mais largar o livro. Queria viver naquele mundo. Queria ser Morgana, Guinevere, Lancelot. Queria poder levar seu estandarte e lustrar sua espada. Queria seguir em suas batalhas e brindar suas vitórias. Foi difícil e dolorido sair de lá. Foi difícil não ter um assento na Távola redonda.

Anos depois voltei à Camelot através de "As Brumas de Avalon".

Dessa vez a viagem foi mais intensa, pois pude conhecer a visão feminina do livro anterior. E lá estava o Rei Artur em minha vida novamente... E Morgana não me pareceru tão má, nem Guinevere tão apaixonada. Mas, aí eu já era adulta e já havia passado por algumas desilusões e o meu encantamento estava dormindo no fundo do lago, junto à Excalibur.

Atravessar as brumas entre o real e o irreal era mais fácil. Era só abrir ou fechar o livro.

domingo, novembro 05, 2006

Barbarella

Em 69 quando o homem pisou na Lua, descobri (junto a milhares de meninos e meninas do mundo) minha “vocação”: queria ser astronauta !!

Nada até aquele momento, me pareceu mais incrivelmente livre do que aquele foguete se desprendendo da Terra. E na minha imaginação criou-se a idéia de que ir ao espaço era o que se podia chamar de liberdade. Deixar esse mundo chamado Terra com todas as dúvidas, problemas, interrogações, abandonos que a pré-adolescência me fazia sufocar. Me imaginar viajando solta no espaço sem o peso da gravidade a me prender num chão que eu queria ver só de longe era o prenúncio de um orgasmo infantil. Uma Barbarella !

Na minha viagem espacial não havia monstros com três olhos, antenas ou babas, só o grande êxtase da liberdade! Nenhum som, só estrelas ! O que mais podia querer uma aquariana ?

E aí veio a grande esperança do ano 2000! Tudo nele me parecia ficção científica! Ele estava tão longe, mas a possibilidade de viver numa época em que todos seriam bonitos, prateados, felizes e livres me fazia continuar alimentando essa “vocação”. A Era de Aquário!!

E 2000 chegou e a minha menina astronauta percebeu que o mundo não estava tão bonito, prateado, feliz e livre.

O ano 2000 passou. Eu não fui à Lua e tudo continuou como antes.

O que eu não esperava é que em 2001 eu iria me dar conta de que não preciso de foguete para ser livre.
Que meu espírito é livre!
Que ele pode viajar além da Lua e desse sistema solar!
Que sou livre o quanto eu quiser e desejar.
Que as estrelas estão ao alcance das minhas mãos.
Agora, minha menina astronauta está feliz!

sexta-feira, novembro 03, 2006

Saudades



Nessa sexta-feira enforcada, após o Finados, resolvi listar minhas saudades, pessoas públicas que farão falta em minha vida, que me deram o que pensar, que me fizeram sorrir, que me encantaram:

Carequinha; José Mauro de Vasconcelos; Cazuza; Marilyn Monroe; James Dean; Fred Mercury; Airton Senna; Chacrinha; Princesa Diana; Ray Canniff; Cassia Eller;

quinta-feira, novembro 02, 2006

E a história continua...

Só pra descobrir onde havia que clicar para escrever hoje demorei uns 15 minutos. É a coisa tá feia! mas decobri! E sozinha!

Feriado - Dia de Finados.
O dia está como deveria ser: nublado, chuviscando, um pouco triste. Como sempre acendi minha vela e rezei para todos que já se foram encontrem a Luz e vivam felizes para sempre. Rexei por meu pai, que vive sempre em meu coração, por meus avós e bisavós. Rezei por mim também.

Ainda não estou a vontade para escrever, mas sei que isso virá aos poucos.

Tô um pouco triste e um pouco confusa.

Que neste dia todos que estão ao lado de Deus olhem por nós.

quarta-feira, novembro 01, 2006

Enfim, criei meu Blog

Após muitos pedidos de amigos resolvi criar meu Blog.
Primeiro fiquei nervosa, depois atrapalhada com tantos comados. Agora tô aqui escrevendo sem saber como vai ficar. Demorei quase meia hora só escolhendo o título, aí resolvi escrever o mesmo título do meu livro. Para escolher o modelo do Blog foi mais meia hora.
Tomara que tudo dê certo e que aqui se inicie uma grande amizade.


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