Luar

"Se a noite inventa a escuridão // A luz inventa o luar // O olho da vida inventa a visão // Doce clarão sobre o mar" (Lua - A gente precisa ver o luar - Gilberto Gil)

Eu me lembro perfeitamente da noite em que reparei a Lua e o luar pela primeira vez.
Eu tinha sete anos e voltava da escola indo para casa.
Eu estava acompanhada de uma das minhas tias
Minha mãe havia comprado uma casa num bairro onde quase não havia vizinhos, tínhamos que andar por ruas mau iluminadas e sem calçamentos. Andávamos muito até chegarmos na nossa vila. Eram outros tempos, onde, duas meninas podiam andar sozinhas no início da noite.
Não sei se minha tia, com a idade de quinze anos, sentia algum medo. Eu, ainda não sentia esse tipo de medo. O mundo não se havia apresentado para mim esse seu lado. Já naquela época eu sentia medo de aranha, e, isso pra mim já era o máximo do medo.
Então, nessa noite, eu vi o chão da rua a nossa frente, e ele era quase branco, como pequenos pontos brilhantes. Essa rua era coberta com uma camada de areia fina, não era asfaltada. E parecia que eu estava andando num caminho mágico!
Mas de onde vinha aquela claridade que refletida na areia fazia com o que o mundo se tornasse tão luminoso? 
E seguindo nosso caminho, ao virarmos numa pequena curva, nos deparamos com uma imensa Lua Cheia boiando no céu estrelado!!
Meu primeiro encontro com a Lua e foi paixão para todo o sempre!!

Reflexo

"Na poça d'água, pisou no reflexo da lua.

Sonhou ser astronauta"

(49)

Do meu livro "Microcontos"

Quake, um conto infantil

Todos os dias a menina vinha com seu cachorro pela estradinha que beirava a floresta, em direção à cidade.
Um dia ouviu uma voz bem baixinha que cumprimentava:
- Bom dia Menina! Bom dia irmão!
Não encontrando de onde vinha a voz ela seguiu o caminho.
No dia seguinte a mesma voz gritou o cumprimento:
- Bom dia Menina! Bom dia irmão!
Dessa vez ela procurou com mais cuidado e se assustou ao ver um gnomo sentado num grande cogumelo. Ele era bem velho e tinha uma longa barba.
- Bom dia menina! Bom dia irmão! ele repetiu.
A menina se abaixou o respondeu ao cumprimento do velho gnomo, completando:
- Bom dia velho gnomo! de que irmão você está falando? e o velho respondeu apontando para o cachorro.
- Ele, ora!
A menina riu e pensou "que velho gnomo bobo, não está vendo que é um cachorro?". E se levantou e seguiu o caminho.
Nos outros dias, era só ela passar pelo local e já ia respondendo:
- Bom dia velho gnomo! e ele dizia:
- Bom dia menina! Bom dia irmão!
Um dia, por estar com mais tempo, a menina se abaixou e perguntou de novo:
- Você não está vendo que é um cachorro? não é o seu irmão!
O velho gnomo pulou do cogumelo, veio andando até o cachorro da menina, olhou bem, e disse:
- Ele não me engana! É o meu irmão Quake! É ele sim!
O cachorro deu uns passos para trás e levantou as orelhas diante de tal figura. A menina desistiu da conversa e foi-se embora arrastando o cachorro.
Dias depois, ao ouvir o mesmo o cumprimento e por ser curiosa, a menina perguntou ao velho gnomo, por que ele achava que seu cachorro era o irmão dele. O gnomo respondeu:
- Por que eu conheço esse olhar - depois disso, puxou a menina pela trança como quem quer contar um segredo e confidenciou:
- Ele está disfarçado! Se transformou em cachorro para que não o encontrem!
A menina olhou para o seu cachorro, sentado embaixo da árvore, coçando o pé, e riu, achando aquela conversa muito ridícula.
O gnomo com jeito zangado, resmungou:
- Se você soubesse de toda história, não acharia isso.
A menina arregalou os olhos e pediu que ele então contasse "toda história".
O velho gnomo se fez de difícil e respondeu que já estava tarde, que se ela retornasse no dia seguinte ele contaria toda história, e que ela veria que ele tinha razão.
Na manhã seguinte logo cedo, lá estava ela sentada ao lado do cogumelo. O velho gnomo alisava a barba enquanto observava o cachorro correndo e pulando atrás de uma borboleta.
E ele começou a contar a história do gnomo Quake:

Diário de Bordo: "Passar uma noite em Itapuã"

Passar uma tarde em Itapuã // Ao sol que arde em Itapuã // Ouvindo o mar de Itapuã // Falar de amor em Itapuã...

Quando eu ouvia essa música a minha vontade sempre era de estar lá em Itapuã, deitada numa rede preguiçosamente ouvindo o mar.
Então ante a possibilidade de além de visitar a Espanha e Portugal, poder passar uma noite em Itapuã, era, pra mim, sem dúvida alguma, o fechamento com chave de ouro de um sonho perfeito!
Não sei se pelo cansaço de nove horas de voo atravessando o Atlântico, não sei se por não estar muito feliz naquele momento, mas Itapuã se apresentou pra mim da pior maneira possível.
O hotel era feio, o quarto era feio, o banheiro do quarto era feio! Não distingui se a cor da toalha era branca, cinza ou creme. 
O local onde o hotel fica é feio, perigoso e sem nada! Até o letreiro faltava letras!
Comemos uma pizza cara só por que estávamos com fome
O sol já havia se recolhido quando chegamos, não ardia mais...
Não ouvíamos o mar por que estávamos distantes...
E nem falamos de amor...

Nessa noite Itapuã não era assim...

Diário de bordo: Uma certa bailarina chamada Carmen de Bizet"

Ir à Espanha e não assistir um show de flamenco é o mesmo que visitar o RJ e não conhecer uma Escola de Samba. Ou não??
Tiramos uma noite para assistir ao espetáculo.
Primeiro procuramos nas revistas, no hotel, na banca de turismo, mas foi o flamenco que nos encontrou no meio da rua, com um cara distribuindo folhetos na rua. Super simpático nos informou como chegar ao teatro da maneira mais barata, mas decidimos ir de taxi mesmo. Do hotel até o teatro gastamos EUR8,00 !!!
O espetáculo foi lindo!
O figurino impecável, os cantores sensacionais!
Mas como somos brasileiros tínhamos que reparar e "criticar" algo ou alguém e quem caiu na nossa malha-fina foi um dos bailarinos que não parecia muito à vontade em seu papel de "toureiro". Com gestos duros, parecia estar agarrado à borda de seu colete, como quem está afundando no mar e precisa desesperadamente agarrar-se em algo. Isso sem falar em seu olhar levantando somente uma das sombracelhas!
O coitado virou motivo de muita imitação até o final da viagem!
Mas que dá uma vontade imensa de comprar um par de castanholas e saír batendo o pé após o show, isso dá, e muita !!!

Diário de Bordo: Pensamentos

Durante a viagem pensamentos foram ditos em alto e bom som.

Vamos a eles:

Tuninho:  "Estou com saudades do avião"

Gilma:  "Na Espanha, sacanagem é uma judiacion graciosa"

eu: "Um Martini dá merda"

Cristina: "Me falaram que Madri era igual à Miami"

Lúcia: "Mas por que será que construíram esse castelo ali??"

Thiago: "é uma bailarina famosa chamada Carmem de Bizet"

Ulisses: "Gracias, pero que sim, pero que non"

Yoneide: "Gilma ontem fomos andar de bonde"

Por quanto tempo?

Por quanto tempo aguentamos
Afundar sem respirar,
olhar direto sem piscar,
esquecer o que é amar?

Por quanto tempo?

Por quanto tempo aguentamos
Ficar sem um amor,
sem um abraço apertado
E um beijo prolongado?

Por quanto tempo?

Por quanto tempo aguentamos
Ficar sem conversar
Esperar sozinha na sala
Fingir que não se abala?

Por quanto tempo?
Por quanto tempo aguentamos
o próprio choro engolir
se afogar nas próprias lágrimas
sempre levantar e cair?

Por quanto tempo?

Dia de São Francisco de Assis

“Vi milhares de bisões apodrecendo nas pradarias, abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados do trem. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais valioso do que um bisão que nós, os índios, matamos apenas para sustentar a nossa própria vida. O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem, os homens morreriam de solidão espiritual, porque tudo quanto acontece aos animais pode também afetar os homens. Tudo está relacionado entre si. Tudo quanto fere a terra fere também os filhos da terra. (…) O homem branco também vai desaparecer, talvez mais depressa do que as outras raças. Ele continua poluindo a sua própria cama, e há de morrer numa noite, sufocado em seus próprios dejetos!” (trecho da carta do cacique Seathl enviou, em 1855, ao presidente dos Estados Unidos, no ponto em que ele faz menção aos animais:

Diário de Bordo: Pisando na bola

Não estava nos meus planos conhecer um estádio de futebol na Europa, mas como o esporte faz parte também da cultura de um um povo e essa visita fazia parte dos sonhos do Ulisses e do Thiago lá fui eu conhecer os bastidores do Estádio Santiago Bernabéu, em Madrid.
Nunca fiz um tour por um estádio e pensei que acharia chato, sei lá! Mas muito me enganei!
Tudo é bonito e feito para agradar ao torcedor do Real Madrid CF e até àquela pessoa que não conhecia nem a cor da camisa, tipo eu!
Passamos pela história do time, suas conquistas, seus troféus, seus uniformes, etc.
Vimos também o vestiário, sala de massagens e piscinas.
O final do tour saímos numa loja onde se vende muitos itens como lembranças: uniformes, agasalhos, chaveiros, bonecos, canecas, etc. Uma maneira inteligente de divulgar o time e ganhar um dindim extra.
Mas realmente emocionante foi subir as escadas que dá acesso ao gramado. Fico tentando imaginar o sente o jogador ao cruzar o último degrau e dar de cara com a torcida!!
Pela primeira vez pisei num gramado de um estádio tão fabuloso.
Estranho é viver tão perto de um dos maiores estádios do mundo e nunca ter ido até o gramado. Já assisti jogos mas no conheço o interior do Maracanã.
Mas para visitar o nosso Maracanã é necessário enviar um e-mail para visitaguiada@maracanario2014.com.br, com nome completo, endereço e número de identidade completo. Como existe uma fila de espera é necessário esperar que o consórcio responda seu e-mail marcando o dia da visita. Igualzinho, né? 

Diário de Bordo: Pegando o bonde andando

Cada um de nós foi para essa jornada com o desejo de realizar um pequeno sonho.
O da Lúcia foi o mais encantador: ela queria por que queria andar de bondinho amarelo número 28 !!
E já quase no final de um dos dias resolvemos que já era a hora dela realizar o seu sonho, mesmo que nós não soubéssemos onde pegá-lo, por onde ele passava ou para onde ia!
Depois de muito perguntarmos, andarmos de lá pra cá em plena Lisboa e a noite já começando a cair, comecei a pensar se tudo aquilo não era muita loucura: quatro mulheres andando numa cidade desconhecida, à noite, a procura de um bonde!!
Mas qualquer pessoa que olhasse para a Lúcia e reparasse o desapontamento já começando a aparecer nos olhos dela sentiria que deveria tentar qualquer coisa!
A solução foi perguntar pra ela se "tinha que ser mesmo o número 28 amarelinho ou se poderia ser qualquer outro bonde?" - Ela aceitou que fosse qualquer um e aí eu me lembrei que sabia onde havia um ponto final de um que subia até o Forte de São Jorge !!!
Rápidas, fomos para o tal ponto e o mais emocionante foi reparar que o lindo bondinho parado nos esperando era o nr 28 !!!!!
E lá fomos nós como crianças felizes passeando no bondinho que subia as ladeiras, passando rente às paredes, tocando um sininho que só eles tem, sacudindo de um lado para o outro como uma dancinha cheia de molejo.
Demos muitas voltas por que não reparamos que ele era circular.
Depois descemos e pegamos um taxi para voltar para o hotel entre muitas risadas.
Conheço uma pessoa que nessa noite dormiu feliz feito criança que ganhou um pirulito!!
Pequenos prazeres da vida!

Diário de Bordo: Trilha sonora

É claro que não ficarei aqui contando cronologicamente toda viagem, então aí vai a trilha sonora dessa incrível jornada de 10 dias, Toca aí DJ !!!

Haaa Mataram o meu carneiro:


A Barata:


O que é, o que é:


Escrito nas estrelas:


Vai:


Trem das Onze:


É hoje ! :


Explode coração: