Brincando com Palavras

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Local: Rio de Janeiro, RJ, Brazil

Sou a prima mais velha de uma turma de 32 primas! Gosto de rir e de fazer rir. Adoro conversar, mas principalmente de ouvir. Beber Mate, vinho e Martini. Ver filme aos sabados com os amigos. Sou fiel aos meus sentimentos e respeito os dos outros. E de escrever, é lógico!

sexta-feira, março 06, 2009

Sacrifícios de Natal

Sacrifícios de Natal

Em 1994 minha mãe ainda morava num sítio em Mendes/RJ e, eu me programei para passar o Natal com ela. Nesse ano o dia 25 caiu num domingo e eu só pude viajar no sábado. Meu filho, por estar de férias, foi para Mendes durante a semana anterior.
Dia 24, sábado, acordei cedo pois não queria perder o trem para Paracambi que passa por Madureira as 6:00hs.
Ás 5:30 saí de casa de mochila nas costas e uma bolsa com os presentes.
Peguei o ônibus e desci em Madureira. Chegando na estação fui informada de que não havia trem pois estavam em greve.
- A Sra. não escutou no rádio, não?
- ??
Pensei um pouco e resolvi pegar um ônibus para N. Iguaçu, pois de lá sai um outro ônibus para Paracambi.
Chegando em N. Iguaçu saí procurando onde era a rodoviária de onde saída o tal ônibus.
- A Sra. tá vendo a torre da igreja lá embaixo? Então, é bem depois...
- ??

E lá fui eu esbarrando em pessoas que ainda compravam presentes no comércio da rua.
Ao chegar na rodoviária não acreditei que todas aquelas pessoas que estavam na fila fossem para o mesmo ônibus que eu queria pegar. E chega ônibus e sai ônibus e nada de chegar a minha vez. Até que, por volta das 11:00hs, consegui entrar no ônibus.
Quando cheguei em Paracambi tive que correr para pegar o ônibus para Mendes que já estava de saída. Por volta de uma hora e pouquinho da tarde cheguei em Mendes. Era só o tempo de ir ao mercado, pegar um taxi e pronto! Estaria no sítio ao lado de minha família!

Mas a coisa não foi bem assim...

Entrei no mercado para levar algumas frutas que minha mãe havia pedido para comprar: um abacaxi e um melancia. Como ia pegar um taxi, resolvi levar também maçã e pão. Andei pelo mercado tentando lembrar de mais alguma coisa. Paguei as compras e quando estava me dirigindo para a saída escutei a trovoada. Quando olhei para a rua me dei conta do temporal que
estava desabando sobre a cidade. Respirei fundo, tentando me acalmar e esperei a chuva diminuir. Então fui até o ponto do taxi que me levaria até o sítio. Quando o motorista soube qual o destino da viagem, se recusou a me levar.
- O que? o sítio do cachorro grande? Nem pensar!! A estrada deve estar um horror! O carro não vai passar! etc...
Eu me desesperei:
- Então, moço. O Sr. vai me deixar ir a pé carregando essas bolsas e essa melancia?
Ele me informou que mais ou menos às 16:30hs saía um ônibus para Martins Costa que me deixaria bem mais perto do sítio.
E lá fui eu para o ponto aguardar a chegada do ônibus. Ao que me parece essa linha só tem realmente um veículo. Temos que esperar que ele vá até o destino e depois retorne. Só que, por causa da chuva, o ônibus havia ficado preso do atoleiro e tínhamos que ter paciência para esperar até que ele se libertasse !
Quando ele finalmente chegou (quase as 17:00hs) eu dei Graças a Deus e me joguei dentro dele! A viagem que normalmente leva uns 15 min., durou o dobro de tempo, pois o motorista teve que desviar de todos os buracos e atoleiros que encontrou pelo caminho.
Desci no meu ponto e segui pela estradinha que leva ao sítio.
De repente a chuva voltou a cair e, eu não tinha mais braços para abrir o guarda-chuva.
Parei e fiz um levantamento de como me encontrava. Mochila nas costas: molhada; presentes dentro da bolsa: molhados; cabelo molhado caindo nos olhos; bolsa de compras: encharcada; pão: empapado. A única coisa se reluzia de bonita era a melancia que eu trocava de lugar a todo momento: debaixo do braço esquerdo, depois do direito, na cabeça, no colo, na cabeça, e eu não encontrando posição para levar a tal fruta. Comecei a ficar com raiva dela. Como se a culpa de todo o que me havia acontecido fosse única e exclusivamente dela. A vontade foi de atirá-la longe, pisar bem pisadinho, dar para o primeiro porco que aparecesse.
E lá fui eu estrada a fora brigando com a chuva e com a melancia.

18:30 cheguei ao sítio.
A cachorrada latindo. Minha mãe nervosa. Meu filho preocupado. Eu, de lama até a alma, cheia de fome e de vontade de ir ao banheiro.
Só deu tempo de tomar um banho e me jogar no sofá.
Curti o Natal assim: deitada no sofá me curando do "trauma da melancia".

E a melancia lá, em cima da mesa, brilhando de bonita...

quarta-feira, março 04, 2009

Tema Musical: Não se esqueça de mim

Onde você estiver, não se equeça de mim
Com quem você estiver não se esqueça de mim
Eu quero apenas estar no seu pensamento
Por um momento pensar que você pensa em mim

Onde você estiver, não se esqueça de mim
Mesmo que exista outro amor que te faça feliz
Se resta, em sua lembrança, um pouco do muito que eu te quis
Onde você estiver, não se esqueça de mim

Eu quero apenas estar no seu pensamento
Por um momento pensar que você pensa em mim
Onde você estiver, não se esqueça de mim

Quando você se lembrar não se esqueça que eu
Que eu não consigo apagar você da minha vida
Onde você estiver não se esqueça de mim

Roberto Carlos

terça-feira, março 03, 2009

Cálice

Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...


Como beber
Dessa bebida amarga
Tragar a dor
Engolir a labuta
Mesmo calada a boca
Resta o peito
Silêncio na cidade
Não se escuta
De que me vale
Ser filho da santa
Melhor seria
Ser filho da outra
Outra realidade
Menos morta
Tanta mentira
Tanta força bruta...


Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...


Como é difícil
Acordar calado
Se na calada da noite
Eu me dano
Quero lançar
Um grito desumano
Que é uma maneira
De ser escutado
Esse silêncio todo
Me atordoa
Atordoado
Eu permaneço atento
Na arquibancada
Prá a qualquer momento
Ver emergir
O monstro da lagoa...

Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...


De muito gorda
A porca já não anda
(Cálice!)
De muito usada
A faca já não corta
Como é difícil
Pai, abrir a porta
(Cálice!)
Essa palavra
Presa na garganta
Esse pileque
Homérico no mundo
De que adianta
Ter boa vontade
Mesmo calado o peito
Resta a cuca
Dos bêbados
Do centro da cidade...


Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...


Talvez o mundo
Não seja pequeno
(Cálice!)
Nem seja a vida
Um fato consumado
(Cálice!)
Quero inventar
O meu próprio pecado
(Cálice!)
Quero morrer
Do meu próprio veneno
(Pai! Cálice!)
Quero perder de vez
Tua cabeça
(Cálice!)
Minha cabeça
Perder teu juízo
(Cálice!)
Quero cheirar fumaça
De óleo diesel
(Cálice!)
Me embriagar
Até que alguém me esqueça
(Cálice!)


Chico Buarque


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