Brincando com Palavras

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Local: Rio de Janeiro, RJ, Brazil

Sou a prima mais velha de uma turma de 32 primas! Gosto de rir e de fazer rir. Adoro conversar, mas principalmente de ouvir. Beber Mate, vinho e Martini. Ver filme aos sabados com os amigos. Sou fiel aos meus sentimentos e respeito os dos outros. E de escrever, é lógico!

sábado, dezembro 31, 2011

QUE VENHA 2012...

MAS QUE VENHA 
COM PAIXÃO 
PELA VIDA!

sexta-feira, dezembro 30, 2011

Tic - Tac


Dentro de algumas horas estaremos no último dia do ano de 2011...
e depois da meia-noite, virá o Ano Novo...
O engraçado é que - teoricamente - continua tudo igual...
Ainda seremos os mesmos.
Ainda teremos os mesmos amigos.
Alguns o mesmo emprego.
As mesmas dívidas (emocionais e/ou financeiras).
Ainda seremos fruto das escolhas que fizemos durante a vida.
Ainda seremos as mesmas pessoas que fomos este ano...
A sutil diferença, é que quando o relógio nos avisar que é meia-noite, do dia 31 de dezembro de 2011,
teremos um ano INTEIRO pela frente!
Um ano novinho em folha!
Como uma página de papel em branco, esperando pelo que iremos escrever.
Um ano para começarmos o que ainda não tivemos força de vontade, coragem ou fé ...
Um ano para perdoarmos um erro, um ano para sermos perdoados dos nossos...
365 dias para fazermos o que quisermos...
Sempre há uma escolha.
E, exatamente por isso, eu desejo que vocês façam as melhores escolhas que puderem.
Desejo que sorriam o máximo que puderem.
Cantem a música que quiserem.
Amem mais. Abracem bem apertado.
Durmam com os anjos. Sejam protegidos por eles.
Agradeçam por estarem vivos e terem sempre mais uma chance para recomeçar.
Agradeçam as suas escolhas, pois certas ou não, elas são suas.
E ninguém pode ou deve questioná-las.
Quero agradecer aos amigos que eu tenho:
Aos que me “acompanham” desde muito tempo.
Aos que eu fiz este ano.
Aos que eu escrevo pouco, mas lembro muito.
Aos que eu escrevo muito e falo pouco.
Aos que moram longe e não vejo tanto quanto gostaria.
Aos que moram perto e eu vejo sempre.
Aos que me 'seguram', quando penso que vou cair.
Aos que eu dou a mão, quando me pedem ou quando me parecem um pouco perdidos.
Aos que ganham e perdem.
Aos que me parecem fortes e aos que realmente são.
Aos que me parecem anjos, mas estão aqui e me dão a certeza de que este mundo é mesmo divino.
Desejo a todos vocês um Ano Novo com muita paz, felicidades, prosperidade e principalmente bastante SAÚDE!!!.
Feliz e Próspero Ano Novo a todos

terça-feira, dezembro 27, 2011

A criança e o Natal

Em família que tem criança todo dia é Natal. A presença deles é a prova viva dos milagres de Deus!
Acompanhar uma criança nas descobertas do seu primeiro Natal é encantador!
Vê-los sentados no meio das caixas de brinquedos, ainda sem entenderem bem o que está ocorrendo faz com que nos lembremos de nosso próprios natais na infância.
Observa-los apreciarem mais o papel de presente do que o próprio presente, ou se agarrarem à uma caixa de papelão como sendo seu primeiro tesouro é constatar que fazer uma criança feliz é mais simples do que podemos imaginar.
Criança fica feliz com um barbante colorido, um pedaço de fita durex que passa de um dedo para o outro, com a caixa plástica do dvd, com uma colher de pau ou uma tampa de panela.
Isso lhe basta !
Uma caixa grande de papelão fez mais sucesso junto à meu neto de dez meses do que todos os brinquedos que ele ganhou de Natal. A caixa se transformou em carrinho pra ele empurrar, tambor pra ele bater com as mãozinhas, esconderijo perfeito, espaço pra jogar os outros brinquedos e um lugar escuro quando ela caiu sobre sua cabeça e de repente todos a sua volta sumiram...

A caixa de isopor com as bebidas também foi outro "achado", principalmente quando ele percebeu que podia tirar a tampa!! Mexer nas garrafas e encontrar uma pedra de gelo foi descoberta do dia! Quase podíamos ouvir uma orquestra tocando o tema de 2001 - Uma odisséia no espaço!! Primeiro houve um riso de satisfação e um olhar em volta mostrando a alegria de ter encontrado algo novo. Depois a inspeção naquela "coisa" molhada entre os dedos. Finalmente o choro do gelo queimando a fina pele. Mas abrir a mão e deixar a descoberta cair foi praticamente impossível. Até que a bolinha de gelo escapuliu pela brecha dos dedos e o olhar foi para o chão acompanhar o desaparecimento do gelo. Quantas surpresas num só dia!
Um dia inteiro ao lado de uma criança no Natal é deixar a alma, o pensamento e o coração passearem pelo que há de melhor em nossas lembranças.

sábado, dezembro 24, 2011

Então é Natal

sexta-feira, dezembro 23, 2011

Sem faltar o PAPAI NOEL !

Sou daquelas pessoas que acreditam em Papai Noel. Pra mim ele existe!
Não só aquele velhinho de barbas brancas e bochechas rosadas.
Mas o espírito de bondade, ternura e carinho que ele transmite.
O Papai Noel está presente em cada casa em que houver uma criança. Ele está presente no abraço da avó e no sorriso do avô. Na mão estendida para ajudar, na gentileza que houver, no prato de sopa oferecido.
Ele está presente no cheiro da mãe preparando a ceia e nas vozes dos amigos conversando na sala.
O meu Papai Noel é tão imenso como pode ser o amor que vive dentro do meu coração.
Só peço que cuidem dele com carinho, para que ele possa viver para sempre na imaginação das crianças e nas crianças que vivem nos adultos.
Ho-ho-ho!

quinta-feira, dezembro 22, 2011

Se Preparando para o Natal... Cartões

Um momento que sempre me deixava tensa nos dias próximos ao Natal na minha infância era a preparação dos cartões que minha mãe me fazia enviar as professoras, tios e tias.
Eu me lembro que nesse período me era permitido (ou imposto) usar uma caneta tinteiro que pertencia ao meu tio Joel.
Primeiro eu treinava o jeito de segurar a caneta e virar a pena, de maneira que as letras saíssem bonitas e desenhadas. Treinava também as frases para que não tivessem erros. E treinava o espaço onde seriam escritas as frases, para que tudo coubesse no pequeno espaço do cartão. Ao final de tanto treino minhas mãos estavam cansadas e os dedos sujos de tinta! E é lógico que na hora de escrever de verdade no cartão, a tensão era tanta, que sempre havia um erro ou outro!
Mesmo tendo passado tantos anos hoje eu ainda gosto de enviar cartões de natal pelo correio! Principalmente para as crianças, por que me lembro perfeitamente a alegria que era (e ainda é!) receber um cartão ou uma carta pelas mãos do carteiro! Essa emoção a Internet e seus cartões eletrônicos e e-mails não vão conseguir retirar dos nossos corações.
A alegria começa na compra dos cartões. É preciso investigar nas pequenas papelarias de bairro onde é possível encontrar cartões lindos e delicados. Gosto dos que tem imagens do presépio, de anjos ou do Menino Jesus. Acho lindo aqueles com casas cobertas de neve ou do Papai Noel rodeado de presentes, mas não para enviar às crianças. Compro-os para guardar pra mim. Para as crianças só os que lembram o verdadeiro motivo da festa de Natal.
Depois a alegria continua na distribuição desses cartões para as crianças. Cada cartão deve ter a "carinha" da criança que vai recebê-lo. Não é simplesmente escolher qualquer um e enviar. Sem contar a mensagem escrita neles que deve atingir o coração e o pensamento dos pequeninos. Então para cada criança uma mensagem diferente.
Sim! é um trabalho de amor!
Endereçar é o toque final, sempre coloco: "A menina Fulana" ou "Ao menino Fulano".
O nome no endereçado deve aparecer bem grande e destacado no envelope para que ele ou ela possam ler com facilidade!!
Ao final é só ficar imaginando a satisfação das crianças ao saberem que no meio das correspondências dos pais há um envelope para elas!!
São as pequenas alegrias do Natal que nos marcam para sempre!

quarta-feira, dezembro 21, 2011

Matemática


Fez dele o único,
para serem uma dupla.
Mas descobriu serem um trio
a espera de um quarto.
Tudo acabou numa quinta.
O sonho se desfez na sexta,
num dia sete de setembro...

segunda-feira, dezembro 19, 2011

Que eu continue a acreditar no outro



Mesmo sabendo de alguns valores esquisitos que permeiam o mundo;
Que eu continue otimista, mesmo sabendo que o futuro que nos espera nem sempre é tão alegre;
Que eu continue com a vontade de viver, mesmo sabendo que a vida é, em muitos momentos, uma lição difícil de ser aprendida;
Que eu permaneça com a vontade de ter grandes amigos, mesmo sabendo que com as voltas do mundo, eles vão partindo...
Que eu realimente sempre a vontade de ajudar as pessoas, mesmo sabendo que muitas delas são incapazes de ver, sentir ou entender esta ajuda;
Que eu exteriorize a vontade de amar, entendendo que amar não é um sentimento de posse, é um sentimento de doação;
Que eu alimente minha garra, mesmo sabendo que a derrota e a perda são ingredientes tão fortes quanto o sucesso e a alegria;
Que eu atenda sempre mais a minha intuição, que sinaliza o que de mais autêntico possuo;
Que eu pratique sempre mais o sentimento de justiça, mesmo em meio à turbulência dos interesses;
Que eu manifeste o amor por minha família, mesmo sabendo que ela muitas vezes, me exige muito para manter sua harmonia;
Que eu acalente a vontade de ser grande, mesmo sabendo que minha parcela de contribuição no mundo é pequena;
E, acima de tudo...
Que eu lembre sempre que todos nós fazemos parte desta maravilhosa teia chamada vida, criada por alguém bem superior à todos nós!

Chico Xavier

domingo, dezembro 18, 2011

Se Preparando para o Natal ... Maria

Maria


Penso que quando Deus escolheu Maria para ser a Mãe do Menino Deus, Ele A escolheu não só por sua delicadeza, doçura ou virgindade. Ele a A escolheu principalmente por saber que Ela e só Ela saberia aguentar com garra e força tudo o que estava por vir. Nenhuma outra até aquele momento havia visto seu amado Filho sofrer e carregar todos os pecados do mundo e pagar por todos eles. Maria é exemplo para todas as mães. Maria é a Mãe! E só quem teve um filho doente nos braços reconhece a dor de uma mãe. A dor da própria Maria.

quinta-feira, dezembro 15, 2011

Maria, Maria - Parte 11

Uma noite, quando Maria ficou até mais tarde trabalhando no consultório, um menino entrou correndo gritando seu nome. Ele estava desesperado e só conseguia dizer: Fogo, Dona Maria, fogo no seu barraco!!



Enquanto Maria se sentia presa ao chão pensando em suas meninas, Dr. Ricardo correu na frente sendo seguido pelo menino. Desperta do choque Maria também correu subindo as ruelas da favela. Seu coração parecia que ia parar. Sua cabeça imaginava mil coisas. Ela não merecia isso. Numa esquina, de onde podia ver a fumaça subindo aos céus Maria parou. Não sabia se conseguiria seguir adiante, mas seu instinto de mãe fez com que suas pernas voltassem a andar.
Seu barraco estava em chamas e em alguns lugares as paredes desabavam. Vizinhos tentavam diminuir o fogo trazendo baldes de água. Uma corrente humana estava formada. No meio da confusão Maria viu Eta e quando seu olhar bateu com o dela eles imploravam por uma resposta: “onde estão as meninas?” Eta a abraçou e a tranqüilizou dizendo que as meninas estavam bem na casa de uma outra vizinha, que foram retiradas antes do fogo se alastrar, que o incêndio havia começado com um curto-circuito na instalação mal feita. Maria sentiu um alívio em saber que suas meninas estavam bem, o restante ela nem ouviu direito, mas sentiu nos olhos de Eta que algo não estava correndo bem. Eta tentou explicar que todos estavam aflitos por que uma pessoa ainda não havia saído do barraco. Nesse instante em meio a fumaça surge o vulto branco do dentista, que trazia nas mãos um objeto, protegido pelo jaleco. Maria não conseguia imaginar o que teria feito o médico se arriscar daquela maneira. Ele então se aproximou dela, lhe entregou sua lata com as cartas e disse que não conseguiria viver em paz sabendo que ela havia perdido no incêndio suas preciosidades. Pediu desculpas também por tê-las lido quando ela as havia esquecido em seu quarto no dia da tempestade. Maria abraçou a lata e chorou agradecendo a Deus por ter colocado o Dr. Ricardo em sua vida, pois ele estava fazendo com que ela voltasse a acreditar que existiam homens gentis e gestos carinhosos.

segunda-feira, dezembro 12, 2011

Vendo a vida passar!

Naquela época da adolescência em que achamos que vamos conseguir modificar e salvar o mundo eu vivia de inquietações.
Eu queria seguir o Projeto Rondon, mesmo ainda não sendo universitária.
Eu queria ir viver num kibutz mesmo não sendo judia. 
Eu queria ir para Lua, mesmo não sendo astronauta.
Eu queria ir pra qualquer lugar onde eu fizesse diferença. Simplesmente eu queria ir, pra qualquer lugar, só não queria ficar ali parada vendo a vida passar. 
Queria, mas não fui. 
Fiquei ! 
Só não fiquei de braços cruzados vendo a vida passar.

domingo, dezembro 11, 2011

Elas voltaram...

As vaquinhas voltaram e estão espalhadas pela cidade do Rio de Janeiro.

Vaca de Tróia - Metrô Glória

Segundo o site www.cowparade.com.br  : "Há algo de mágico sobre a vaca. Ela representa coisas diferentes para pessoas diferentes ao redor do mundo: é sagrada, é histórica, mas o sentimento comum é de carinho. Ela simplesmente faz todos sorrirem"
e é verdade, o olhar da vaca é singelo e meigo.


Metrô Siqueira Campos

quarta-feira, dezembro 07, 2011

Se Preparando para o Natal...

Da minha infância...


Quando eu era menina, os dias que antecedem o Natal eram de muito trabalho e, como para qualquer criança, de muita ansiedade !
Muito trabalho por que numa casa onde já vivem dez pessoas, sempre há muito trabalho, mesmo para as crianças! Imaginem numa data tão especial como o Natal, onde não só os moradores festejam, mas também os agregados!!  As crianças de hoje não sabem a sorte que tem de não precisarem participar desses preparativos. Mas também não levam na memória tudo de emocionante e fraterno que acontecia nesses preparativos.
No início do mês de dezembro a faxina geral tinha início e todas as louças do armário eram retirados e lavados. Cortinas eram trocadas e o chão encerado. E a arrumação seguia até a semana do Natal.
Não me lembro de termos uma árvore de Natal dessas que se vendem nas lojas. Fabricávamos nossas árvores com galhos secos de árvores e algodão.
No dia 23 algumas galinhas eram mortas e a cozinha ficava a todo vapor!
Montanhas de legumes eram descascados para a bacalhoada.
Na tarde do dia 24 a loucura reinava na cozinha!! Minha mãe preparava a comida e as sobremesas. Sempre tinha aletria (um doce feito com macarrão cabelinho de anjo), pudim, manjar, sagu com vinho.
Da padaria vinha um leitão assado (eu nunca soube de onde vinha aquele leitão que minha mãe mandava assar na padaria! acho que era um daqueles assuntos que não interessa à criança!), que era colocado no centro da mesa de jantar.
Até o último minuto antes de ser servida a ceia, ainda ficávamos na cozinha ajudando minha mãe: ora fritando bolinhos de bacalhau, ora fritando rabanadas!!
Depois de tudo pronto, corríamos pra tomar banho, colocar as roupas de Natal e voltar para cozinha para arrumar a mesa da ceia. E ela ficava linda cheia de coisas gostosas: bacalhoada, arroz branco, arroz a grega, farofa,
salada de maionese, frango e o leitão! Depois as visitas chegavam: as namoradas de meus tios e amigos.
Então nos sentávamos ao redor daquela mesa e era ótimo ouvir meus tios conversando!
É lógico que depois vinha a imensa pilha de louça pra ser lavada, a troca dos pratos salgados pelos doces e a trabalheira não terminava nunca!
Nós, as crianças, ficávamos o tempo todo trabalhando e pensando nos presentes que seriam colocados em nossos sapatos, mas não podíamos nos dar ao luxo de ir brincar sem ter ajudado na arrumação.
Quando o sono chegava, íamos para cama, tendo antes colocado os sapatos alinhados na sala e dormíamos ouvindo meus tios jogando baralho no quintal.
Assim que acordávamos corríamos para a sala encontrar os presentes!! Não tínhamos o costume de pedir coisas ao Papai Noel. O que ganhávamos era o que dava para o Papai Noel trazer, e nem por isso ficávamos tristes. O bom era a surpresa! Até quinze anos ganhei presente de Papai Noel! Meu último presente foi uma boneca, que guardo comigo até hoje!
Mas conviver com tios "moleques" (no bom sentido) fazia com que nossos sapatos sempre ficassem recheados de "outras surpresas", como casca de castanhas ou de coquinhos, tampas de garrafa de cerveja, osso de galinha, cascas de frutas ou tampas de panelas!!! E até isso nos divertia!!
Após abrir os presentes, íamos até a casa da minha bisavó, que morava no mesmo terreno de nossa casa, mostrar o que havíamos ganho de Papai Noel. E ela adorava ver os pacotes serem abertos!
No dia 25 passávamos o dia comendo, rindo, brincando, conversando, enquanto minha mãe e
minhas tias continuavam a luta na cozinha e os rapazes jogando cartas.
Que saudade !!

terça-feira, dezembro 06, 2011

Se Preparando para o Natal...

Os animais do presépio

Salve, reino animal:
todo o peso celeste
suportas no teu ermo.

Toda a carga terrestre
Carregas como se
fosse feita de vento.

Teus cascos lacerados
na lixa do caminho
e tuas cartilagens

e teu rude focinho
e tua cauda zonza,
teu pêlo matizado,

tua escama furtiva
as cores com que iludes
teu negrume geral,

teu vôo limitado,
teu rastro melancólico,
tua pobre verônica

em mim, que nem pastor
soube ser, ou serei,
se incorporam num sopro.

Para tocar o extremo
de minha natureza,
limito-me: sou burro.

Para trazer ao feno
o senso da escultura,
concentro-me: sou boi.

A vária condição
por onde se atropela
essa ânsia de explicar-me

agora se apascenta
à sombra do galpão
neste sinal: sou anjo.

Carlos Drummond de AndradeAntologia Poética,
Lisboa, Publicações Dom Quixote, 2001

segunda-feira, dezembro 05, 2011

Se preparando para o Natal...

A Manjedoura

ELE nasceu numa manjedoura, foi para nos ensinar que a simplicidade faz parte do nosso caminho...

sexta-feira, dezembro 02, 2011

Se Preparando para o Natal...

Os Reis Magos

Adicionar legenda
 Gaspar era rei de Markash, o país de mar azul e praias brancas. Nele moravam homens e mulheres de pele clara, cabelos negros e olhos castanhos. Aos seus portos chegavam navios de todo o mundo que vinham para vender suas mercadorias exóticas. O comércio acontecia em todos os lugares, nos mercados das grandes praças e nas pequenas lojas de uma porta só, em vielas estreitas. Gaspar, da torre do seu palácio, contemplava tudo. Como rei ele deveria sentir-se feliz: todos lhe eram agradecidos e todos o amavam. Mas, a despeito de tudo isso, havia no seu coração uma tristeza incurável, nostalgia que mais doía quando o sol se punha sobre o mar incendiando as águas.
Por mais que se esforçasse o rei não conseguia sorrir. Gaspar convocou então os seus sábios e expôs-lhes o seu sofrimento. Os sábios lhe disseram que o remédio para a tristeza é o conhecimento. “A ciência é uma fonte de alegria“, eles lhe disseram. O rei mandou então vir professores e cientistas de todo o mundo, importou livros, estabeleceu bibliotecas, montou laboratórios, construiu observatórios astronômicos. Por anos se dedicou à aprendizagem dos conhecimentos da ciência. Agora estava velho. Sabia tudo o que havia para ser sabido sobre o mundo. Mas a ciência não lhe trouxe alegria. Ele continuava sem saber sorrir.
Era madrugada. A luz do sol já iluminava o horizonte. O rei já estava desperto. Na varanda do seu palácio ele contemplava os céus estrelados. Foi então que, olhando para o oriente, ele viu uma nova estrela, estrela que não se encontrava nos mapas dos céus que conhecia. Era uma estrela diferente porque, ao contemplá-la, ele ouvia uma música de indescritível beleza que o fazia feliz. E ele sorriu pela primeira vez. Deslumbrado, mandou vir os sábios que ainda dormiam, e mostrou-lhes a estrela. Mas os sábios, olhando na direção que o rei indicara, nem viram estrela e nem ouviram a música que ele dizia ouvir. Saíram, então, tristemente, convencidos de que o rei estava realmente velho. Os anos de senectude haviam chegado. Gaspar, indiferente à incredulidade dos sábios, ordenou que se preparasse um navio para uma grande viagem, na direção da estrela.

Balt-hazar era rei da Núbia, país montanhoso onde moravam homens e mulheres de pele negra e brilhante. As montanhas da Núbia eram cobertas de vegetação luxuriante, árvores gigantescas, frutas as mais variadas, onde viviam pássaros de todos os tipos. Por todos os lugares se viam riachos de água limpa, com remansos e cachoeiras. Era um país belo e fértil. Balt-hazar, da janela do seu palácio, contemplava as montanhas e florestas que se perdiam de vista e pensava: “O Paraíso deve ter sido aqui...“
Entretanto, e a despeito da beleza e da fertilidade da terra, o rei não era feliz. Havia uma tristeza no seu coração, tristeza que ficava mais forte quando os pássaros cantavam seus cantos de final de tarde. O canto deles era belo e triste: o coração do rei era belo e triste...
O rei convocou os sacerdotes, videntes e profetas e falou-lhes sobre a sua tristeza. “De que me vale a beleza do meu país se o meu coração está triste?“, ele perguntou. Os homens santos lhe disseram que a tristeza era sinal de que sua alma estava distante de Deus. “Deus é uma fonte de alegria“, eles lhe disseram. Balt-hazar, então, mandou vir de terras longínquas, místicos e teólogos que lhe ensinassem os caminhos para Deus. Contratou também arquitetos e artistas para construir novos templos. E comprou os livros sagrados de todas as tradições religiosas do mundo. Por anos a fio ele se dedicou às coisas sagradas: leu, meditou, orou... Por fim, chegaram os anos da velhice. Balt-hazar conhecia tudo o que os homens sabem sobre os caminhos que levam a Deus. Mas o seu coração continuava triste, mais triste ainda quando os pássaros cantavam ao entardecer...
Já era madrugada. Balt-hazar, como de costume, levantou-se para as orações. Ele orava olhando para os céus, morada dos deuses. Foi então que, olhando para o horizonte, no lugar do sol nascente, ele viu uma estrela que nunca havia visto. Ao redor dela havia um arco-íris. Mas o estranho é que, ao contemplá-la, ele ouvia uma música de enorme beleza, semelhante à beleza do canto dos pássaros ao entardecer. Só que, ao ouvi-la, seu coração não ficava triste. Ao contrário; era inundado por uma alegria que nunca experimentara.
O rei mandou chamar os sacerdotes, místicos e profetas. “Vejam aquela estrela“, disse ele apontando para o horizonte. “E ouçam a música que sai dela!“ Os homens de Deus olharam na direção indicada mas nem viram estrela e nem ouviram música. Deixaram então o rei embriagado de alegria e comentaram, baixinho, entre si: “Nosso rei enlouqueceu. Isso quer dizer que o fim da sua vida está chegando...“ Balt-hazar, entretanto, mandou preparar cavalos para uma longa viagem, na direção da estrela.

Mélek-hor era rei de Lagash, o país dos desertos e das areias sem fim. Lá viviam mulheres de olhos amendoados e homens rudes de barba espessa. A sua alegria eram os oásis que pontilhavam as areias com o verde das palmeiras e o frescor das fontes. Foi num desses oásis que Mélek-hor construiu o seu palácio com enormes blocos de pedra branca na forma de uma pirâmide. Pirâmides, como se sabe, são figuras mágicas que garantem a imortalidade.
A aridez e solidão da vida do deserto não o incomodavam. Na verdade, ele as considerava desafios para o corpo e para a alma. Mas havia uma coisa que o fazia sofrer: uma melancolia indefinível que sentia ao contemplar os horizontes ondulados de areia que o sol poente pintava de vermelho.
O rei convidou seus amigos para um jantar e lhes falou sobre a sua melancolia. E eles lhe disseram: “É compreensível. Nosso país é muito árido. O que lhe falta, ó rei, são os prazeres da vida. Os prazeres o farão sorrir.“ Mélek-hor, então, importou prazeres de todas as partes do mundo: vinhos, frutas, iguarias, músicos, artistas, mulheres lindas... Por anos ele se dedicou aos prazeres que há. Nisso ninguém o excedeu. Mas os prazeres não lhe trouxeram alegria. E ele, já velho rezava em silêncio: “Não quero prazeres; quero alegria, quero alegria...“.
A luz da madrugada anunciava que a noite chegava ao fim. O rei, do alto da sua pirâmide, tomava uma taça de vinho. Era hábito seu contemplar o sol nascente: isso sempre lhe dera prazer. Mas o prazer da beleza sempre lhe vinha misturado com tristeza. Mas, desta vez, não sentiu tristeza. Espantou-se ao perceber que estava alegre. E a alegria lhe vinha de uma nova estrela nunca vista que brilhava no céu. E – curioso! - ao contemplar a estrela ele ouvia uma melodia que o enchia de felicidade. Mélek-hor sorriu então pela primeira vez. Deslumbrado, mandou vir seus amigos. Apontou-lhes a estrela, falou-lhes sobre a música. Mas eles, olhando para os céus, não viram a estrela e nem ouviram a música. Amigos que eram, disseram ao rei: “Querido Mélek-hor, nosso rei amado: não há estrela, não há música. Tua mente já não percebe as coisas da terra. Ela navega nas águas do grande rio, na direção da terceira margem... Choramos porque sabemos que estás de partida...“. E tristemente se retiraram, entoando um silencioso requiem. Mas o rei, indiferente às palavras dos amigos, mandou preparar os camelos para uma viagem na direção da estrela.

Gaspar, vindo do norte, no seu navio, Balt-hazar, vindo do sul, em seu cavalo, Mélek-hor, vindo do oeste, em seu camelo: três reis que não se conheciam. Agora, cada um do seu lugar, começava uma viagem na direção de uma estrela que só eles viam e de uma música que só eles ouviam.
Gaspar navegava em seu navio. Mas uma tempestade o arremessou contra recifes, despedaçando-o. O rei, lançado à terra pela força das ondas, continuou a pé a sua jornada: o navegador se transformou em andarilho. E aconteceu que, depois de muito andar, chegou a uma encruzilhada para onde convergiam os quatro caminhos do mundo: o caminho que vinha do norte, o que vinha do sul, o que vinha do oeste e o quarto, que conduzia ao oriente, onde estava a estrela. Foi na estalagem Os quatro caminhos do mundo que os três reis viajantes se encontraram. Descobriram, então, que eram irmãos: todos vinham da mesma nostalgia, todos caminhavam em busca da mesma alegria.
Continuaram, então, juntos, a jornada, até que, noite já chegada, chegaram a um vilarejo. “Que vilarejo será esse?“, perguntaram. Beth-léhem: esse era o seu nome, gravado numa pedra. “Que estranho“, disse Gaspar, “aprendi tudo o que há para ser aprendido sobre reinos, províncias, cidades e vilas. Mas nunca vi esse nome em qualquer um dos livros que li“. Balt-hazar acendeu sua lâmpada de azeite e iluminou, com sua luz bruxoleante, o mapa que abrira sobre o chão. “Aqui está ela“, ele disse marcando com o seu dedo um lugar no mapa.. “Beth-léhem. Fica precisamente na divisa entre dois grande reinos. À esquerda está o Reino da Fantasia. À direita está o Reino da Realidade. São reinos perigosos. Quem mora só no Reino da Fantasia fica louco. Quem mora só no Reino da Realidade fica louco. Para se fugir da loucura há de se ficar transitando de um para todo, o tempo todo. Somente os moradores de Beth-léhem estão livres da necessidade de estar, o tempo todo, indo de um reino para outro. Porque Beth-léhem fica bem na divisa...“.
No vilarejo todos dormiam. Era uma noite de paz. O ar estava perfumado com flores de jasmim e magnólia. E havia um brilho no ar – milhares, milhões de vaga-lumes estavam pousados sobre as árvores. No ar, o som de uma flauta de pastor...
A estrela iluminava uma gruta. Os reis se aproximaram. Na gruta havia vacas, cavalos, burros, ovelhas. Era uma estrebaria. Mas, junto com os animais, uma pequena família: um jovem e uma jovem que amamentava um nenezinho recém-nascido. Era só isso. Nada mais.
Perceberam que haviam se enganado: não era a estrela que iluminava a cena. Era o nenezinho que iluminava a estrela. E olhando bem para ela puderam ver, nela refletido como num espelho, o rosto da criancinha. E disseram: “O universo é um berço onde uma criança dorme!“.
Aí uma coisa estranha aconteceu: ao olhar para o nenezinho os reis perdiam a sua compostura real; eram dominados por uma vontade incontrolável de rir. E quando riam, ficavam leves e começavam a flutuar. Era assim: quem visse o menino se transformava em anjo...
Os reis, em meio aos risos e vôos, olharam cada um para o outro e disseram: “Nossa busca chegou ao fim. Encontramos a alegria. Para se ter alegria é preciso voltar a ser criança...“. Ato contínuo tomaram suas coroas, capas de veludo, dinheiro, ouro, jóias – coisas de adulto - e as depuseram no chão, ao lado das vacas e dos burros... Eram pesadas demais. E partiram leves, ora andando, ora pulando, ora voando, mas sempre rindo.


“Vou mudar de vida“, disse Gaspar. “É horrível ter de estar estudando ciência o tempo todo. Vou me transformar em poeta...“
“Eu também vou mudar de vida“, disse Balt-hazar. “É horrível estar rezando o tempo todo. Vou ser palhaço. O riso é o início da oração.“
Ao que Mélek-hor acrescentou: “E eu descobri o prazer supremo, que vem sempre acompanhado de alegria: brincar. Vou ser um fabricante de brinquedos. Quem brinca volta a ser criança. E quem volta a ser criança está de volta no Paraíso.“.
E assim partiram, cada um por num caminho. E se você, nas suas andanças, se encontrar com um poeta, um palhaço ou um fabricante de brinquedos, pergunte se ele não tem notícias de uns três reis...

(Rubem Alves)
(Transparências da eternidade, Verus, 2002)

quinta-feira, dezembro 01, 2011

Dia Mundial da Luta Contra AIDS

Se preparando para o Natal...

A Estrela de Belem

VIERAM DO ORIENTE há mais de 2000 anos. Os Três Reis Magos viram uma estrela que os guiou até Belém. Ali chegados, encontraram o Menino Jesus na manjedoura de um estábulo, ao lado de um boi e de um jumento.

Assim o diz a Bíblia, e é nisso que muitas pessoas acreditam. No entanto, quem ler atentamente o segundo capítulo do Evangelho de São Mateus fica admirado. Não há reis, nem três pessoas, nem estábulo, nem manjedoura, nem boi, nem jumento. Em vez disso, há um indefinido número de «Homens Sábios do Oriente» que vieram à «casa» onde Jesus nasceu.

A maior parte da história foi tecida ao longo dos séculos pegando na narrativa de Natal do Evangelho de São Lucas e enfeitada com motivos de devoção popular. Mas a estrela, essa, vem mesmo mencionada no Evangelho de São Mateus. E não foram poucos os teólogos, além dos inúmeros astrónomos, a interrogar-se: que tipo de estrela foi esta que anunciou o nascimento do Messias? Será que isto pode ser provado cientificamente?


JOHANNES KEPLER (1571-1630) pensava que sim. Em 1604, o astrónomo alemão teve a rara sorte de testemunhar aquilo que se chama uma supernova, ou seja, a explosão de uma estrela quando morre.
Quando uma determinada estrela está mais perto do fim, mais ferro recolhe no seu núcleo. Nessa altura, e numa fracção de segundo, o núcleo de ferro sucumbe ao seu próprio peso. A estrela rebenta em pedaços e a sua matéria espalha-se pelo Cosmo numa grandiosa explosão.
Do pó viemos, ao pó voltaremos. Seria a morte de uma estrela o sinal do nascimento do Salvador? Os astrónomos da actualidade perderam a fé nesta crença, porque cada supernova deixa marcas que são visíveis muitos séculos depois (manchas estelares, por exemplo). No entanto, no caso do período histórico em questão, ainda não foram encontrados indícios celestes.
Uma segunda teoria sobre a Estrela do Natal tem uma maior base de sustentação. Também data do tempo de Kepler. De acordo com os seus cálculos, ocorreu uma impressionante conjunção de Júpiter e Saturno no ano 7 a.C. Isso significa que estes dois planetas, vistos da Terra, pareceram quase tocar-se, não apenas uma, mas três vezes, numa questão de meses. Tudo parecia conjugar-se, pois Júpiter (Zeus para os Gregos e Marduk para os babilónios) era visto como a estrela dos reis, e Saturno, como o planeta de Sabbath e dos Judeus. Que outra coisa poderia querer dizer tudo isto senão o nascimento de um rei e deus dos Judeus?
O que Kepler calculou tinham os astrónomos babilónios visto com os seus próprios olhos há alguns 20 séculos, tendo gravado tudo em tábuas nos seus caracteres cuneiformes. Também os astrónomos actuais, como, por exemplo, o austríaco Konradin Ferrari d’Occhieppo, confirmaram esta invulgar conjunção de planetas naquela época. Para o Prof. Hans-Ulrich Keller, do Planetário de Estugarda, este encontro de dois corpos celestes é «a resposta mais coerente à questão da Estrela de Belém».
No entanto, há aqui uma ponta solta. Júpiter e Saturno nunca se fundiram numa única estrela. Mesmo a olho nu, seriam sempre visíveis dois corpos. É pouco provável que São Mateus se tenha esquecido de mencionar isto.
Há ainda uma terceira interpretação: a dos artistas. Em muitas pinturas e retratos da manjedoura, a Estrela de Belém está representada como se fosse um cometa com cauda. Já era assim no caso do fresco Adoração dos Reis Magos, do pintor italiano Giotto di Bondone (1266-1337). Ele vira o famoso cometa de Halley quando este se aproximou da Terra em 1301, com a sua longa cauda a riscar os céus. Ficou tão impressionado com esta visão que a trabalhou no seu fresco na Capela de Arena, em Pádua.
Alguns astrónomos da actualidade estabeleceram que o cometa de Halley também apareceu nos céus no ano 12 a.C.
Tanto pior para a Estrela de Natal, que veio cedo demais, mesmo quando temos conhecimento de que os nossos cálculos do tempo desde o nascimento de Cristo não são rigorosamente exactos. Dionysius Exiguus, um monge que vivia em Roma, falhou um «bocadinho» as contas no século VI, quando fixou o nascimento de Jesus como sendo o princípio do novo cálculo dos anos. Jesus não nasceu no ano 0 (este ano nunca existiu na realidade) nem no ano 1, mas sim entre os anos 4 e 7, antes de começar o nosso calendário. Como é que ele podia ter vindo ao Mundo no reinado do rei Herodes – um acontecimento que a Bíblia certifica várias vezes – se Herodes morreu no ano 4 a.C.?
O COMETA DE HALLEY sai de cena, mas entra outro. Segundo uma velha crónica chinesa, entre os anos 7 e 4 a. C., foi visível na China um cometa na constelação de Capricórnio durante mais de 70 dias. A questão que se coloca aqui é saber por que razão é que apenas os Reis Magos, e não Herodes e os seus astrólogos em Israel, viram este cometa.
Os cépticos desta teoria, como é o caso do astrónomo de Berlim Prof. Dieter B. Herrmann, refugiam-se na astrologia para argumentar contra esta candidata a Estrela de Natal: «Os especialistas em astrologia consideram que os cometas não são propriamente o corpo celestial apropriado para anunciar o jubiloso acontecimento do nascimento de um Redentor. Os cometas têm sido, desde o princípio dos tempos, arautos de notícias terríveis, associadas a mortes, guerras, fome e pragas.»
Não será um argumento muito forte, pensarão alguns, porque os autores bíblicos não consideravam a astrologia pagã uma autoridade convincente. Pelo contrário, o Novo e o Velho Testamento anunciam em muitos sítios a batalha contra a veneração dos poderes celestiais cósmicos em nome de Jeová, deus da Criação. Para os judeus e cristãos, os velhos poderes da Natureza foram reduzidos. As montanhas, os rios, os mares, o Sol e as estrelas já não são deuses. São a criação de Deus, no que diz respeito ao seu poder.
ESSA É A RAZÃO pela qual também São Mateus percebeu a Estrela de Natal como um sinal que está ao serviço da grandeza e do amor de Deus. A estrela conduziu os homens sábios a Belém. Isso significa que o verdadeiro rei de Israel não era Herodes, o rei que reinava em Jerusalém, mas sim o Menino Jesus de Belém que, na realidade, era rei de todo o Mundo. Os próprios céus estavam subordinados a esta criança. Todo o Universo encontrou a sua redenção nele. Este é o significado simbólico da estrela na história de Natal, um significado independente da questão que se coloca, se havia ou não, na realidade, um cometa que podia ver-se naquela altura em Belém.
Mas os teólogos têm mais coisas para dizer. Eles dizem que São Mateus só escreveu o Evangelho meio século depois da morte de Jesus, numa altura em que os Cristãos se afastavam cada vez mais das comunidades judaicas, das quais tinham emergido. Os autores do Novo Testamento estavam sob pressão, pois tinham de explicar duas coisas: por um lado, tinham de mostrar que Jesus era o Messias dos Judeus pressagiado no Velho Testamento e, por outro, que ele também era o Redentor dos Pagãos. Pois o cristianismo apoderou-se, rapidamente e primeiro que tudo, dos «pagãos» que viviam à volta do Mediterrâneo. Nas suas missões de sucesso, o apóstolo Paulo esclareceu os pagãos que não era preciso ser judeu para se tornar cristão.
Que Jesus veio ao Mundo também pelos pagãos foi uma coisa que São Mateus esclareceu na história dos Reis Magos do Oriente. De uma perspectiva judaica, estes sábios orientais eram completamente pagãos. No entanto, reconheceram o seu senhor e rei no bebé Jesus, levando a mensagem de Natal de volta para a sua terra de origem, ou seja, para os confins do mundo conhecido.
A estrela foi um instrumento deste acontecimento. Simbolizou o domínio de Deus e ao mesmo tempo realizou a profecia do Velho Testamento no Livro dos Números (24:17): «De Jacob virá uma Estrela e, em Israel, erguer-se-á um Ceptro.»
No entanto, a questão deverá permanecer em aberto, no caso da história dos Magos, os três reis do Oriente e a estrela que os guiou terem algum fundamento histórico. Na Antiguidade, havia muitas histórias sobre aparições celestiais no nascimento de figuras importantes.
É possível que São Mateus se servisse desta tradição. Contudo, também é possível que ele se baseasse na história oral das primeiras comunidades cristãs. Nesse caso, e ao longo dos anos, poderia ter passado um relato sobre uma pecularidade astronómica no tempo do nascimento de Jesus.

Texto de Von Bernward Loheide do site: http://www.seleccoes.pt/a_estrela_de_bel%C3%A9m/


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