Catando Feijões
Ontem à noite enquanto colocava uma panela de feijão no fogo, me lembrei deque quando eu era pequena havia uma tarde na semana reservado para catar feijão. Minha mãe colocava aquela montanha de feijão no meio da mesa da cozinha para ser catado por ela e por minhas tias. Enquanto catávamos, vários assuntos acompanhavam o trabalho. As mais velhas contavam casos e as mais novas ouviam e aprendiam. Cada bocado de feijão catado era uma história catada da memória. Em certa hora minha mãe preparava um café e nos servia com pão quentinho saído da padaria ou esquentado na chapa. Eu ficava encantada por achar como minha mãe era esperta pois sabia exatamente o momento em que o pão estava pronto na padaria. E o tempo passava e nós nos divertíamos num trabalho que tinha tudo para ser cansativo e monótono. Pra dizer a verdade, por ser a mais nova e bem pequena, eu não tinha a tarefade catar feijão. Essa tarefa me foi passada anos depois. Nessa época minha maior diversão era encontrar feijões coloridos, um de cada cor: preto, branco, vários tipos de marrom, alguns pintadinhos e vermelhos. Ou outros tesouros como uma vagem seca, um milho, uma pedra ou um pulgão. Durante dois dias esses seriam meus maiores tesouros, guardados embaixo do meu travesseiro. Nesse período, antes de ir dormir, gostava de conferir se eles estavam ainda no mesmo lugar. E eles ficavam ali até eu esquecê-los, substituí-los por outra preciosidade e minha mãe jogá-los fora.
1 Comentários:
Uia, que lindo!!
Só vc mesmo p/ transformar o ato de catar feijão em poesia!
Bjão.
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