Brincando com Palavras

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Local: Rio de Janeiro, RJ, Brazil

Sou a prima mais velha de uma turma de 32 primas! Gosto de rir e de fazer rir. Adoro conversar, mas principalmente de ouvir. Beber Mate, vinho e Martini. Ver filme aos sabados com os amigos. Sou fiel aos meus sentimentos e respeito os dos outros. E de escrever, é lógico!

sábado, março 29, 2008

Almas Perfumadas

Tem gente que tem
cheiro de passarinho
quando canta.
De sol quando acorda.
De flor quando ri.
Ao lado delas,
a gente se sente
no balanço de uma rede
que dança gostoso numa tarde grande,
sem relógio
e sem agenda.
Ao lado delas,
a gente se sente
comendo pipoca na praça.
Lambuzando o queixo de sorvete.
Melando os dedos com algodão doce
da cor mais doce que tem pra escolher.
O tempo é outro.
E a vida fica com a cara que ela tem de verdade,
mas que a gente desaprende de ver.
Tem gente que tem cheiro de colo de Deus.
De banho de mar quando a água
é quente e o céu é azul.
Ao lado delas, a gente sabe
que os anjos existem e
que alguns são invisíveis.
Ao lado delas, a gente
se sente chegando em casa
e trocando o salto pelo chinelo.
Sonhando a maior tolice do mundo com o
gozo de quem não liga pra isso.
Ao lado delas, pode ser abril,
mas parece manhã de Natal do tempo em que
a gente acordava
e encontrava o presente do Papai Noel.
Tem gente que tem cheiro das estrelas
que Deus acendeu no céu
e daquelas que conseguimos acender na Terra.
Ao lado delas, a gente não acha que
o amor é possível,
a gente tem certeza.
Ao lado delas, a gente se sente
visitando um lugar feito de alegria.
Recebendo um buquê de carinhos.
Abraçando um filhote de urso panda.
Tocando com os olhos os olhos da paz.
Ao lado delas, saboreamos a delícia
do toque suave que sua presença sopra no nosso coração.
Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa.
Do brinquedo que a gente não largava.
Do acalanto que o silêncio canta.
De passeio no jardim.
Ao lado delas, a gente percebe
que a sensualidade é um perfume
que vem de dentro
e que a atração que realmente nos move
não passa só pelo corpo.
Corre em outras veias.
Pulsa em outro lugar.
Ao lado delas, a gente lembra
que no instante em que rimos Deus está conosco,
juntinho ao nosso lado.
E a gente ri grande
que nem menino arteiro.
(autor desconhecido)

quinta-feira, março 27, 2008

Vem...

Vem meu Rei,
com seu riso moleque
e jeito malandro,
me pega,
me beija,
me amassa.

Me chama de princesa,
me lambe,
me prove,
me sugue,
me marque,
com sabor de cigarro.

Vem meu doce,
me faz rir,
gemer,
suspirar,
enlouquecer.

Vem meu homem,
quero carro,
quero casa,
me divertir com tudo isso,
lhe ensaboar no chuveiro,
deitar no chão,
no sofá,
na cama,
onde houver espaço.

Vem amado,
deitar no meu colo,
dormir de conchinha,
respirar meu perfume,
morder minha orelha,
e sonhar coisas boas.

Vem garotinho,
brinque comigo,
cante comigo,
descubra comigo
que a noite é criança,
que a Lua é de queijo,
que há um saleiro no fundo do mar,
uma nave espacial sobre os cds
e que aranhas não existem!

segunda-feira, março 24, 2008

Do Diário da India Ceci - Vol 2

Sou filha da Natureza e quando estou triste,
ela, como boa mãe, se entristece comigo.
E do céu jorram lágrimas que se juntam às minhas.
Ficamos, as duas, vivendo em tons de cinza,
até que toda tristeza se desague de dentro de nossas almas.

Por vezes choramos chuva fininha,
mas quando a mãe-Natureza percebe meu coração ferido
e mais uma vez quebrado,
ela chora tempestades,
pingos grossos,
volumosos,
tentando lavar da terra
o que me fez sofrer.
E assim ficamos dias e dias,
na esperança de que um novo dilúvio nunca mais se repita.

Mas aprendemos que nunca é uma palavra grande demais
e, sabemos, bem lá no fundo do rio de nossas almas,
que sempre haverá,
escondido,
o temido monstro,
que, provavelmente,
mais uma vez,
nos fará entristecer.

Por que na vida e na Natureza
estamos sempre amando,
sofrendo,
chorando,
rompendo trovoadas,
abrindo caminhos,
derrubando árvores,
contorcendo troncos,
desviando riachos,
mas sempre crescendo.

Pois só quem vive e experimenta vive tudo isso.

domingo, março 23, 2008

Coração de Cristal

Ajoelhada no chão da sala
tentei recolher os cacos,
mas o fino cristal
de tão puro, límpido
e muito usado
partiu-se em milhares de pedaços.
E tudo o que havia dentro dele
escorreu entre os tacos de madeira
e se misturou à poeira.
O que me restou fazer
foi recolher com a pá de plástico
e soprar o fino e de licado pó
Pela janela aberta.
Talvez assim,
solto no espaço
meu coração de cristal
já não precise mais ser colado
e nem sofra mais preso
a um peito que não sabe
protegê-lo da dor.

sábado, março 15, 2008

Vó Arminda

Ontem tive a visita de minha bisavó.
Pude senti-la fisicamente.
E a saudade foi tanta que me derreti em lágrimas.
Vó faz falta, bisa também, e a gente só se dá conta disso quando vê nossos filhos tendo carinho e apoio de vó.
Colo de vó é importantíssimo no crescimento.
Bolo de vó, café de vó, almofada de vó.
Tudo faz falta!
Ter pra onde ir quando se está triste, querendo dengo, ou mesmo ser mimado.
O caminho certo são os braços da vó.
Pode ser a materna ou paterna.
E disso sinto falta.
Sinto-me aleijada, faltando uma parte de mim.
Minhas avós se foram quando eu ainda era pequena.
Mas eu ainda aproveitei um pouco a minha bisa Arminda.
Mas não o necessário...
Pelo que sei ela foi uma dessas mulheres que se casou muito cedo com um bombeiro.
Dessa união nasceu minha avó Carlota, mãe de minha mãe.
No segundo casamento, com meu vô Antonio, um português bonito e trabalhador, nasceu minha tia-avó Conceição.
Arminda tinha as pernas cobertas de úlceras provocadas por rompimento de veias.
Mas isso não lhe tirava o animo para ter uma casa sempre limpa, apesar dos inúmeros cachorros e gatos que circulavam por seu quintal e que ao final do dia, dormiam aos pés de sua cama.
Fazia sopas maravilhosas e engomava sempre seus paninhos de móveis.
Era engraçado vê-la, ao término do “Repórter Esso” na televisão, ela responder “Boa Noite” ao locutor Contígio Teodoro.
Ela se foi nos braços de minha mãe a caminho do hospital.
Frágil como um passarinho.

E ontem ela me visitou....


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