A Jaca

As árvores do sítio em que minha mãe morava em Mendes viviam em constante fertilidade.
Tínhamos um rodízio de frutas maduras durante o ano todo.
Era uma festa para os nossos sentidos.
Uma mistura de cheiros, sabores e cores.
Algumas frutas exageram em sua demonstração de fertilidade, mas nenhuma como a jaca, que nos exibe, sem nenhum pudor, sua aparência de mulher grávida, pronta para explodir em trabalho de parto. Jacas são como algumas pessoas que por fora são ásperas e grossas, mas que guardam por dentro delícias de puro mel.
Adorava sentar à sombra da jaqueira, escolher um dos frutos arrebentados no chão, enfiar as mãos em suas entranhas, sentir o sumo passando entre os dedos, escolher os bagos mais macios, morder e separar com delicadeza os caroços da massa escorregadia.
Algumas jacas tem os bagos mais firmes, outras são pura manteiga. Ficar horas nesse estado de satisfação até deixá-la vazia da carne amarelada.
Passar a língua pelo sumo que desce pelo braço e chupar cada dedo lambuzado completa o momento.
Puro erotismo tropical.
2 Comentários:
Tutty - Tutty... isso q a senhorita descreveu é quase um pecado da carne!
É bom a Srtª arrumar logo outra coisa prá comer, senão...
Quanta sensualidade escorre pelas suas veias e palavras que se misturam e adoçam todo o meu ser. Ai, ai... só suspirando... isso me lembra suspiro que também é doce. Que jaca que nada! Seu nome é mulher.
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