Brincando com Palavras

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Local: Rio de Janeiro, RJ, Brazil

Sou a prima mais velha de uma turma de 32 primas! Gosto de rir e de fazer rir. Adoro conversar, mas principalmente de ouvir. Beber Mate, vinho e Martini. Ver filme aos sabados com os amigos. Sou fiel aos meus sentimentos e respeito os dos outros. E de escrever, é lógico!

segunda-feira, junho 27, 2011

Maria, Maria - Parte 8

Maria não sabia o que fazer com as mãos e perguntou se havia acontecido algo com a mãe dele. Se ele tivera o trabalho de ir até a favela era por que algo de muito sério havia acontecido com ela. Desde o dia do temporal Maria não tinha ido fazer faxina pela Zona Sul e até se sentiu envergonhada pela falta de consideração. O rapaz a tranquilizou dizendo que tudo estava bem com a mãe e que só tinha ido até ali por que soubera o que tinha acontecido e pra entregar à Mari a lata que ela havia esquecido no apartamento. Maria deu um salto de alegria, pois pensava tê-la perdido no ônibus e na euforia perguntou ao médico se ele queria subir para tomar um cafezinho, achando que ele só agradeceria a gentileza e ia embora. Mas outra surpresa: ele aceitou!
Enquanto ele fechava o carro, maria pedia a Eta uma caneca emprestada pra servir o tal cafezinho. Eta foi correndo na frente e quando eles chegaram no barraco Eta já estava com o café pronto nas xícaras. 
Maria se desculpava pela pobreza da casa, mas o médico não se sentia deslocado e ainda quis saber detalhes da vida dos moradores. Quando soube que a comunidade tinha uma pequena associação ele quis ir conhecê-la. 
maria o deixou conversando com o responsável e voltou para o seu barraco. Ela nunca se sentia bem com estranhos. Principalmente um tão bonito!

quarta-feira, junho 22, 2011

"Nessa época eu estava nos Estados Unidos"

Se você se identificar não fique preocupada. Cada uma de nós já passou um tempo nos Estados Unidos. Só não sabia o nome que dar aquele período... 
Minha serotonina caiu. Despencou. Não sei como se fala cientificamente mas não importa. Você sabe que serotonina é tudo, não é? A minha caiu e me deixou na pior. Por que sem ela, meu bem, você não toma nem um chicabom. Sem ela não há energia, nem alegria e nada parece realmente valer a pena. Mesmo que você tenha filhos lindos, marido bacana, amigos, blábláblá. Mesmo que você seja a Jennifer Aniston e tenha tudo aquilo que ela tem . Mesmo assim você não se sente feliz. A felicidade é química.

Este post não é uma reclamação ou uma tentativa de me fazer de vítima (nun-ca), por que sei que existem coisas muito, muito piores do que isso. Resolvi escrever (e talvez me arrependa - não gosto de publicar coisas tão íntimas assim e, pior, não consigo escrever bem!) por que tenho recebido muitos emails simpáticos, de pessoas que notam que ando meio ausente. Um deles, de um rapaz chamado Nelson, admirava meu estilo de vida. Ah, Nelson, se você visse meu estilo de vida no momento, bleargh. Deitada, olhando pro teto, esperando a minha química voltar ao normal. Controlar a ansiedade é difícil também e ela só atrapalha.

Eu tinha uma amiga (no passado por que faz muito tempo que a gente não se vê) que vivia dizendo “Ah, nessa época eu estava nos Estados Unidos”, sabe como é? Você comenta uma novela, um show do Cazuza, uma eleição e ela “Ah, nessa época eu estava nos Estados Unidos”. Assim que eu me sinto, depois de uma rasteira dessas. Serra caiu? O dólar disparou? A atriz cortou os cabelos e está namorando o galã das 8? Estou por fora. Estou nos Estados Unidos.

Meu médico, quando eu reclamo que não agüento mais não poder fazer coisas, sair, me divertir, trabalhar, me diz para eu imaginar que estou com as duas pernas quebradas, imobilizada na cama. Pode crer que não é a mesma coisa.

Se eu estivesse engessada, ia pegar um monte de filmes na locadora, ou ficar assistindo os filmes a cabo, feliz da vida, comendo pipoca, alugando as pessoas (“Pega uma régua aí pra eu coçar a batata da perna, anda, rápido!”, “Compra uma Contigo pra mim e um pote de Napolitano. Duplo!”). Colocando a leitura em dia, tanta coisa legal pra ler! Mas não caí e quebrei as pernas, foi a serotonina que caiu. Bem mais complicado, sabe? 

Porque você pega um livro mas não consegue se ligar no que está lendo (crônicas antigas do Drummond são algumas das poucas coisas que consigo ler), televisão nem pensar (nem Os Normais!), jornal não dá por que as notícias não ajudam (claro). No outro dia peguei uma Quem, especial Sorriso. Juro por Deus que existe um troço desses nas bancas. Todo mundo rindo com seus dálmatas, seus biquinis, muito sol, muita pista de dança. Você se controla para não picar a revista em pedacinhos e diz apenas “A Débora Secco parece muito cansada para 22 anos”. 

Conversar com os amigos é impossível – todos os assuntos te escapam na hora H. Quer saber a verdade? Não há assunto. É como se você não tivesse tido nenhuma experiência na vida, nem aprendido nada. Também não é hora de aprender algo novo, a memória não ajuda. 

Então você fica deitada na cama, os pensamentos ruins fazendo fila e se empurrando pra ver qual vai se manifestar primeiro, daí você chora, tenta pensar coisas boas mas não consegue. Etc. Este etc é um mundo de sensações ruins.

Meus amigos me ligam muito e isso me angustia, por que eles não entendem como esse processo demora. O exemplo que eu gosto de dar é fazer a pessoa imaginar um carro, um fusca ou um mustang, não importa. Ele precisa de gasolina para andar, certo? Eu sou este carro e combustível está sendo colocado diariamente, porém com conta-gotas. Conta-gotas, sabe lá o que é isso?Tem que dar um tempo para o tanque encher, pelo menos o suficiente. Um bom tempo. Não parece fácil de entender?

Parece que você nunca mais vai voltar ao seu normal, que o seu normal é esse, sem graça, sem charme e muito burra. É uma chatice, viu?

Estou escrevendo também por que sei que deve ter alguém que me lê que tem o mesmo problema que eu. Então também é uma espécie de tamos aí. Estou aqui lutando, achando tudo meio sem graça, mas esperançosa por que sei que vai ter uma hora que tudo voltará ao normal. Então é isso. Todo mundo tem defeitos. Só a bailarina que não tem.

(Todo esse desestímulo atinge também o ato de escrever. Se na cama, preparei mentalmente um texto muito do bacana, na prática saiu esse desastre. Aos poucos vou tentar melhorá-lo. Conserte você mesmo as vírgulas e o erros de ortografia, tá? Beijos!)


terça-feira, junho 21, 2011

Cocoricó

"Eu tinha uma galinha que se chamava Marilu, um dia fiquei com fome e papei a Marilu"
Segundo a artista plástica Laura Lima, no programa Pirei, com a apresentadora Bete Lago,  a pessoa que gosta de galinha tem um jeito irônico de olhar a vida.
A galinha tem essa coisa mundana de trabalhar a própria sexualidade, sem muito grilo, como os outros animais. Ela vai ali e namora o galo, vê a outra também namorando o mesmo galo. Ela bota um ovo que outra galinha pode chocar. É um animal sem preconceito!
A galinha não é um bicho careta!
Galinha é um bicho tropicalista!
Galinhas são super galinhas!
Sem preconceitos...

segunda-feira, junho 20, 2011

Independência ou Morte

Que o teu afeto me afetou é fato // Agora faça me um favor // Um favor... por favor (Fernando Anitelli)
Durante o meu aprendizado sobre ser independente descobri que encarava erroneamente a independência afetiva como sendo a indiferença, insensibilidade ou o endurecimento do coração. Na caminhada percebi que não é assim. Minha premissa de independência é dizer não à posse e a dependência sobre todos os aspectos. Posso amar deixando que o ser amado seja livre para voar quando tiver vontade e retornar quando assim o desejar. Desapego não é desamor. É uma maneira saudável de se relacionar. O desapegado é capaz de controlar o medo do abandono. Declarar-se afetivamente livre é promover o afeto sem opressão. Não posso viver sem afeto, mas posso amar sem escravizar. Uma coisa é defender o laço afetivo, outra bem diferente é enforcar-se com ele.

domingo, junho 19, 2011

Anos 60



Vasculhando meus recordes de jornais encontrei esse, da Coluna "Há 50 anos": "O Globo - 30 de novembro de 1957"

"A informação de que primeira seção da Av. Perimetral - Aeroporto Santos Dumont-Praça Mauá - poderá estar concluída dentro de dois anos foi dada ao Globo e à Rádio Globo pelo Sr. Negrão de Lima, Ajuntando que, em consequência da abertura desta nova via, em pleno elevado, sobre colunas de 12 metros de altura, se fará o percurso do centro da cidade ao Aeroporto  Internacional do Galeão em minutos apenas, o prefeito do Distrito Federal reafirmou sua esperança de desvincular o Rio de Janeiro de suas atuais angústias e aflições. E descreveu outras obras que mudarão a fisionomia da cidade:
- Copacabana receberá 3 novas vias de acesso. Um túnel no fim da Rua Barata Ribeiro, outro no fim da Rua Sá Ferreira e um terceiro no fim da Rua Toneleros. Virão eles desafogar por completo o tráfego, principalmente a Av. Copacabana, hoje terrivelmente congestionada. O túnel da Rua Barata Ribeiro comunicará esta via com a Raul Pompéia; o da Rua Toneleros fará comunicação com a Pompeu Loureiro. Por último, o da Rua Sá Ferreira realizará ligação com a Nascimento Silva, em Ipanema. Esses túneis são muito naturais, e sua abertura não demandará muito tempo. E prosseguiu o prefeito:
- Em seguida, teremos que realizar o aterro da Praia do Flamengo, o que se fará com a terra proveniente do desmonte do Morro de Santo Antônio. Esta obra permitirá a construção de quatro pistas novas na Praia do Flamengo e incorporará ao centro comercial da cidade uma área considerável representada pela esplanada resultante do Morro de Santo Antônio. Seguindo mais ou menos uma direção geográfica, teremos mais adiante que construir a Av. Perimetral. Esta via tem a função desafogar o tráfego no centro da cidade.
- Em seguida, continua o prefeito Negrão de Lima, temos para comunicar a Zona Norte à Zona Sul a Av. Radial Oeste e também o sistema de comunicação através do túnel Catumbi-Laranjeiras, que vai ligar a Praia de Botafogo à zona portuária da cidade".

Um anúncio pequeno no mesmo jornal: "Seis mil japoneses já escolheram terrenos no planeta Marte - Anunciou hoje em Tóquio a Sociedade de Responsabilidade Limitada Viagens Cósmicas".

segunda-feira, junho 13, 2011

Orgásmico

- Aguentar a coceira um tempo e finalmente coçar no lugar exato;
- Alguém massagear minha cabeça e depois puxar levemente o cabelo;
- Estar com vontade de fazer xixi e finalmente fazer no meu próprio banheiro;
- Quase morrer de sede e depois beber água fresquinha;
- Dia de calor, muita sede, ouvir a abertura de uma lata de Coca-Cola;
- Comer dentro do bico do pão o caldo de feijão que acabou de ser temperado;
- Tirar o sapato apertado e ver felizes os dedos dos pés;
- Num dia muito frio encontrar um lugar que está batendo sol e ficar ali se esquentando;
- Mexer com as mãos os feijões que estão de molho na água;
- Estourar com a ponta dos dedos as sementes de mamão;
- Dançar uma música animada no meio da faxina;
- Chupar um fio de macarrão enquanto ele está sendo preparado;
- Voltar do mercado e abrir rápido o pote de sorvete;

Pessoa - 123º aniversário

"Ler é sonhar pela mão de outrem"

"Há tanta suavidade em nada dizer e tudo entender..."

"Enquanto não atravessarmos
a dor de nossa própria solidão,
continuaremos
a nos buscar em outras metades.
Para viver a dois, antes, é
necessário ser um".


Fernando Pessoa

domingo, junho 12, 2011

Namorada V

As pessoas passam por suas vidas algumas vezes sem pensar realmente no que estão fazendo. Os dias se amontoam, e elas ficam cada vez mais tristes e solitárias sem saber realmente porque estão tristes ou como estão sós. Então algo acontece. Conhecem alguém que vêm de uma forma que tem algo em seu sorriso. Talvez isso seja se apaixonar. Encontrar alguém que te faça sentir um pouco menos solitário.
Nós todos estamos na beira de um penhasco. Todo o tempo, todos os dias. Um penhasco que todos iremos pular. Mas nossa escolha não é sobre isso. A escolha é se queremos ir a força e gritando ou se queremos abrir nossos olhos e corações para ver o que acontece enquanto caímos.
(Frases de "Taken")

Namorada IV

Namorada
Céu da minha estrada
Meu motivo e derradeiro abrigo
Meu infinito, sonho colorido
Teu carinho meu paraíso perdido


Namorada
Luz da madrugada
Alvorada, risonha dimensão da vida
Linda primavera de um amor
Teu sorriso, acalanto de uma flor
Namorada, todo o meu amor

Namorada
Céu da minha estrada
Meu motivo e derradeiro abrigo
Alvorada
Sonho colorido
Risonha dimensão da vida
Linda primavera de um amor
Teu sorriso, acalanto
de uma flor
Namorada, todo o meu amor
Namorada

OBS.:Canta Antônio Marcos
1970: V Festival Internacional da Canção (TV Globo).

sábado, junho 11, 2011

Namorada III

Em relação a estas coisas do amor tem gente que pensa como  a Meredith Grey (Grey's Anatomy):

"Eu sempre disse que eu seria mais feliz sozinha. Teria o meu trabalho, meus amigos ... mas, e ter alguém em sua vida o tempo todo? Mais problemas do que o necessário. Aparentemente, eu vou ter que superar isso.
Há uma razão pela qual eu disse que ia ser feliz sozinha. Não foi porque eu pensei que eu ia ser feliz sozinha, era porque eu pensei que se eu amei alguém, e depois desfez-se, eu não poderia fazê-lo de novo. É mais fácil estar sozinha. Porque, o que se aprende quando dizem que você precisa de amor e então você não tem? E se você começa a amar alguém?  E se você forma a sua vida ao seu redor e então se desmorona? Você pode até mesmo sobreviver a esse tipo de dor? Perder o amor é como a danos nos órgãos. É como morrer. A única diferença é, a morte termina.
Isto? Poderia continuar para sempre. "

sexta-feira, junho 10, 2011

Namorada II

 As duas irmães vieram do interior para morar no Rio de Janeiro. Contavam somente uma com a outra, quase não tinham amigos por ainda se assustarem com o movimento da cidade grande. Aurora era a costureira e Clara, a professora. Juntas conseguiram, com alguns sacrifícios, levar a vida modestamente. Sempre resolviam os problemas amigavelmente. Até Aurora sugerir a venda da casa no interior. Clara não concordava pois o prédio havia sido construído por seu pai. Aurora dizia que poderiam conseguir um bom dinheiro para comprarem um imóvel no Rio. Assim começaram os debates.Uma noite as duas discutiam dentro do carro na Av. Presidente Vargas, enquanto um temporal desabava na cidade maravilhosa. Presas no engarrafamento as irmães não chegavam a uma solução para o empasse. Aurora ao volante tentava impor seus direitos de irmã mais velha. Clara, na carona, não encontrava mais argumentos que pudesse fazer a irmã mudar de idéia. A discussão, o engarrafamento, o temporal se juntaram na mente de Clara e explodiu num desespero de quem sente que suas raízes estão sendo decepadas. Nesse momento de loucura, Clara sai do veículo e corre na pista entre os carros parados!  Aurora grita por ela, mas a irmã não a ouve! 
Nesse instante acontece o inesperado: os carros começam a andar e Clara, não sabe para onde ir. Na outra pista, a irmã acena, mas Clara com os óculos molhados não consegue encontrá-la. Faróis e buzinas deixam-na tonta e ela pensa que vai desmaiar. Antes que isso aconteça ela segura a maçaneta de um carro que está próximo e entra! Na segurança do carro, ela desaba e chora! Chora muito!
Fernando já estava atrasado para a primeira aula na faculdade. Preso no engarrafamento ele pensava em ir direto pra casa e descansar. Distraído em seus pensamentos se assustou quando a desconhecida entrou em seu carro, molhada e chorando. O rapaz não sabia o que fazer. Olhou para a avenida, tentando entender o que estava acontecendo. Verificou pelo retrovisor enquanto a mulher chorava desesperadamente. Constatou que não era um 
assalto, mas o que fazer nessa situação? Resolveu deixá-la chorar o quanto quisesse.
A chuva diminuiu e o transito ficou melhor depois que eles passaram da Praça da Bandeira em direção à Tijuca. Fernando então parou o carro em frente a uma lanchonete e esperou que Clara se acalmasse. Só aí ela se deu conta de que estava ao lado de um estranho. Sentiu vergonha de levantar a cabeça apoiada nas próprias pernas. Foi levantando o corpo, arrumando o cabelo e, por fim encarou quem estava a seu lado. Ela sabia que estava com o rosto banhado em lágrimas mas não imaginou que causaria tamanha surpresa estampada no rosto do motorista. Fernando a olhou e viu o rosto mais lindo que ele já havia visto. Ele não viu os olhos inchados nem o nariz vermelho. Ele viu a mulher que seria a sua amada! E num gesto mais inesperado que o dela, ele a abraçou, e ela ficou ali aconchegada e segura naqueles braços e não saiu nunca mais.
E Aurora? bem, isso já é outra história!
Quanto à casa, ainda é deles, onde vão sempre nas férias passear com os filhos de Clara e Fernando.



quinta-feira, junho 09, 2011

Namorada I

"Se você quer ser minha namorada, ai que linda namorada, você poderia ser" (Minha Namorada - Vinicius de Moraes)


Sentado na sala após o jantar e se recuperando de mais uma briga boba com a esposa, ele tenta ler o jornal. 
Passados alguns minutos ela se senta na poltrona em frente a dele e começa a bordar uma das centenas toalhas que enfeitam o banheiro.
Por cima do jornal ele a olha e se pergunta: Quem é essa mulher? Quem é essa desconhecida? Onde está a mulher por quem eu me apaixonei há trinta anos atrás?
Ele se recorda que a conheceu na festa da primavera da escola. Ele a viu assim que entrou no pátio. Ela vestia uma calça jeans e uma camiseta branca. Seu cabelo cor de mel era comprido, e estava preso num rabo de cavalo. De longe, junto aos amigos ele a observava subindo no degrau mais alto da escada para prender na parede, uma guirlanda de flores de papel crepon e viu quando ela começou a perder o equilíbrio. Rápido, ele correu para salvá-la. Os amigos olharam atônitos. E ele conseguiu pegá-la pela cintura. Ela caiu em seus braços, com o rosto cercado de flores, com espanto nos lindos olhos castanhos e um sorriso nos lábios. Ali eles se apaixonaram e durante a festa ele lhe perguntou: 
- Quer namorar comigo?
Depois, tudo foi alegria! Namoraram, se casaram e tiveram os filhos.
Agora, olhando-a, ele se pergunta: "Onde foi parar aquela paixão? Em que momento ela terminou?"
E assim, fingindo ler ele a observa e continua pensando: Que mulher é essa sentada à minha frente com seu cabelo curto pintado de ruivo para esconder os primeiros cabelos brancos que surgem? Os olhos, escondidos atrás dos óculos continuam os mesmos, lindos! Essa mulher tem mãos firmes que se mexem enquanto bordam. Os gestos são sensuais. As pernas, fortes, não são de menina, mas de mulher! Ah! agora ela olha para a televisão e sorri!  E que sorriso essa mulher tem!! Seu sorriso iluminou a sala! Essa não é a menina de trinta anos atrás. Essa mulher estou conhecendo agora e me apaixonado por ela! 

Ele, então, larga o jornal, se levanta, vai até ela, se ajoelha, segura suas mãos, fazendo-a parar de bordar. Ela o olha sem entender o que acontece e ele lhe fala:
- Quer namorar comigo?


O Fauno

 A dama foge, não deseja que eu avance... Meu desejo, porém, é um gamo. De relance, Vendo-a, corre a querer sugar-lhe o claro mel... (De um Fauno -Emiliano Perneta)


Ela não se lembrava da primeira vez que o lera, nem como o conhecera. Para ela fora um dia esquecido em meio a tantos outros. Mas lembra-se perfeitamente da primeira vez que ouviu sua voz... no meio da noite... um forte desejo soou em seu corpo. Naquele minuto teve vontade de devorá-lo.
O olhar dele penetrava suas entranhas. Imaginava como seria ser possuída por ele com fúria lascívia de satisfação do desejo e ela excitava-se com esses pensamentos libidinosos. Enquanto o olhava seu desejo aumentava, ela queria se entregar àquele ser sombrio, que surgia no meio da noite e que causava tantas sensações luxuriosas.
Muitas vezes ela se retraía, algo nele a fazia temer. Ela não sabia distinguir o que era. Ao mesmo tempo que queria que ele a consumisse, ela o queria distante, que nunca a tocasse. Não o entendia perfeitamente, e isso as vezes a repelia, com seu jeito de ficar sozinho no meio da multidão, seus silêncios. Outras vezes ele a atraía, e ela pensava se ele devoraria sua mente, degustaria suas idéias e consumiriam-se em seus olhares. Ela o temia.
A antítese dos desejos os distanciava, não era tempo de aproximações, era muito escuro ao lado dele e ela precisava de luz, de certezas e ele, ainda não permitia que elas resplandecessem em todo o seu corpo, a não ser quando se entregava aos desejos noturno ou quando as palavras o invadiam.
Mas, em certas noites de lua cheia as incertezas desaparecem e eles se iluminam, sem pensar em seus temores, eles se entregam, se consomem, se devoram, se permitem, gozam, e acabam por descobrir que ele é o Sol e ela a Lua. Ele pra ela é a própria utopia, ela pra ele é a inspiração. Mas são livres... Combinam nisso... e no desejo do atrito dos corpos.
Eles se temem.

segunda-feira, junho 06, 2011

Eu, leoa!

Como leoa do bando
vivo para o meu macho,
admiro sua majestade
e divido a atenção,

sabendo não ser a única,
mas desejando ser a preferida!

Bombeiros: Heróis, não vândalos!

Apesar de você amanhã há de ser outro dia" (Apesar de você - Chico Buarque)"

O Brasil passou por um longo período de ditadura militar, muitos foram mortos, perseguidos. Foram muitas vidas ceifadas para conseguirmos novamente entrarmos em um processo democrático. Agora, que temos o uso da democracia, não é licito e de direito quem foi colocado para aplicar os mesmos direitos e deveres da democracia agir como o ditador, vendo apenas os interesses do "governo". Quem governa não é uma legenda, nem uma pessoa ou grupo de pessoas. O Brasil é uma grande máquina e cada pessoa tem seu papel nesta jornada. Os bombeiros apenas estão pedindo o que é de direito deles. Supondo-se que exista democracia, o mínimo que se poderia esperar do líder, seria o diálogo com a maioria (tropa), mesmo que pessoalmente houvesse alguma mágoa pessoal a alguns pertencentes a esta maioria. A partir disso, buscar-se
um acordo com argumentos sólidos e transparentes a respeito da viabilidade ou dificuldade na aceitação e realização das reivindicações feitas. Acredito que assim as coisas poderiam ter tomado um rumo mais positivo para todos: Bombeiros, população e governo do Estado. As reivindicações dos bombeiros não são apenas por eles mesmo, mas por toda a classe dos militares, e esses que agora os oprimem acabarão sendo beneficiados pelo resultado da sua luta. É verdade que os bombeiros como militares estão sujeitos ao regulamento da hierarquia e disciplina, pilares da vida militar. Agora também é verdade que a disciplina e hierarquia não pagam as contas de ninguém, esses homens como qualquer outro cidadão precisam consumir e ter condição de dar o mínimo de dignidade as suas famílias, eles não estão pedindo para terem um salário que os possibilite viver no luxo, mais sim fazer frente as suas necessidades básicas. A reação do governador do RJ ao episódio dso Bombeiros deixa claro o desequilíbrio e despreparo desse senhor. Discordar da atitude dos bombeiros é um direito dele, mas referir-se aos mesmo da forma como se referiu, não! Acorda Rio de Janeiro! Acorda Brasil !

Hino do Bombeiro Militar:


Auri-fulvo clarão gigantesco,
Labaredas flamejam no ar,
Num incêndio horroroso e dantesco,
A cidade parece queimar,
Mas não temem a morte os bombeiros
Quando ecôa d'alarme o sinal,
Ordenando voarem ligeiros,
A vencer o vulcão Infernal.
Missão dupla o dever nos aponta
Vida alheia e riquezas a salvar
E, na guerra, punindo um afronta,
Com valor pela Pátria lutar.
Rija luta aos heróis aviventa,
Inflamando em seu peito o valor,
Para frente o que importa a tormenta,
Dura marcha ou de soes a rigor?
Nem um passo daremos atrás,
repelindo, inimigos canhões,
Voluntários na morte na paz,
São na guerra indomáveis leões.

domingo, junho 05, 2011

Maria, Maria - Parte 7

Na favela o caos era geral. O barraco de Maria ainda se mantinha de pé, mas outros vizinhos ficaram sem moradia. Maria, aproveitando os raios de sol que se pronunciava, levou o colchão para fora para secar. Seus vizinhos também já tinham feito o mesmo e, ali se podia ver a pobreza que cada um guardava dentro de suas casas. Seus colchões em pé, encostados nos barracos pareciam monstros com as tripas para fora, outros totalmente manchados e rasgados. Ali não se podia ter vergonha de nada e Maria estava aprendendo isso com a vida.
Durante semana os objetos eram colocados para fora da casa para secar. O verão estava quente , se por um lado isso fazia com que os móveis, colchões e barracos perdessem rápido o cheiro de umidade, por outro lado as tempestades poderiam chegar a qualquer momento. Enquanto elas não vinham a vida seguia.
Um dia, estava Maria colocando uma panela de feijão no fogo, quando Eta veio lhe avisar que tinha um moço procurando por ela lá no pé do morro, no início da favela. Um moço? Quis saber Maria. E Eta naquele jeitão dela começou a fazer caras e bocas tentando explicar que o era um moço bonitão, de carro e todo vestido. Maria insistia em dizer que ela devia estar enganada, que ela não conhecia nenhum moço assim. Eta continuava com os gracejos querendo saber o que a amiga andava aprontando pela Zona Sul. De tanta fanfarrice, maria resolveu ir até o pé do morro para saber quem a estava procurando.
Ao se dirigir ao "moço bonitão" ele foi logo esticando o braço e se apresentando como o filho da Dona Carol, o Dr. Ricardo.


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