Gabriel:

Da série "Irritando Tutti - Vendedores"

Sei que a vida tá difícil, que todos precisam trabalhar, que tem gente que vive de comissão, deculpem-me mas não aguento alguns vendedores!

Em algumas lojas eles ficam posicionados na porta formando um muro e, pra você conseguir entrar tem quase que se ajoelhar e prometer que vai comprar alguma coisa!

As vezes gosto de passear pelas lojas só pra ver o que há de novo. Aí, distraída, escuto aquela voz atras de mim: "Posso ajudá-la?"

Como sou uma pessoa educada costumo avisar que "desculpe-me, mas não vou comprar nada, só estou passeando" - mas devo fazer uma cara que deve dizer que estou mentindo por que o vendedor continua no mesmo lugar.

Resolvo seguir a diante e "a sombra" vem junto.

Se eu estiver de bom humor sou capaz de dar um outro aviso: "moço, eu realmente não vou comprar nada, acho melhor o senhor voltar para seu posto, o senhor só está perdendo tempo e com certesa está perdendo alguma venda, por que eu não vou comprar NADA!"

Pensam que ele desiste? NUNCA!!

E se você olha uma blusa, ele diz: "Vai ficar ótima na Senhora!"

Se você cruza o olhar com um sapato: "Nós temos o seu número (?!) em todas as cores!"

E antes que eu bata em alguém decido sair da loja sem ter olhado com prazer as novidades!

Quando entro numa loja e sou pega pela pergunta: "Posso ajudar?" tenho vontade de responder:

"Pode! eu estou sem dinheiro e cheia de faturas na bolsa. O Senhor poderia pagá-las pra mim no banco, por favor? " ou...

"Pode! eu tenho que ir a ginecologista, mas hoje não estou disposta. O Senhor poderia ir no meu lugar?" ou...

"Pode! meu pé tá doendo. Compra uma sandália pra mim?" ...

"Pode! tome a chave lá de casa e vá até lá fazer uma faxina enquanto eu vou ao cinema!"

Pior que isso, só a frase: "Pode aguardar um minutinho"

mas isso já é outra história...

Do Diário da India Ceci - Vol. V

Quando o Deus Sol surge por entre as árvores pela manhã,
eu me sento na terra úmida para observá-lo em todas sua grandiosidade.

E ele, dourado e brilhante, vai aquecendo meu rosto e eu me sinto acolhida.

Pequenos insetos saem de seus esconderijos para saudá-lo e aproveitar de sua luz.

As flores se inclinam para o nascente enquanto as gotas de orvalho vão evaporando.

Os animais despertam para o começo de um novo dia e tudo em volta se renova.


Quando o Deus Sol surge entre as árvores pela manhã, a Natureza nos oferece uma nova chance de criarmos uma vida melhor.... até o poente.

Os pedreiros de minha vida

Depois que li o texto da Martha Mendonça onde ela dizia que prefere homens com cara de pedreiro, resolvi declarar que também faço parte desse time de mulheres.

Só pra dar um exemplo, tem cena mais sexy do que o Wolverine com aquela camisa xadrez e machado na mão? Teeem ! O lenhador mutante carregando toras de madeira! Tem outra: O mutante de camiseta branca!!

Apesar do ator Hugh Jackman fora da tela fazer o papel de arrumadinho, sou muito mais o Wolverine, por que tem cara, corpo, mão, olhar, barba e cabelo de macho !

Nunca me interessei por caras bonitinhos, parecendo mocinhas. Olhos azuis e anjelicais não fazem meu tipo.

Entre o Capitão Kirk e o Sr Worf, sou mais o klingon, com sua cara feia e seus rosnados sensuais.

Sou mais Benicio Del Toro, Clint Eastwood e meu insuperável Vin Diesel.

Não estou aqui dizendo que prefiro o Monstro da Lagoa Negra aos carinhas bonitas que cruzam nossas vidas. Mas me ligo naqueles caras que tem a postura de quem tá pronto para o que der e vier a qualquer hora e de qualquer lugar.

Daqueles que num olhar me dizem: "deixe que eu resolvo isso".

Caras assim me transmitem segurança. E pedreiros são assim! Pedreiros resolvem tudo!

Nem estou me referindo a "cafa", essa é outra espécie de homem que de vez enquando também entra na minha lista. Mas isso é texto pra outro dia.

Sou mais Javier Bardem.

E o que é Javier Bardem em "Vicky Cristina Barcelona" ? é um ai-meu-Deus!! é o cara feio-que- tem-pegada, tem olhar, tem sorriso de pedreiro, mesmo se ele estivesse em cima de uma escada levando balde de massa numa construção.

É lógico que em minha lista tem outros "pedreiros": José Maier, Malvino Salvador, Hugh Laurie, o mal-humorado Doctor House (que não tem cara de médico!) e Rodrigo Lombardi. ´

Eu largaria fácil o Marcio Garcia pra seguir com o Raj.

Me abana Meu Deus!

e de preferência com uma camiseta branca e a barba por fazer...

Mães

Eu não tinha essa noção de espaço

que hoje tenho

O mundo cabia no teu braço

Cada pedaço teu era imenso

Teu corpo, de todos os que conheço

era o mais denso, mais berço, o mais espesso

E eu não tinha esse cansaço

essa compreensão da angústia como coisa paralela

Tinha a vida contida em teu abraço

Teu calor, teu alimento

era o universo todo resumido

em cada teu pequeno movimento

e eu me sentia, Mãe, tão protegida

tão longe desse medo da vida

que hoje eu tenho

e eu me sinto, Mãe, tão pequena

tão te querendo e tão sentindo pena

de nós.

(Bruna Lombardi)

Sob o sol de Cabo Frio

Tá decidido: quando me aposentar vou morar em Cabo Frio!
E quem quiser que me acompanhe, vá me visitar, passar as férias, final de semana, feriadão ou qualquer coisa do tipo.
Nos meus sonhos eu vou estar lá, morando numa casa.
E vou ter um cachorro e um jardim!
Meu cabelo vai estar cumprido, por que largarei o tormento de ir ao cabelereiro pra pintar, cortar, alisar ou brigar com meus cachos. Eles viverão livres e soltos ao vento. Cheios de sal e maresia.
Prometo fazer luaus nas noites de luas cheia.
Preciso sair desse Rio de Janeiro.
Não que não goste mais dele, mas por que, como a personagem Shirely Valentine, já estou falando com as paredes e com as pedras.
Como não posso ir pra Grécia como ela foi (a não ser que eu participe também de alguma promoção) decidi ir para Cabo Frio. Por que por aqui tá ficando difícil. Outro dia me peguei discutindo com a geladeira! E ela estava ganhando!

Quem sabe eu compro uma vila. Será que em Cabo Frio tem vila? Tô falando dessas vilas da Itália, não as daqui do Rio.
Talvez eu ache uma vila caindo aos pedaços e que o dono queira me vender, como a escritora do filme "Sob o Sol de Toscana".
Nesse já estou levando vantagem por que também escrevo e, como ela, fui esquecida pelo homem que eu amava.
Mas como as duas personagens eu tenho bom humor e esperança na vida.
Quem sabe eu até me pegue cantando junto com as mulheres cabofrienses (?) a música do Abba em Mama mia?

Enfim... Tô vendo muito filme...

Primeira providencia quando chegar em Cabo Frio: dar o aparelho de dvd de presente pra alguém ou trocar por uma boa garrafa de vinho pra ser bebido sentada na areia vendo o por do sol.

Rio Antigo - 2

Depois de ler meu post abaixo fiquei me lembrando de quando eu era menina e minha mãe me levava ao Centro do Rio.
Acordávamos cedo, nos arrumávamos e pagávamos o ônibus pra Praça XV.
Durante o caminho minha mãe ia apontando as ruas, os prédios e sempre tinha alguma coisa pra contar que sempre começava por "aquele ali..."
Nunca fiquei enjoada em viagens, nem nessas pequenas viagens.
Meu irmão, não!! Como passava mal o coitado!
Minha mãe levava biscoitos, água, toalha, mate ou qualquer coisa pra distrair o enjoo!
Geralmente quando íamos à cidade era para minha mãe ir ao antigo trabalho dela na Av. Rio Branco, lá no início, perto da Praça Mauá.
No escritório todos me conheciam desde que nasci e era ótimo ir até lá e ver as moças datilografando.
Almoçávamos num lugar onde havia um bandejão que era servido por freiras. Costumávamos dizer "vamos almoçar nas freiras?" Foi o primeiro bandejão da minha vida. Tenho que perguntar à minha mãe onde ficava aquilo. Não me lembro! Mas me lembro perfeitamente do tamanho das rodelas de tomates. Eram lindas! E, como não tínhamos costume de comer em restaurantes, eu me sentia muito importante comendo no meio daquele povo todo!
Quando dava tempo dávamos uma passadinha na Casa Sloper, na Rua Uruguaiana.
Ali eu me sentia uma princesa de verdade!
Tudo naquela loja era chique: paninhos, lenços, perfumes, pratos, bandejas de prata, sopeiras, bolsas de festa, gravatas, meias finas e masculinas, etc
Qualquer objeto comprado era embrulhado em papel fino e depois num papel vermelho com o logotipo da Sloper.
E o lustre? um céu de estrelas! contas de cristal ! de palácio!
Sem falar no corrimão da escada, em dourado, sempre brilhando !
As vendedoras muito arrumadas e maquiadas. Puro requinte!
Eu quase desejava ser vendedora da Sloper. Elas eram chiquérrimas!
E o elevador? Até hoje me lembro da acessorista lindamente uniformizada anunciando: "Segundo andar: cama e banho, moda feminina, presentes"
Depois íamos até o ponto de ônibus para voltar pra casa, circulando entre aquelas moças de sapato de salto e saias rodadas.
No caminho entrávamos antes na Igreja de São José, para renovar a promessa de não dizer jamais o que eu havia visto atráz do altar e aos pés da imensa imagem do Pai do Menino Jesus.
Á noite, em casa, no subúrbio, eu sabia que o mundo era muito mais que meu quarto.
Que tudo estava lá fora e que eu não precisava ter pressa.
Eu só precisava esperar e estudar por que um dia eu estaria no meio daquilo tudo!

Rio Antigo

Trabalhando no centro da cidade nos acostumamos a andar tão apressados que não mais reparamos o que ele ainda tem de romântico. Andamos sempre com ar suspeito pelas calçadas de pedras portuguesas, sem saber quando seremos assaltados. Camelô, buracos, buzinas, barulho. Mas pra quem tem boa memória, nostalgia ou saudade, ainda pode encontrar "aquele" Rio gostoso de se viver.

Rio Antigo(Nonato Buzar / chico Anísio)

Quero um bate-papo na esquina
Eu quero o Rio antigo
Com crianças na calçada
Brincando sem perigo
Sem metrô e sem frescão
O ontem no amanhã

Eu que pego o bonde 12 de Ipanema
Pra ver o Oscarito e o Grande Otelo no cinema
Domingo no Rian
Me deixa eu querer mais, mais paz

Quero um pregão de garrafeiro
Zizinho no gramado
Eu quero um samba sincopado
Taioba, bagageiro
E o desafinado que o Jobim sacou

Quero o programa de calouros
Com Ary Barroso
O Lamartine me ensinando
Um lá, lá, lá, lá, lá, gostoso

Quero o Café Nice
De onde o samba vem

Quero a Cinelândia estreando "E o Vento Levou"
Um velho samba do Ataulfo
Que ninguém jamais agravou

PRK 30 que valia 100
Como nos velhos tempos

Quero o carnaval com serpentinas
Eu quero a Copa Roca de Brasil e Argentina
Os Anjos do Inferno, 4 Ases e Um Coringa
Eu quero, eu quero porque é bom

É que pego no meu rádio uma novela

Depois eu vou à Lapa, faço um lanche no Capela
Mais tarde eu e ela, nos lados do Hotel Leblon

Quero um som de fossa da Dolores

Uma valsa do Orestes, zum-zum-zum dos Cafajestes
Um bife lá no Lamas
Cidade sem Aterro, como Deus criou

Quero o chá dançante lá no clube
Com Waldir Calmon
Trio de Ouro com a Dalva
Estrela Dalva do Brasil

Quero o Sérgio Porto
E o seu bom humor

Eu quero ver o show do Walter Pinto
Com mulheres mil

O Rio aceso em lampiões
E violões que quem não viu
Não pode entender
O que é paz e amor