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Local: Rio de Janeiro, RJ, Brazil

Sou a prima mais velha de uma turma de 32 primas! Gosto de rir e de fazer rir. Adoro conversar, mas principalmente de ouvir. Beber Mate, vinho e Martini. Ver filme aos sabados com os amigos. Sou fiel aos meus sentimentos e respeito os dos outros. E de escrever, é lógico!

sábado, novembro 11, 2023

Que história é essa Leonor Episódio 4

 Em 1994 minha mãe ainda morava num sítio em Mendes/RJ e, eu me programei para passar o Natal com ela. Nesse ano o dia 25 caiu num domingo e eu só pude viajar no sábado. Meu filho, por estar de férias, foi para Mendes durante a semana anterior.

Dia 24, sábado, acordei cedo pois não queria perder o trem para Paracambi que passa por Madureira as 6:00hs.

Ás 5:30 saí de casa de mochila nas costas e uma bolsa com os presentes.

Peguei o ônibus e desci em Madureira. Chegando na estação fui informada de que não havia trem pois estavam em greve.

- A Sra. não escutou no rádio, não?

- ??

Pensei um pouco e resolvi pegar um ônibus para N. Iguaçu, pois de lá sai um outro ônibus para Paracambi.

Chegando em N. Iguaçu saí procurando onde era a rodoviária de onde saída o tal ônibus.

- A Sra. tá vendo a torre da igreja lá embaixo? Então, é bem depois...

- ??

E lá fui eu esbarrando em pessoas que ainda compravam presentes no comércio da rua.

Ao chegar na rodoviária não acreditei que todas aquelas pessoas que estavam na fila fossem para o mesmo ônibus que eu queria pegar. E chega ônibus e sai ônibus e nada de chegar a minha vez. Até que, por volta das 11:00hs, consegui entrar no ônibus.

Quando cheguei em Paracambi tive que correr para pegar o ônibus para Mendes que já estava de saída. Por volta de uma hora e pouquinho da tarde cheguei em Mendes. Era só o tempo de ir ao mercado, pegar um taxi e pronto! Estaria no sítio ao lado de minha família!

Mas a coisa não foi bem assim...

Entrei no mercado para levar algumas frutas que minha mãe havia pedido para comprar: um abacaxi e um melancia. Como ia pegar um taxi, resolvi levar também maçã e pão. Andei pelo mercado tentando lembrar de mais alguma coisa. Paguei as compras e quando estava me dirigindo para a saída escutei a trovoada. Quando olhei para a rua me dei conta do temporal que estava desabando sobre a cidade. Respirei fundo, tentando me acalmar e esperei a chuva diminuir. Então fui até o ponto do taxi que me levaria até o sítio. Quando o motorista soube qual o destino da viagem, se recusou a me levar.

- O que? o sítio do cachorro grande? Nem pensar!! A estrada deve estar um horror! O carro não vai passar! etc...

Eu me desesperei:

- Então, moço. O Sr. vai me deixar ir a pé carregando essas bolsas e essa melancia?

Ele me informou que mais ou menos às 16:30hs saía um ônibus para Martins Costa que me deixaria bem mais perto do sítio.

E lá fui eu para o ponto aguardar a chegada do ônibus. Ao que me parece essa linha só tem realmente um veículo. Temos que esperar que ele vá até o destino e depois retorne. Só que, por causa da chuva, o ônibus havia ficado preso do atoleiro e tínhamos que ter paciência para esperar até que ele se libertasse !

Quando ele finalmente chegou (quase as 17:00hs) eu dei Graças a Deus e me joguei dentro dele! A viagem que normalmente leva uns 15 min., durou o dobro de tempo, pois o motorista teve que desviar de todos os buracos e atoleiros que encontrou pelo caminho.

Desci no meu ponto e segui pela estradinha que leva ao sítio.

De repente a chuva voltou a cair e, eu não tinha mais braços para abrir o guarda-chuva.

Parei e fiz um levantamento de como me encontrava. Mochila nas costas: molhada; presentes dentro da bolsa: molhados; cabelo molhado caindo nos olhos; bolsa de compras: encharcada; pão: empapado. A única coisa se reluzia de bonita era a melancia que eu trocava de lugar a todo momento: debaixo do braço esquerdo, depois do direito, na cabeça, no colo, na cabeça, e eu não encontrando posição para levar a tal fruta. Comecei a ficar com raiva dela. Como se a culpa de todo o que me havia acontecido fosse única e exclusivamente dela. A vontade foi de atirá-la longe, pisar bem pisadinho, dar para o primeiro porco que aparecesse.

E lá fui eu estrada a fora brigando com a chuva e com a melancia.

18:30 cheguei ao sítio.

A cachorrada latindo. Minha mãe nervosa. Meu filho preocupado. Eu, de lama até a alma, cheia de fome e de vontade de ir ao banheiro.

Só deu tempo de tomar um banho e me jogar no sofá.

Curti o Natal assim: deitada no sofá me curando do "trauma da melancia".

E a melancia lá, em cima da mesa, brilhando de bonita...


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