Brincando com Palavras

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Sou a prima mais velha de uma turma de 32 primas! Gosto de rir e de fazer rir. Adoro conversar, mas principalmente de ouvir. Beber Mate, vinho e Martini. Ver filme aos sabados com os amigos. Sou fiel aos meus sentimentos e respeito os dos outros. E de escrever, é lógico!

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Cronica da Morte Anunciada

A mãe de um amigo de meu sobrinho suicidou-se e no enterro sua filha, tentando entender o que tinha acontecido, gritava: "mãe por que você não me telefonou?"
Fiquei pensando nessa frase: "mãe por que você não me telefonou?"
Teria mudado alguma coisa se ela tivesse telefonado? ou somente adiado por alguns minutos a decisão por ela escolhida?
Ela teria mudado a ideia de suicidio por causa de um telefonema para a filha? será que esse telefonema já não havia sido feito diversas vezes e sua filha nem se dado conta?
Imagino que ninguém resolve e age, assim, de um minuto para o outro a decisão de tirar a própria vida.
Será que o grito de socorro já não vinha sendo dito, mas que as pessoas ao redor não puderam escutá-lo, não por descaso ou egoísmo, mas por estarem envolvidas com os próprios afazeres do dia-a-dia?
A rotina, muitas vezes, nos ensurdece!
Com certeza os sinais da morte anunciada estavam todos lá e que os familiares só se darão conta agora.
Talvez achassem ser uma depressão passageira ou coisa da idade ou que ela até gostava de ficar calada.
Não ficamos atentos a esses detalhes e deixamos passar.
Mas e quando somos nós os suicidas?
Será que estamos balançando bem alto nossa bandeira de pedido de socorro ou simplesmente acenando com um pequeno lenço com o claro intuito de não sermos vistos?
Será que nosso pedido de socorro será bem interpretado?
Estamos falando com todas as letras que não estamos bem e que precisamos de ajuda?
Por outro lado, quem garante que ao se ter uma conversa de horas com um amigo, que veio para nos ajudar, ao se afastar dele, continuaremos com a mesma e triste decisão?
É difícil!
As vezes nos jogamos num poço sem fim, e ele vai se tornando mais fundo e mais escuro.
A corda vai ficando mais longe e a claridade vai se tornando cada vez menor.
Essa escuridão não nos deixa pensar direito.
As vezes ficamos olhando para aquela pequena saída por onde passa apenas uma réstia de luz, na esperança de que alguém apareça e nos jogue uma corda grande e forte que possa nos tirar de lá do fundo onde estamos nos afogando em lágrimas.
A corda pode ser jogada e podemos sair de lá suspensos por um gesto terno.
Mas e quando essa mesma corda serve apenas para ser enrolada no pescoço pois, cansados de esperar, resolvemos usá-la para por fim ao que imaginamos não ter solução já que não surgiu a mão amiga na outra ponta?
Por isso devemos estar atentos sempre!
Atentos aos que amamos, por que os sinais da morte anunciada estão sempre por perto.
Devemos estar atentos com o que o outro fala, na maneira que fala, olha, não olha, suspira, respira.
Devemos escutar com a pele, com as mãos, com os olhos.
Atentos para ajudar e para pedir ajuda.
Não é fácil!
Não é fácil nunca!
Mas se não ficamos atentos com os que amamos, quem ficará?
Se não escutamos quem amamos, quem escutará?
Se não abrimos nossos corações sofridos para quem amamos, quem merecerá vê-los?
Sempre deve haver tempo para quem amamos.
Sempre deve haver portas abertas, janelas abertas, corações abertos, palavras abertas com quem amamos.
Tudo deve ser dito, a ajuda deve ser pedida, a angústia deve ser dividida, o desespero deve ser declarado, a tristeza também.
Os sentimentos não devem ser guardados. Sentimentos devem ser mostrados.
Mesmos os do lado negro da nossa alma para que eles não sejam descobertos somente quando estivermos presos ao teto, balançando ao vento.


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