Brincando com Palavras

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Local: Rio de Janeiro, RJ, Brazil

Sou a prima mais velha de uma turma de 32 primas! Gosto de rir e de fazer rir. Adoro conversar, mas principalmente de ouvir. Beber Mate, vinho e Martini. Ver filme aos sabados com os amigos. Sou fiel aos meus sentimentos e respeito os dos outros. E de escrever, é lógico!

sexta-feira, abril 29, 2011

Final de Abril

As espumas de abril, sempre tão frescas, batizam meus pés, que no calor de fevereiro queimavam no chão enladrilhado da cozinha, que nas água de março afogaram-se em turbilhões e que hoje passeiam em nuvens.

segunda-feira, abril 25, 2011

Amor?

Amor... Amor?
Melhor não tê-lo!
Mas se não o temos
Como sabê-lo?
Se não o temos
quanto silêncio.
Como o queremos!
E quando ele vem!
começa a aporrinhação:
ele vai ligar?
ele vai escrever?
onde ela está?
com quem ela está?
o que ele estará fazendo?
Amor? Amor,
melhor não tê-lo!
Noites de insônia
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-me!
Amor é o demo
Melhor não tê-lo...
Mas se não o temos
Como sabê-lo?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca!
Dá taquicardia,
frio na barriga
Suor nas mãos
tremedeira da cabeça ao pé
Porém, que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que o Amor é !

Parafraseando "Poema Enjoadinho" de Vinicius de Moraes

quarta-feira, abril 20, 2011

Apareceu a Margarida

Ontem eu andava firme pelo mundo com meu coração de pedra, onde minha parte fêmea adormecia.
Ele me dava equilíbrio e de certa forma me protegia.
Ontem eu vivia a realidade em todas as suas formas, mas não me incomodava, eu apenas vivia.
Meus sonhos dormiam aos pés de minha fêmea prisioneira.

Hoje, caminho em nuvens e eu me sinto insegura.
As pedras do meu castelo foram retiradas, uma a uma, e eu surgi lá de dentro!
E por tanto tempo aprisionada não sei agir na liberdade.
Por tanto tempo calada, minha voz não sabe em que direção ir, nem quando se mostrar
Meus braços, por tanto tempo, cruzados, receiam abraçar sem ser a hora.
Preciso de orientação, preciso ser guiada, para agir certo, no momento certo.

Amanhã, não quero que meu príncipe se vá por achar que não lhe dei as honras merecidas,
que as pedras se transformem em pontes e que ele venha me buscar
Que meu herói entenda que ando confusa por ter vivido tanto tempo adormecida, mas que meu coração é dele, só dele!

Depois de amanhã, espero ter encontrado o caminho...

domingo, abril 17, 2011

Maria, Maria - Parte 5

Maria teve que retirar algumas tábuas das paredes para que a água pudesse correr livremente morro a baixo. Desesperada e sem condições de passar a noite ali Maria enrolou as meninas e fugiu com elas para a igrejinha. Antes de chegar viu várias pessoas tentando tirar a água que se acumulava dentro do pequeno templo. Vendo que suas filhas choravam assustadas, maria teve a idéia de voltar para a casa de uma de suas patroas e pedir abrigo. Enrolou as meninas em panos, pegou sua lata e trancou a porta da entrada, só por hábito, já que seu barraco não havia mais nada de precioso que pudessem roubar. Desceu o morro e na estrada pegou o ônibus direto para a Zona Sul. Daria muitas voltas até chegar no bairro de sua patroa, mas pelo menos ela não precisaria andar na chuva com suas filhas até a estação de trem.
Chegaram no prédio já passando das 22hs. Marina dormia no colo da mãe e Mariana se arrastava cansada. O porteiro deixou-as subir após a proprietária dar o consentimento. Dona Carol era uma das patroas mais generosa que Maria tinha. Era uma senhora de idade e morava com o filho dentista.
Ao abrir a porta Dona Carol se assustou com a cena: mãe e filhas totalmente molhadas, com lama até a cintura. Maria explicou o que havia acontecido e pediu abrigo por aquela noite. Disse que a patroa podia ficar sossegada, que ela e as meninas podiam dormir na área e que ficariam bem quietas que nem ela nem o doutor perceberiam a presença delas. Por ser uma mulher prática mas também emocional, Dona Carol enumerou logo o que devia ser feito. Primeiro levar as meninas para o banheiro e todas tomarem banho. Depois tomariam uma sopa quente antes de irem dormir.
No banheiro as meninas olhavam deslumbradas o espaçoso aposento. Não conheciam aquelas louças e curiosas queriam saber quem morava naquele barraco. Maria então explicou às duas quem era a Dona Carol. Não satisfeitas as meninas queriam saber quem morava "naquele" barraco em que elas estavam tomando banho. No meio daquilo tudo Maria encontrou algo que a fez rir e explicou que "aquele" barraco era só o banheiro de uma casa inteira.

sábado, abril 16, 2011

Mensagem na garrafa

Quando eu viva em Gomorra
andando pela praia
encontrei uma garrafa
com uma mensagem assim:

Quem encontrar essas palavras
as trate com carinho
porque elas são de um poeta
a procura de sua musa.

E eu, não mais Donzela,
mas com meu coração puro
e pensamentos singelos,
tomei-a com minhas mãos
e respondi com loucura:

Poeta me ame como se
não houvesse mais nenhum juízo
Como se fôssemos casar amanhã
Me ama como se eu fosse você.

Ao longe, no cais de Sodoma,
o poeta suspirava
enquanto eu continuava a chamá-lo:

Me ame como seu fosse sua graça
me ame como se eu fosse a única Eva
ou como se eu fosse a sua última maçã

Assim o poeta, foi o primeiro homem
a penetrar o meu virgem coração.
E eu, ao invés de sangrar,
chorei !

quinta-feira, abril 14, 2011

Caminhemos...

"Esquece o tempo. O tempo não existe.// Acende a chama às límpidas lanternas.// Nossas almas, a ansiar no mundo triste,// são de uma mesma idade: são eternas.// Se no meu rosto lês mortais cansaços, é natural. A luta foi renhida:// caminhei tantos passos, tantos passos// para que te encontrasse em minha vida...// Não medites o tempo. Se muito antes de ti cheguei// para a áspera, inclemente sina de navegar por este mar,// foi para que tivesse olhos orantes,// e me purificasse longamente// na infinita aflição de te esperar..." (Poema 17 - Tasso da Silveira)

A minha caminhada começou antes da sua e minha estrada foi cheia de subidas e descidas, curvas e penhascos. Pela orla, fui deixando minha bagagem, antes tão pesada, até me sentir leve e confortável.
Um dia, me vi numa planície e o caminho era ladeado por um campo de margaridas. Quando olhei pra tras vi você vindo ainda muito longe, muito longe.
E continuei minha caminhada sabendo que não estava mais sozinha. A sua presença, mesmo a distância, me dava animo para continuar. E, aos poucos, sem mesmo me dar conta, fui diminuindo as passadas e, você, pouco a pouco foi chegando mais perto.
Uma noite, para meu encantamento, você estava caminhando a meu lado e, como participantes da mesma caminhada, segurou minha mão para que continuássemos o caminho juntos. "Esse momento é o nosso momento. Lá atrás, onde eu estava, no início do meu caminho, ainda não era" você disse e, eu respondi: "Diminui meus passos, lhe esperei na sombra das árvores, para que você me alcançasse e para que esse momento chegasse"

quarta-feira, abril 13, 2011

Beija eu !

"Sua boca uva rubra, roça meus lábios e por segundos somos murmúrios úmidos, seiva cósmica de línguas púrpuras" (Virgínia Schall)


No dia 13 de abril é comemorado o Dia do Beijo. É difícil saber, ao certo, o que motivou a criação da data comemorativa, mas diz a história - verdadeira ou não - que o italiano Enrique Porchelo beijava todas as mulheres que encontrava na vila em que vivia, casadas ou não. Em 13 de abril de 1882, o padre local teria oferecido um prêmio em moedas de ouro às mulheres que não haviam sido beijadas pelo "Don Juan". Conta a lenda que nenhuma apareceu e que o tesouro está escondido em algum lugar da Itália até hoje. A verdade é que é difícil não querer dar um beijinho em quem se ama!
 

 

terça-feira, abril 12, 2011

De Meninos e de Homens

Quanto tempo demora um menino para se tornar um homem?
Para alguns pode demorar uma vida inteira.

Um menino se torna um homem quando se sente responsável por outra pessoa. E isso não tem nada a ver com sexo ou idade. Alguns meninos se tornam homens aos treze anos enquanto outros passam dos cinquenta anos sem se tornarem homens. Nisso nem podemos citar a Síndrome de Peter Pan, onde se classifica os homens que tem medo de crescer e ter responsabilidade, pois até a personagem da história cuida de vários outros meninos com bravura.
Um dia, aquele menino que você viu crescer lhe dá o lugar na janela do onibus, na calçada anda pelo lado da rua para lhe proteger. Quando volta da rua traz o pão embaixo do braço, conserta o chuveiro de casa, sabe lhe consolar quando você está carente e lhe prepara um chá. Nesse dia você percebe que o menino se tornou um homem e você, que o conhece tão bem, sabe que o menino continua ali guardado num canto especial do coração daquele homem, esperando somente um chamado pra sair pra brincar.
Outros meninos se tornam homens na desilusão. Você pode ver a transformação no brilho de seus olhos. A desilusão os faz crescer, pois aprendem que a vida não é "a" festa que imaginavam. Mas que pode ser um outro tipo de festa em que eles como homens também podem participar.
Não há um tempo para um menino se tornar um homem. Cada um tem seu tempo.
Se ele se tornar, que seja para ser um bom homem com alegria de menino no rosto.
Se ele não se tornar durante toda a vida, então que seja para a própria felicidade e que, como menino ele alegre a vida das pessoas ao redor.

sexta-feira, abril 08, 2011

Maria, Maria - parte 4

Maria jurou nunca mais sair para se divertir. Em poucas palavras mostrou à Eta que ela era uma mulher com filhos para criar e que Eta era moça solteira com tempo para divertimentos. Sua vida agora seria só trabalho e filhas. Marina nasceu fraquinha e bem mais morena que sua irmã. Maria teve que muitas vezes faltar às faxina para levá-la ao Pronto Socorro, ora com febre, ora com dor de ouvido. Após os dois anos tudo isso passou e ela se tornou uma criança forte e alegre, para alívio de maria que precisava trabalhar.

À noite, Maria gostava de ficar olhando as duas meninas dormindo juntinhas na mesma cama. Com nada para fazer, sem um rádio para ouvir, Maria acostumou-se a escrever seus pensamentos. Pegava pedaços de papel de pão, que trazia da casa das patroas, alguns cotocos de lápis e saía escrevendo cartas à Deus e à sua mãe que com certeza estava ao lado Dele. Isso lhe trazia calma. Depois guardava as cartas numa lata de biscoitos com um um lindo desenho na tampa. Era seu segredo e seu tesouro.

Uma tarde Maria retonava para casa quando um temporal pegou-a no meio do caminho. O trem ter que ficar parado alguns minutos e Maria só pensava em suas filhas sozinhas em casa e se o barraco aguentaria a força das águas. Subiu o morro escorregando na lama, mas pode ver ao longe seu barraco ainda de pé, o que afastou dela as imagens de tragédia que tinha vislumbrado até ali. Quando abriu a porta viu suas meninas abraçadas embaixo da mesa, enquanto a chuva entrava pelas frestas das telhas. A casa estava totalmente alagada!

quinta-feira, abril 07, 2011

Escola é lugar de vida

segunda-feira, abril 04, 2011

Logo ELA...

Há anos Ela não dizia a frase "eu te amo" e nos últimos tempos Ela reparou ter dito mais que uma vida inteira. Uma noite quando foi pra cama "tentar dormir" ficou pensando na frase e não sabia se era exatamente isso o que quero dizer. Parece que "eu te amo" se tornou uma frase banal onde todos a repetem sem saber a profundidade dessas palavras e as consequencias que ela trás.
No momento a frase não traduz o que Ela está sentindo. É pouco!
O que Ela sente por Ele é muito mais que "eu te amo". Junto a "eu te amo" deveria estar escrito "eu te admiro", "tenho orgulho de você", "você me tira o ar", "você não sai do meu pensamento", "quero fazer você feliz", "sossegue meu coração", "você me faz tão bem", "quero viver essa alegria com você", "quero descobrir a vida com você", "quero ver o mundo com você", etc...
Se "eu te amo" quer dizer tudo isso, então não tem jeito: Ela ama Ele mesmo!

domingo, abril 03, 2011

Maria, Maria - Parte 3

Dois anos se passaran e Maria ainda morava no mesmo barraco. Mas agora sua moradia tinha mais cara de casa. Aos poucos Maria foi ganhando uma coisinha aqui e outra ali e os espaços foram sendo preenchidos. Das patroas ganhava uma cadeira, um cobertor ou até cortinas velhas! Tudo o que Maria ganhava e que podia ser dividido ela dividia com sua vizinha e amiga Antonieta. "Eta" como era chamda, havia se tornado uma irmã para Maria. Eta era totalmente o contrário de Maria: bonitona, expansiva, sua inconfundível gargalhada podia ser ouvida por toda a favela.

Com o barraco arrumado, com as patroas ajudando e com a filha crescendo sem doenças, Maria seguia a vida sossegada.

Uma noite Eta chamou-a em seu barraco. Eta convidou Maria para ir ao forró que aconteceria no quadrado no alto do morro. Maria ficou assustada e arrumou logo várias desculpas para não ir. Todas logo foram respondidas por Eta. Não podia ir por causa de Mariana. Eta falou que sua mãe poderia ficar com ela. Por não ter roupa. Eta emprestaria. Não sabia dançar forró. Ficasse só olhando. Nunca tinha ido a um baile. Tudo tem sua primeira vez! Eta ganhou e à noite as duas se arrumavam entre rios como só as adolescentes rir. Para Maria tudo era estréia e quando Eta pintou-lhe a boca com baton vermelho e colocou perfume atrás da orelha ela se sentiu uma princesa. Maria se despediu da filha e as duas amigas subiram o morro de braços dados ruma ao baile.

O quadrado estava todo enfeitado e iluminado. O forró tocava alto e Maria ficou assustada. Casais dançavam grudados e mesmo a festa sendo a céu aberto o cheiro de bebida dominava o ambiente. Eta e Maria sentaram-se numa mesa encostada à parede e ficaram observando o povo se divertir. Logo um rapaz convidou Eta para dançar e ela sumiu no meio da multidão. Mario ficou temerosa e com vontade de voltar para a segurança de sua casa. Mas logo outros vizinhos apareceram e puxaram conversa com ela. De repente a mesa estava repleta de pessoas conversando, bebendo e rindo. Menos Maria, é claro! No meio dessa animação Maria só pensava em sua casa, até que alguém lhe ofereceu um copo de verveja. Ela também nunca havia experimentado a tal bebida, mas como o copo estava tão geladinho e o calor se fazendo presente, Maria bebeu de um só gole todo o líquido. O que aconteceu depois só Deus sabe...

De repente Maria acordou e estava deitada sobre um plástico preto que protegia uns tijolos no fundo de um barraco em construção. Entre suas pernas um homem arfava. Maria queria fugir dali, mas sua cabeça estava tonta demais para isso. Maria chorava. A história se repetia e dessa vez ela sabia como ia terminar.

Foi assim que Marina foi concebida.

sábado, abril 02, 2011

Quando a filha se torna Mãe... da Mãe

A imagem que temos dela é de uma mulher forte, decidida. Capaz de criar seus filhos, irmãos e quem mais chegar. Com ela nunca teve corpo mole. Cuidava de uma casa cheia, carregava bolsas na feira, lavava montanhas de roupa, ensinava os deveres, alfabetizava os vizinhos. Enfim liderava uma família como as mães sabem fazer. Educadora daquelas que espalha pela mesa os livros, mapas, revistas, globo. Seus alunos foram muitos, alguns hoje já adultos. Leonina, sempre soube reinar e rosnar no momento certo.

O tempo passa e um dia você olha pra ela sentada no sofá e percebe que ela não está mais ali. Até procura no meio daquele cabelo branco a mulher que ela foi.

Agora, é você quem fica acordada durante a noite ao lado do leito do hospital contando as gotas do soro. É você quem prepara a sopa que ela insiste em não querer comer e, você por brincadeira, diz que é a sua vez de falar: "É pra comer tudo!" É a sua vez de dizer que "tem que tomar banho sim!", que tá no hora de tomar o remédio, que o suco não está amargo, etc..

Você não quer que essa mulher perca a dignidade então, conversa e a faz contar as histórias da infância. Essas ela lembra e repete inúmeras vezes durante o dia. E, para não magoá-la, você deve fazer espanto a cada vez que ouve a história.

São as inversões da vida. Os filhos se tornam pais de seus pais. E, como eles foram ótimos pais, saberemos tratar deles também como filhos amados.

sexta-feira, abril 01, 2011

Amores de Abril

"As cores de abril //Os ares de anil//O mundo se abriu em flor//E pássaros mil//Nas flores de abril//Voando e fazendo amor//O canto gentil//De quem bem te viu//Num pranto desolador//Não chora, me ouviu//Que as cores de abril//Não querem saber de dor//Olha quanta beleza//Tudo é pura visão//E a natureza transforma a vida em canção//Sou eu, o poeta, quem diz//Vai e canta, meu irmão//Ser feliz é viver morto de paixão". (Cores de abril, por Vinicius de Moraes).

Meu coração vive a primavera em pleno outono!
Se as águas de março fecharam o verão,
Abril é promessa de vida em meu coração!


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