Brincando com Palavras

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Local: Rio de Janeiro, RJ, Brazil

Sou a prima mais velha de uma turma de 32 primas! Gosto de rir e de fazer rir. Adoro conversar, mas principalmente de ouvir. Beber Mate, vinho e Martini. Ver filme aos sabados com os amigos. Sou fiel aos meus sentimentos e respeito os dos outros. E de escrever, é lógico!

terça-feira, maio 29, 2012

Engraçadinha

Todos nós temos aquela amiga que as outras pessoas consideram a "maluquinha" ou a "doidinha" da turma.
Quem pensa assim é por que não convive mais de perto com esse ser adorável, inteligente, humana, engraçada, amorosa e livre.
Pra  ela ser tudo isso (ou mais) Engraçadinha precisa ser é muito doida mesmo!
Nisso ela ganha disparada!
Como foi que ela entrou em minha vida? Por gostar de escrever e por seu humor refinado e debochado (rs). Por suas tiradas rápidas e cortantes. 
Nada nela é superficial. Ela é profunda e intensa! Até o amor dela pelos filhos é escancarado.
Maior que isso só os sonhos que ela tem. E ela tem grandes sonhos!! Tantos que me assustam, apesar de saber que sobre ela nada mais deveria me assustar.
Ela não é de ficar parada, sentada num canto sonhando, ela é de correr atrás e segurar o bicho pelo rabo até conseguir o que quer.
Poucas pessoas tiveram acesso ao meu lado "Ratos do Porão". Antes da Engraçadinha, só Trycia, Lirou e Zilo conseguiram a chave para passear por tal lugar. Nem todos entendem. Mas uma casa é feita de muitos cômodos. E a morada de minh'alma tem no porão, uma janela, que dá para um campo coberto de margaridas onde não se vê o fim, só o horizonte. De vez em quando pulo pra esse campo e corro livre, ou só me deito pra olhar o céu. Engraçadinha tá lá do meu lado agora.


Pra acompanhá-la é preciso ser rápida por que com ela não existe rotina chata ou monótona.
Com ela presenciei a vida e morte da Pescoçuda, vi fotos de comidas, bolos, papel higiênico e ladrilhos de banheiro, entre inúmeras imagens. Acompanhei a gestação de seu livro e de seus filhotes. Aprendi que mesmo casada e com filhos, uma mulher tem direito a ter um vale-night ou um free-weekend, que ela pode sair pra dançar e se divertir com os amigos sem sentir um pingo de remorso ou culpa. Aprendi a responder pra quem não aceita o que eu digo: "não gostou? deita na BR",
Engraçadinha é assim: diz que gosta, mas também diz que não gosta!  Se grudou demais ela "chuta que é ebó", mas se você não lhe deu a devida atenção ela sente também.
Como não amar uma mulher assim, livre como a natureza?
Parideira de mão cheia! Ou seria de barriga cheia? Junto a seus filhos ela dança, canta, corre e torce por eles. Sua galega veio pra enfeitar um mundo masculino onde Engraçadinha era a Abelha-Rainha. Galega trouxe laços,
fitas, olhares e jeitinho de gatinha-ditadora. Quem diria que Engraçadinha iria se apaixonar e cair de quatro por outra da mesma espécie?
Café da manhã, almoço ou café da tarde com Engraçadinha é sinônimo de conversas polêmicas, divertidas e inteligentes. Os assuntos nunca são "café-com-leite". Se você se escandaliza à toa, fica vermelha feito donzela, ou se benze a cada frase, saia da copa ou... "deite na BR"
Nós, as Meninas da Copa ou as Fantásticas, vamos sentir saudades.

segunda-feira, maio 28, 2012

Eu Fui... Jardim do Nêgo

O Nêgo mora numa casinha perto de um barranco, em Friburgo.
Uma noite houve uma tempestade, no dia seguinte, quando ele abriu a porta dos fundos que dá para o barranco ele viu, entre duas pedras uma imagem que parecia a de uma mulher (1ª figura). Ele pegou uma colher e só tirou o excesso de terra. Como recomeçou a chover ele cobriu com um plástico preto. Só que choveu por 3 dias. Quando finalmente parou de chover ele descobriu que havia crescido uma graminha sobre a "escultura" e com
isso protegeu a terra de desmoronar. A partir daí ele passou a "ver" várias esculturas pelo barranco. 












"Viajou" bonito, mas criou um trabalho incrível.

quarta-feira, maio 23, 2012

Dracena

Na aldeia, no pé da montanha, conta-se a lenda de que desde menina ela  soube que lhe faltava algo. Por isso lia sem parar, era curiosa, perguntava tudo até se sentir satisfeita. Mas não se sentia! Professores fugiam dela pelos corredores. Colegas nerds se escondiam atrás dos livros.
Na adolescência se tornou rata de biblioteca dando cansaço às bibliotecárias! Seu cartão foi substituído várias vezes por falta de espaço. Mudou de religião como quem troca de roupa. Podia-se vê-la com cabeça raspada e vestindo túnica numa semana e na outra discursando sobre a Bíblia ou se dizendo Wicca. Fez parte de vários partidos políticos, participou de passeatas, liderou grêmios. Tentou fazer faculdade de veterinária, designer, teologia, cinema e geologia. Não se formou em nada!
Resolveu escrever contos, mas antes rascunhou algumas histórias infantis, que deixou de lado. Passou para o suspense e quis defender uma tese: “A vida sexual dos macacos do Himalaia sucumbindo aos progressos vindos com as ferrovias” – mas abandonou a idéia por não se interessar por transportes.
Trabalhou na recepção de um cemitério para entender melhor o comportamento das famílias que perdiam entes queridos, só ficou algumas semanas, por concluir que a falsidade era o principal elemento durante as cerimônias. Depois resolveu se aventurar como assistente de cozinha de um grande restaurante de comida tailandesa, não deu certo. Foi também lustradora de talheres de prata, acompanhante de cachorros, manicure, treinadora de cavalos num circo, repositora de lâmpadas de postes em estradas.
Um dia resolveu que conheceria o mundo, pegou a mochila, jogou nas costas e foi.
Visitou cidades ricas, circulou por bares, igrejas, praias e escolas. Conheceu gente esnobe, humilde, pés no chão, ricos e miseráveis. Conversou com sábios e gente que não tinha nada a dizer. Com crianças, donas de casa, pastores e músicos. Viu grandes animais, soltos e enjaulados, curiosos e domésticos, mortos de fome e vestidos como gente. Comeu boa comida, quente e saudável, mas também gafanhotos, folhas e sopas ralas. Dormiu em lençóis de seda e de algodão, em colchão de palha e sob a chuva, ao luar e na praia, no frio do deserto e no gelo das montanhas. Usou roupas grossas de couro mastigados por gente, tangas, rendas e jeans surrado. Nadou em rios ao lado de botos e em mares sob o olhar de baleias.
Um dia de tanto andar e por se sentir cansada e velha, sentou-se. Olhou ao redor e  se viu num platô, no alto de uma montanha coberta de capim rasteiro, onde o vento cantava cortante. Dali podia-se ver, lá embaixo no vale, uma pequena aldeia. Ao longe um rio seguia como uma imensa cobra. No céu, o sol se punha pálido e uma única estrela começava a brilhar. Ela ficou assim parada, quase sem respirar absorvendo o momento. Seu peito foi se enchendo de uma grande satisfação, como se finalmente entendesse o significado de todas as coisas. E quanto mais a emoção crescia, mas o peito precisava de ar. Ela então inspirou o máximo que pode e sentiu o peito se abrir. Seu corpo rasgou-se como um casulo que se abre para o nascimento de uma borboleta. Suas pernas transformaram-se e ela pode ver sua pele transformando-se. De suas costas grandes asas surgiram e ela pode enfim soltar o grande grito, liberando bolas de fogo! Nesse instante ela se lembrou do imenso dragão que vivia dentro de seu corpo. Lembrou-se que fora um ovo eclodindo numa caverna nos primórdios dos tempos, das perseguições, das caças, das guerras, do extermínio de seus semelhantes, dos pedidos aos deuses pela sua sobrevivência, de seu coração puro, da mística metamorfose, da constante insatisfação por não se encaixar em nenhuma sociedade, mas que agora estava livre para viver no alto da montanha, bem perto do céu, com todas as suas dúvidas respondidas, com todas as lembranças de séculos revividas, com todos os aprendizados de mistérios revelados. Agora ela era o que sempre fora: uma Dracena! Uma dragã-fêmea! A última de sua espécie!


Fogo e Paixão








Nadar na madrugada em águas geladas, é o único meio de abrandar o fogo que queima seu corpo.

segunda-feira, maio 21, 2012

Vazia...

INSPIRAÇÃO
A inspiração vem de onde?
Pergunta pra mim alguém
Respondo talvez de longe
De avião, barco ou ponte
Vem com meu bem de Belém
Vem com você nesse trem
Nas entrelinhas de um livro
Da morte de um ser vivo 
Das veias de um coração
Vem de um gesto preciso
Vem de um amor, vem do riso
Vem por alguma razão
Vem pelo sim, pelo não
Vem pelo mar gaivota
Vem pelos bichos da mata
Vem lá do céu, vem do chão
Vem da medida exata
Vem dentro da tua carta
Vem do Azerbaijão
Vem pela transpiração
A inspiração vem de onde, de onde ?
A inspiração vem de onde, de onde ?
Vem da tristeza, alegria
Do canto da cotovia
Vem do luar do sertão
Vem de uma noite fria
Vem olha só quem diria
Vem pelo raio e trovão
No beijo dessa paixão
A inspiração vem de onde, de onde?
De onde
A inspiração vem de onde, de onde?
(Ney Matogrosso e Pedro Luiz e a Parede)

domingo, maio 13, 2012

MÃE...


sexta-feira, maio 11, 2012

Cores e Cores

Ouvi uma vez alguém falando (provavelmente num programa de moda) que o brasileiro (ou seria latino?) gosta muito de associar as cores das roupas com os times, escolas de samba ou qualquer outro ícone do momento. Assim, nos privamos de misturar algumas cores, por temer ser alvo de brincadeiras e críticas.
Explico:
Em qualquer lugar do mundo uma mulher pode se vestir de vermelho e preto e ficar linda e segura! Por aqui se ela se veste assim, com certeza vai aparecer alguém pra perguntar se ela está homenageando o Flamengo!!


Se ela colocar um lindo e iluminado conjunto verde e amarelo, alguém vai querer saber se já estamos na Copa do Mundo, como se só nesse período pudéssemos juntar essas cores de verão.




Se vestir toda de branco, vão soltar a piada: "é médica, macumbeira ou vai casar?"



Já o pretinho básico que em todos os lugares faz sucesso, por aqui acharão ou que é viúva ou filha do Zorro !!


E assim vai...
Verde rosa?  "Olha a mangueira aí genteeee!"
Marrom com cintinho vermelho (uma graça!)? "Bombeira?"
Com isso, nós brasileiros, tropicais e coloridos, deixamos de ser espontâneos num setor onde poderíamos ser muito mais criativos: na moda, por pura bobagem!

quinta-feira, maio 10, 2012

Cinco Amigas e um Vestido Viajante

Foi assim....
Logo após a Cy ter tido o seu filho Arthur, a ficou grávida! Como a Cy resolvera que não teria mais filhos além dos tres que já tinha, despachou para a casa da as roupas de gestante que ela tinha em casa. E o "nosso" vestido foi no meio delas...
Bom, a aproveitou bastante a vida de grávida: passeou, trabalhou e se divertiu. Usou e abusou das roupas doadas até elas não caberem mais no "corpitcho". Um dos vestidos era um preto e branco muito simpático! Esse é o vestido da história. Aí chegou a Rafaela pra fazer companhia à Giulia.
A então fez uma trouxa das roupas e entregou pra Leo. Não! a Leo não estava grávida!! Ela só seria a intermediária entre a e a Cy na devolução da "muamba".
A trouxa ficou ao lado da mesa do escritório onde a Leo trabalha durante uns três meses, na esperança de que a qualquer momento ela se encontrasse com a Cy para lhe passar a sacola. Encontrou nada!!! E pra piorar a Cy foi transferida para Paris!!!
A Cy ficou triste por não levar as roupas, principalmente o vestido preto e branco. Esse ela queria de qualquer jeito! Ele tem um modelo que pode ser usado por qualquer mulher: grávida ou não!
Um dia a Sy (reparem: essa é com S) resolveu ir passear em Paris e dar uma volta na Bélgica.
Boa oportunidade para a Leo passar pra ela o vestido da Cy. Era só um vestido! Não ia fazer volume na mala!


A Sy não se importou e colocou o vestido na mala!
Em Paris as duas se encontraram, mas a mochila da Sy estava pesada e ela resolveu não colocar o vestido dentro, afinal elas teriam outra oportunidade para se encontrarem.
Então Sy foi para a Bélgica! E o vestido foi junto!
Na volta à Paris as duas marcaram de se encontrar, o que não aconteceu!
Já no Brasil Sy avisou à Leo que o vestido não fora entregue e que ficaria com ela até que alguém aparecesse pra fazer a entrega.
Não demorou muito! Dias depois a Cy ficou sabendo que um amigo dela iria até Paris e que ele não se importava de levar o vestido.
A Cy pediu a que ela entregasse o "pacote" ao amigo dela.
A olhou o vestido e se benzeu, afinal ela já tem cinco filhos e muitos netos e quer passar distante dessas histórias de gravidez!
O amigo de Cy pegou o embrulho e seguiu viagem.
A Cy já se imaginava dentro do vestido no verão parisiense.
O que Cy não contava era que a mala de seu amigo extraviasse e fosse parar num vôo para a China!
No aeroporto chinês a mala seguiu com um passageiro rumo a uma aldeia chinesa.
Imaginem o espanto do passageiro ao abrir a mala e se deparar com várias cuecas, meias, pijamas que não eram seus e mais ainda: um vestido! Não sabendo o que fazer com o vestuário feminino ele o doou à uma escola da aldeia!
Hoje, uma linda menina japonesa vai toda orgulhosa para a escola com um vestido preto e branco!!

domingo, maio 06, 2012

Lua Adversa



Tenho fases como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua
tenho outras de ser sozinha.

Fases que vão e vêm
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.

E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases como a lua)
No dia de alguém  ser meu
não é dia de eu ser sua...
E quando chega esse dia,
o outro desapareceu...
Cecília Meireles


terça-feira, maio 01, 2012

Morada de Minh'alma - II

Há dias que sinto que não sou uma // Sou várias dentro deste corpo que me protege.// Sou tantas que me perco.// Esse corpo que me protege é abrigo, morada.// É um prédio sempre em construção. // Há andares, quartos, sótão e porão.(Morada de Minh'alma - http://brincando-com-palavras.blogspot.com.br/2006/11/morada-de-minhalma.html)




E há cantos escuros, escadas, armários e inúmeras gavetas.
Há portas trancadas que não sei o que há por traz delas e isso me assusta.
Os vidros das janelas estão sempre sujos para que eu não possa ver o que se passa lá fora.
Algumas gavetas estão fechadas há anos, não as abro por medo de dali sair o que tento esconder. Ou um animal peçonhento: aranhas! Segredos. Meus e dos outros.
Há sacolas em armários cujo conteúdo foi ali depositado muito antes do que eu possa me lembrar. Tudo tem cheiro de guardado e mofo.
Sob as pias, panelas se acumulam, cheias de teias e poeira. Ali não ponho os olhos nem as mãos. Não sei o que vou encontrar. Medos. Infantis e adultos,
Nos livros da minha memória a poeira se acumula. Nãos os abro, mesmo os que ainda não li. Então só escuto o barulho dos cupins os devorando. Insaciáveis em sua fome. E eles não param nunca. Passam dos livros à madeira da estante. Vão destruindo até nada ficar de pé. Culpa. Do que fiz e do que deixei de fazer.
Lençóis sujos e fronhas rasgadas onde minha alma tenta dormir e não consegue descansar. Quartos entulhados de coisas sem utilidade, roupas jogadas pelo chão, papéis rasgados, lâmpada queimada, cheiro de azedo. Confusão. Mental e espiritual.
Há períodos em que a morada de minh'alma se sente abandonada, como uma casa velha, em que a família viajou e nunca retornou. Mas que aguarda a chegada de uma faxineira que a faça brilhar de novo.


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