Brincando com Palavras

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Local: Rio de Janeiro, RJ, Brazil

Sou a prima mais velha de uma turma de 32 primas! Gosto de rir e de fazer rir. Adoro conversar, mas principalmente de ouvir. Beber Mate, vinho e Martini. Ver filme aos sabados com os amigos. Sou fiel aos meus sentimentos e respeito os dos outros. E de escrever, é lógico!

terça-feira, janeiro 31, 2012

Fazer Aniversário

Fazer aniversário é ter a certeza de que ao menos uma vez ao ano a vida será vista de uma maneira diferente.
Fazer aniversário é brincar de crescer e quem sabe mais tarde virar "gente".
É sorrir sem ter motivo ou chorar pela mesma coisa.
É ter de novo a certeza de que os sonhos ainda poderão se realizar.
É reconhecer que amigos se importam com a sua importância.
É contar o tempo que se viveu e o que se deixou de viver.
É luz na escuridão.
É lembrar da vitória de um dia ter sido embrião.
É aprender a valorizar o tempo.
É contar com a presença dos ausentes.
É tornar novo o que se fez velho.
É fazer do novo o sempre.
Enfim,fazer aniversário é contar, os minutos, as horas os dias meses e anos,e muito mais que tudo isso,
Fazer aniversário é saber que só se nasce uma vez e que por isso a oportunidade de viver é única e isso torna o valor da vida sem valor, porque Fazer aniversário é viver sem preço, mas viver feliz.


Ontem, eu fiz aniversário!

domingo, janeiro 29, 2012

Menino Passarinho

A semana foi sem dúvida uma semana de imagens tristes a nos mostrar o quanto somos frágeis.
Mas em meio a tudo isso, Deus me mostrou que meu coração ainda pode sentir um grande amor!
E eu que achava que havia superado essas fases e que não me entregaria assim tão fácil a outro ser.
É lógico que não estou falando das minha pessoinhas queridas, como meu neto, meu filho, sobrinho-neto e etc.
Esses são meu amores incondicionais.
Eu havia fechado meu coração pra outros tipos de amor, seja para humanos ou animais, desde a minha última  separação amorosa e após a morte da minha gata Miúda.
Aí vem Deus, na quarta-feira de manhã e coloca no meu caminho um filhotinho de andorinha que, provavelmente, caiu do ninho, feito pela mãe no telhado do meu prédio!
A princípio eu o tirei do caminho com medo de que alguém, não tão observador, o pisasse. Peguei-o sabendo que a partir daquele momento sua mãe o rejeitaria, por sentir nele, o cheiro dos humanos!
Coloquei-o num vaso com plantas perto da portaria do prédio e fui para o trabalho. Mas durante o dia minha mente não parava de pensar naquele serzinho no sol que vinha aparecendo no Rio de Janeiro. E a noite, ao voltar para casa, incrivelmente ele ainda estava vivo e me esperando!
Agora não tinha mais jeito e eu já estava apaixonada por ele.

Levei-o para casa e o acomodei dentro de uma cestinha com palha da última Páscoa. Depois percebi que a palha era de um tamanho muito grande pra ele e troquei a palha por pedaços de pano. Na Internet li que podia alimentá-lo de água com mel e assim o fiz. Ele, esticava o pescocinho pelado e abria o bico, maior que seu corpo!
Na hora de dormir coloquei a cestinha a meu lado na cama e o envolvi com os panos. Durante a noite acordei umas três vezes para verificar se estava tudo bem. Como qualquer mãe que tem um bebê e se assusta quando ele está dormindo tranquilamente, eu abria o embrulhinho só pra perceber que ele estava só dormindo.
Com a ansiedade da noite acordei pela manhã me sentindo mal e, não pude ir trabalhar.
Talvez fosse um daqueles momentos em que Deus escreve certo por linhas tortas. Fiquei em casa doente e pude cuidar do meu mais novo amor, dando água+mel a todo instante em que ele me pedia.
Loucura? Falta do que fazer? Não! Amor e cuidado. Havia um pequeno animal precisando da minha atenção. E, sempre que eu passava perto da cestinha, ele esticava o pescocinho pedindo comida. Como é possível um ser tão pequeno, sem nem ter aberto os olhos, saber que eu podia alimentá-lo? Sei que isso tudo é por instinto, mas prefiro crer que ele me considerou sua mãe-andorinha.
Mais uma noite ele dormiu quietinho a meu lado.

Antes de sair para o trabalho eu lhe dei mais água+mel e fui, deixando-o sozinho.
Á noite quando retornei correndo para casa, ele estava bem fraquinho. Dessa vez, eu trouxe do mercado, um pacote de fubá, que dissolvi um pouquinho na água e fiz uma papinha ralinha como me ensinaram.
Ele teve dificuldades em beber.
Então eu o sequei bem, o enrolei nos panos e o coloquei bem confortável a meu lado no sofá. Eu costurava enquanto conversava com ele. De vez em quando ele esticava o pescocinho em minha direção, piava baixinho e retornava à posição de descanso.
Até que em um momento eu percebi que seu pescocinho estava esticado em minha direção por muito tempo e eu fiquei olhando. Demorei um pouco pra perceber que ele havia ido embora.
Foi triste. Chorei com aquele coisinha tão delicada, frágil e indefesa em minha mão que me fez sentir tanto amor em tão pouco tempo.
Me pergunto se realmente fiz tudo o que pude por ele? E se eu não tivesse deixado sozinho por um dia? E se eu tivesse derrubado qualquer regra e o levado junto a mim para o meu trabalho?
As vezes achamos que estamos fazendo tudo por quem amamos, mas muitas vezes não estamos fazendo o máximo que podemos! Não quero ficar me perguntando "e se", não adianta mais, mas vale a lição.
Nesse amor imenso de duas noites e três dias eu descobri que meu coração ainda está aberto para grandes histórias de amor... com humanos ou com animais.

sábado, janeiro 28, 2012

Não há Pandorgas no Céu

Quando morre um menino
Gabriel, que virou anjo no dia 20/01/12
Reza o vento a sua prece
O destino fecha a porta
E o dia não amanhece

Quando morre um menino
Se quebra a vida em pedaços
As horas correm vazias
Sem travessuras e abraços.

Quando morre um menino
Chora as águas da sanga
Amadurecem inúteis
Vivos melões e pitangas.

Quando morre um menino
A tristeza mata a fome
E crescem ervas daninhas
Pelos caminhos de um homem.

Quando morre um menino
Tem o pão o gosto de fel
A alegria sai da casa
E não há pandorgas no céu.

Quando morre um menino
A tristeza mata a fome
E crescem ervas daninhas
Pelos caminhos de um homem

Quando morre um menino
Não há pandorgas no céu.
(Cesar Passarinho)

sexta-feira, janeiro 27, 2012

Só dando uma espiadinha....

quarta-feira, janeiro 25, 2012

Do Diário da India Ceci - Vol IX

Nós atravessávamos um período de muito frio. Quase não saíamos de dentro de nossas ocas. Havíamos armazenado uma boa quantidade de alimentos, galhos e peles para nos aquecer.  Passávamos o tempo ouvindo histórias, dormindo ou costurando agasalhos, redes e calçados.
Nossa fogueira, no meio da oca, era constantemente vigiada para que não se apagasse. Todos nós, adultos e crianças, éramos responsáveis por sua manutenção.
Nossos animais ficavam presos do lado de fora, mas sempre um cachorro ou outro consegui entrar e se instalar perto da entrada do lado de dentro, aproveitando a quentura do local.
Quando todos estavam dormindo eu chamava o meu cachorro pra perto de mim. Ele se deitava a meu lado, eu o cobria e nós dormíamos quase abraçados. Eu gostava de sentir o pelo dele no meu corpo e me sentia mais quentinha.
Uma madrugada, acordei e reparei que ele não estava do meu lado.
Chamei por ele baixinho: "Trovoada" - mas ele não apareceu como sempre fazia, balançando o rabo.
Saí de baixo das peles e olhei ao redor dentro da oca.
Todos dormiam e a fogueira estalava feliz!
Abri a entrada da oca e o vento cortante cantava lá fora na noite escura e sem lua. Provavelmente até ela havia se protegido junto com as estrelas da noite fria.
Continuei andando à procura do meu filhote. Alguns animais acordaram e me olharam de um jeito parecendo perguntar o que eu fazia ali fora no frio.
Mas eu não podia retornar para o meu canto sem saber o que havia acontecido com Trovoada.
Dei a volta na aldeira e nada de encontrar o fujão.
Saí então pela entrada principal que dava para a floresta e para o rio. Ao pensar no rio senti um grande medo! E se ele tivesse ido beber água e caído no rio? Ele era pequeno como eu e, com certeza a correnteza o levaria. Com esse pensamento entrei na floresta sem olhar para tras, olhando para todos os lados à procura do meu filhote. Mas a noite estava tão escura e fria que meus pezinhos começaram a doer e congelar.
Ao longe vi uma árvore grande com uma abertura no tronco. Entrei pela abertura e me instalei o melhor que pude. O vento continuava a cantar sua música triste. Tentei cantar junto mas minha boca estava muito seca. Eu não
estava com medo. O vento, o frio e a chuva são forças da natureza, assim como eu e meu filhote.
Quando fui me ajeitar mais no fundo do tronco esbarrei em algo: Trovoada!!
Ele tremia e seu olhar era assustado! Eu o abracei e beijei! Sua barriguinha, sempre tão quentinha estava fria como seu focinho. Tentei aquecê-lo mas o frio era muito. 
Do fundo do tronco observei como a natureza é forte e poderosa! Era a primeira vez que eu me encontrava numa situação assim. Comecei a ficar orgulhosa de fazer parte de algo tão grandioso. E, pensei, se faço parte da natureza, provavelmente tudo que existe nela eu também tenho. As vezes corro como o vento, fico tranqüila como as águas do riacho, me abro em sorrisos como algumas flores e, como diz minha mãe, derramo lágrimas como as cachoeiras !! 
Pensando assim, me perguntei: "E onde está meu sol?" Talvez se eu procurasse bem dentro de mim eu o achasse.
Então, comecei a olhar pra dentro de mim, procurando o meu sol, enquanto o vento cantava alto.
E vi a imagem dos braços fortes de meu pai me levantando para pegar uma fruta no alto de uma árvore, vi o sorriso de minha mãe amamentando meu irmão pequenino em seu peito, lembrei do cheiro doce dele, escutei minha avó contando histórias em volta da fogueira, me lembrei do banho de rio no último verão, da imensa fogueira no centro da taba na festa da primavera, da braza vermelha e amarela estalando, da tigela de sopa soltando fumaça e, de repente foi se formando no meu peito um sol tão quente que foi crescendo e tomando meu corpo! Eu era uma grande bola de fogo, iluminando o tronco e aquecendo a mim e ao Trovoada! Meus pézinhos não estavam mais frios!
Eu sabia que agora conseguiria voltar pra junto da minha família.
Corri com Trovoada no colo em meio ao vento, mas eu estava aquecida e iluminada! Eu podia ver a escuridão a meu redor, mas eu era como uma tocha iluminando o caminho.
Cruzei o quadrado da aldeia e entrei em nossa oca. Todos dormiam e meu sol continuava a arder!  Eu olhei para minha família que dormia sem saber o que havia acontecido. Meu sol vinha dali, daquela união, daquele aconchego, daquele calor.
Pouco a pouco meu sol foi se pondo como nas tardes de outono, a oca foi se enchendo de penumbra e a fogueira ardia docemente.
Eu me deitei no meu canto. Puxei as mantas, cobri o Trovoada e dormimos mansamente.

sábado, janeiro 21, 2012

Tempo...




quinta-feira, janeiro 19, 2012

30 Anos sem Elis...

Viver é melhor que sonhar...

Lembranças felizes...


"Sinto uma grande saudade da  sensação de frescor causado pelas espuma das ondas molhando os meus pés. Posso não ir à praia por anos, mas não me esqueço nunca dessa deliciosa sensação"
(Eu)



quarta-feira, janeiro 18, 2012

A Floresta - Parte 2


A Floresta - Parte 1 - você encontra aqui: http://brincando-com-palavras.blogspot.com.br/2012/01/floresta-parte-1.html


Do lado de fora da modesta casa da vila, o frio era terrível, mas dentro da moradia, o calor da lareira e das pessoas ao redor do pequeno berço fazia com que se esquecessem que era inverno.

A pequena Rosa era a alegria de todos! Branca, sua irmã mais velha, não cansava de admirá-la. Era a sua bebezinha, a sua boneca mais querida! Rosa nascera saudável mesmo com o susto que sua mãe levara na floresta.
A vida na vila seguia como há décadas. O tempo sempre frio e úmido fazia com as crianças vivessem resfriadas e as ruas lamacentas. O trabalho na mina embrutecia os homens e fazia-os morrer ainda moços. As mulheres passavam a vida cuidando da casa, do marido e dos filhos. Não se via grandes esperanças para as crianças. O ar era pesado e o céu sempre cinza.
Nos anos seguintes a família de Dolores crescera. Dois anos após o nascimento de Rosa, Deus a havia abençoado com chegada dos gêmeos João e Maria. O casal de irmãos era inseparável em tudo. Viviam correndo e brincando sempre juntos. Dolores reconhecia que era pobre, mas que tinha os melhores tesouros de toda vila, pois seus filhos eram ótimas crianças.
O que mais Dolores temia era a floresta e o que se escondia por entre as árvores. Gente ou bicho, o terror estava sempre por ali.

terça-feira, janeiro 17, 2012

A Floresta - Parte 1

A tarde terminava e Dolores ainda se encontrava dentro da floresta. Ela tentava sair dali o mais rápido possível, mas seu adiantado estado de gravidez não lhe permitia andar tão rápido. Dolores tentara sair da casa de sua mãe mais cedo, mas as conversas se prolongaram demais e agora ela tinha que correr contra o tempo, antes que escurecesse completamente e ela ficasse perdida. Um imenso grupo de lobos vivia por aqueles lados e ela não queria ficar frente a frente com eles.
Os habitantes da vila de Dolores continuavam com o costume de enviar para dentro da floresta os seus doentes mais graves. Principalmente os tuberculosos cujos métodos de tratamentos eles não conheciam. Para evitar que mais pessoas fossem contaminadas eles os transferiam para o interior da floresta, onde acreditavam que eles melhorariam por viverem em contato com o ar mais puro ou morreriam, sem que seus familiares presenciassem os horrores dos últimos momentos.
Com o passar dos tempos outros costumes foram sendo adicionados a este e a floresta tornou-se um depósito de crianças nascidas deformadas, doentes ou órfãos. Por ser uma floresta densa e de grande tamanho, era possível se viver nela uma vida inteira sem encontrar a fronteira para a vila.
E foi assim que a mãe de Dolores foi morar na escuridão da floresta ao ser constatada sua enfermidade. Como boa filha, Dolores não deixava de visitar sua mãe mesmo na situação em que se encontrava.
Grávida do segundo filho Dolores sabia que se encontrasse os lobos ela não teria chance de sobreviver, pois não conseguiria correr para se salvar. Ela já podia ver as fracas luzes da vila ao longe quando ouviu os primeiros estalos de galhos ao seu redor. A respiração dos lobos aqueciam-lhe as pernas e ela pode ver entre as árvores o brilho dos olhos vermelhos dos animais. Ela tentou correr mas o chão estava repleto de folhas, galhos secos e troncos que a derrubaram. Os lobos correram em sua direção e ela só pensava em seus filhos. Uma das lobas mordeu-lhe a perna enquanto os outros tentavam morder-lhe os braços e o pescoço. Dolores gritava e se debatia na esperança de conseguir espantá-los.
De repente um tiro!
E a fêmea caiu por cima de seu ventre. Dolores ainda pode sentir a quentura da barriga do animal, seu pelo farto e a respiração parar.
Os caçadores que por ali faziam a ronda noturna ouviram os gritos e latidos e certeiramente atiraram no animal e depois no bando que fugiu em disparada.
Os homens levantaram Dolores e saíram da floresta levando-a nos braços.
O lobo-alfa seguiu-a com o olhar. Mesmo a distancia ele não esqueceria aquele cheiro. O cheiro da humana que havia sido responsável pela morte da sua fêmea. Ele não esqueceria.

segunda-feira, janeiro 16, 2012

Escola pra quê?


Toda manhã de segunda-feira é a mesma coisa: a avó não consegue fazer a neta de oito anos se levantar de imediato para ir para a escola.
Enquanto toma banho para colocar o uniforme a menina começa com as perguntas:
- Não quero ir vó!
- Mas tem que ir !!
- Mas por que vó?
- Por que como diz na televisão? "Lugar de criança é na escola"!
- Mas quem disse isso? Aposto que não foi uma criança! Por que pra mim lugar de criança é na rua brincando, é na praia, é no mato, é na laje soltando pipa. Quem disse que lugar de criança é na escola?
- Foram os homens do governo e pronto!
- E eu preciso obedecer? por que?
- Por que se os homens do governo souberem que você não vai pra escola, vão pensar que estamos colocando você pra trabalhar em vez de estudar!
- e a senhora vai presa, vó?
- Não vou por que você vai se levantar daí e vai pra escola agora!
- Mas por que?
- Por que se você não for pra escola não passa de ano!
- Passo sim! Todo ano tem festa de fim de ano e a gente passa para o outro ano!
- Não é isso que estou falando menina!
- Você precisa ir pra escola pra aprender as coisas da vida!
- Vó você foi pra escola?
- Não! então é por isso que você precisa ir, pra ser melhor do que eu!
- Ninguém é melhor do que você vó! e meu vô também não foi pra escola!
- E por isso ele teve que trabalhar na roça a vida toda! Você vai ser diferente! Você vai aprender muito lá!
- Mas, vó eu não entendo nada o que aquela professora diz!
- Um dia você vai entender, é só prestar atenção!
- Eu presto atenção, vó! Mas minha cabeça fica cheia de perguntas!
- Ué, que bom né? isso quer dizer que você tá aprendendo a pensar!
- Aprendendo a pensar? que isso, vó?!! eu já sei pensar! vê só.... viu? tô pensando!
- não é isso menina, é outra coisa
- Olha só, vó, como não dá pra entender: A professora diz: Quem descobriu o Brasil? aí eu respondo: Pedro Álvares Cabral !
- Muito bom, minha neta! viu? você já aprendeu!
- É mas aí eu fico pensando: ele tava sozinho dentro daquele navio? não tinha mais ninguém com ele? será que não foi o moço que tava lá em cima do navio que viu o Brasil primeiro? então não será que foi esse moço que descobriu o Brasil?
- Menina, você tem cada idéia!!
- Quer ver outra coisa que não entendo? A professora disse que os escravos vieram de um lugar chamado África. Mas eles eram malucos? Pra que sair de lá pra ser escravo aqui?
- Ai, menina, você faz cada pergunta!!
- Não faço não, vozinha, por que se eu fizer essa pergunta na aula a professora briga comigo!
- Por que você vai criar confusão na sala!
- Então, escola pra quê?
- Ora, pra você conviver com outras crianças da sua idade, brincar !
- Mas isso eu faço na rua quando encontro minhas amiguinhas!
- Menina na escola é diferente! Lá você aprende as letras, as contas! Aprende sobre os outros lugares do mundo!
- Ah! isso é verdade! Outro dia a professora falou sobre "algarismos romanos"... primeiro eu fiquei um tempão pensando o que era algarismos e quando ela explicou eu pensei: "por que as professoras gostam de falar do jeito que a gente não entende? por que ela não disse logo "números"?
- Por que ela queria ensinar uma nova palavra pra vocês!
- E romanos? vó, quando eu soube o que era romanos eu fiquei assustada a aula toda!!
- Mas por que isso?
- Por que fiquei pensando: se temos que aprender os números desses romanos é por que eles vão invadir o Brasil e nós já precisamos saber os números deles! Fiquei muito assustada!
- Não é nada disso, menina! Eu também não sei direito sobre esses números, mas eu não fui na escola e você já está sabendo.
- Pra mim a melhor hora da escola é a hora da merenda! Adoro o almoço da escola: macarrão com salsicha, arroz com peixe
- Menina! a escola não é só pra isso
- Mas vó, então, você não foi a escola, meu vô não foi a escola e estão aí vivinhos até hoje...
- Mas poderíamos estar vivendo muito melhor e você vai aprender tanta coisa...
- Sei! Vó a professora só fala de jeito estranho. Ela fala: Se você comprar uma pizza e dividir em oito pedaços e comer um, que fração da pizza você comeu? Aí eu pergunto pra você vovó: Nós algumas vez compramos uma pizza pra eu saber como ela é? e se eu comer um pedaço dessa coisa, eu já comi um pedaço! por que tem que falar em fração? eu sei lá o que é fração? um pedaço de uma coisa é um pedaço de uma coisa. E pronto!
- ah! minha neta eu não sei explicar tudo pra você e é por isso que você está lá na escola pra aprender e me ensinar.
- Como assim?
- Indo para a escola você vai aprender não só a ler e a escrever, você vai aprender a história do Brasil, as coisas que aconteceram e que acontecem no mundo.
- E isso é importante vó?
- É claro que é. Você sabendo as histórias antigas, você vai saber como as coisas vão ficar no futuro. Com a escola você terá uma chance maior do que eu, seu avô e sua mãe. Pra trabalhar na roça ou na faxina você só precisa mesmo saber pegar na enxada e na vassoura. Com a escola você vai sentar em frente da televisão e vai entender tudo o que o moço do jornal tá falando. Com a escola você vai poder escolher o melhor caminho pra sua vida e não vai ser fácil enganar você. E não vai ser só na hora do moço da padaria te dar o troco! Você não vai ser passada pra traz em momento algum. Indo a escola você vai ser uma brasileira de verdade.
- Mesmo eu não sabendo o que é oxítona?
- Mesmo assim! e um dia você vai me explicar quem é esse tal de oxítona! Agora acabe de se arrumar pra não chegar atrasada na escola!
- Ah! vó, e eu que pensei que você só queria que eu fosse pra escola pra ficar em casa sozinha e sossegada por algumas horas!
- Também isso minha neta!
- Vó eu já sei o que eu vou ser quando crescer: eu quero ser professora!
- Ta certo menina, aí você vai entender certinho a resposta de “escola pra quê”?

quarta-feira, janeiro 11, 2012

Uma Cidade Boa de se Viver

Quando no Brwskysvlatsmão, país em que nasci e vivo, ficou resolvido que nos nomes próprios não seria mais necessários o uso de vogais, nós, os aldeões ficamos aliviados, pois sempre nos foi difícil encontrar nomes para os filhos que encaixassem essas malditas letrinhas. Assim, passamos a dar nomes simples às nossas crianças, como: Symbw, Swry, Bylwn.
Nossa cidade, Ruzcyk, ficou mundialmente conhecida por fazer fronteira com Kuzcek, cidade vizinha, após, Borat, fomoso jornalista, ter documentado sua visita ao USA.
Ruzcyk tem um clima chuvoso nas épocas das chuvas e chuvoso também nas épocas de seca.
Nossas crianças vivem totalmente sujas de lama a vida inteira, isso faz com que não saibamos se somos brancos ou morenos. Uma vez recebemos a visita de um africano e ficamos com muita pena dele, pela quantidade de lama negra que ele carregava na pele. Jogamos o coitado no lago para lavá-lo, mas a lama já estava muito grudada e mesmo passando palha-de-aço não conseguimos limpá-lo.
A fruta que melhor representa nossa cidade é o cajá-manga. Uma semente dessa fruta foi trazida de um outro país por algum viajante, que a plantou em nosso solo fértil. A partir da primeira colheita descobrimos várias utilidades para o caroço da fruta, desde lustrar panelas e sapatos até esfregar a sola dos pés dos idosos. Com tantas utilidades o cajazeiro se tornou praticamente uma árvore sagrada para todos nós e estampa nossa gloriosa bandeira.
No passado, nossas meninas e mulheres eram sempre violentadas por ursos grandes e peludos, o que as fazia ter filhos fortes, louros de olhos azuis, mas bastardos. Para evitar isso, resolvemos que assim que nossas meninas chegassem a uma certa idade elas seriam dadas aos ursos em casamento e, quando eles se cansassem delas eles a devolveriam às famílias. Com essa prática diminuímos muito o número de filhos-bastardos, pois nenhuma das mulheres devolvidas pelos ursos deu à luz a filhos fortes de ursos. Isso é, quando as mulheres desejaram voltar. Achamos que os ursos devem ser bons maridos pois muitas mulheres ficaram para sempre na floresta e nunca retornaram para suas famílias.
Enquanto nossas mulheres vivem com os ursos, nossos rapazes vivem até a idade adulta com suas mães e irmãs menores aprendendo a cozinhar bode e a transformar couro de cordeiro em bonitas almofadinhas . Depois vão morar junto com os outros rapazes numa cabana afastada da cidade, para que tenham privacidade e possam usar vestidos e perucas louras se tiverem vontade.
Somos um povo pacífico, nunca tivemos histórias de batalhas ou revoluções. Uma vez um grupo de um país feio que não quero declarar o nome resolveu nos invadir. Simplesmente nosso governante deu-lhes uma rasteira: abriu os portões da cidade e eles feito bobos entraram, saquearam, roubaram e violentaram até nossos cachorros e depois saíram com o rabinho entre as pernas, sem que nós disparássemos uma só flecha. Quando o último invasor saiu da cidade, após queimar nossas casas, nós lhes demos caretas e rimos dele, coitado! Somos assim: um povo pacífico que não quer saber de guerra!
Nossa principal renda é a bolota de cocô de cavalo! Exportada para outras cidades ela nos torna uma cidade próspera. Muitas coisas podem ser feitas com bolotas de cocô de cavalo: para cidades em guerra (não é o nosso caso!) elas servem para serem jogadas na cabeça dos inimigos, ou quando estão endurecidas, servem como apoio para a cama, caso um dos pé se quebre; como elas têm fibras, servem como lenha nas lareiras e fogões de cozinha. Enfim, inúmeras utilidades!
Ensinamos as nossas crianças a terem grande respeito pelos idosos, a quem amamos muito. Então, tão logo nossos pais completam cinqüenta anos nós os trancamos num quartinho para que não sofram abusos de nenhum mal feitor. Os pais se sentem tão agradecidos com esse gesto que muitos morrem em silêncio, sem gemer ou gritar e seus filhos só descobrem que eles se foram quando reparam que, as vasilhas de comidas, deixadas na passagem por debaixo da porta, começam a se encher de baratas.
Nas próximas férias, venha nos visitar!
Mas lembre-se: traga galochas !
 
Obs.: Informo que eu não havia fumado bolota de cocô de cavalo antes de escrever esse texto.

terça-feira, janeiro 10, 2012

Férias de Verão com Chuvas

E quem disse que férias não combina com chuva ? Provavelmente aquela mãe que não sabe o que fazer com o filho dentro de casa!
Verão com chuva não é só pra ficar na frente da televisão ou jogando no computador. Assim dá tédio!
Deixe que pelo menos numa dessas tardes que seu filhote tome um bom banho de chuva!
Primeiro ele não vai acreditar que você está realmente permitindo isso, então o melhor modo de fazê-lo crer é você ir para o quintal antes dele e mostrar que chuva é bom, que ele não vai derreter ou murchar. Quando ele sentir as gotas grossas caindo no rosto a transformação é imediata!

Impossível ficar impassível diante das manifestações da natureza e para uma criança essa lembrança vai ser pra sempre.
Sentir os pés molhados de lama quente e a roupa grudada no corpo são momentos únicos.
Banho de chuva é bom por divertimento, não por necessidade!
Depois é entrar em casa ainda gargalhando, tomar um banho de chuveiro e beber um chocolate quente, mesmo se estiver no verão!
Ah! mora em apartamento e não tem quintal, só área? que tal um banho de mangueira ou de balde? são risadas na certa! daquelas que nenhuma mãe se esquece nem que viva cem anos!!
Não dá pra morrer se uma vez na vida tomar um banho de chuva, de mangueira ou de tanque!
Vai molhar toda a área? Mãe! É água, não é tinta! Vai secar com o calor!
Banho tomado, vamos ver fotos antigas? pegue a caixa de fotografias e sente no sofá da sala. Nem precisa chamar as crianças. Elas vêm correndo e o que não vai faltar são perguntas e risadas!! "que cabelo é esse?", "por que você estava usando essa blusa horrível?", "meu pai tinha bigode?", "meu vô tinha cabelo?", "quem é essa moça magra perto da minha vó?"
Deu fome? todos (mesmo que você só tenha um filho!) pra cozinha preparar um lanche: suco, mate, leite e sanduiches! Cada um prepara o seu com o que mais gosta: com tomate, queijo, presunto, mel, açúcar, banana ou o que aparecer na geladeira.
E se o pic-nic for na sala? é só empurrar os sofás para um canto, forrar uma manta no meio da sala, trazer os comes-e-bebes e apreciar a chuva caindo lá fora enquanto conta um "causo" da família!! Fale sobre um tio engraçado que já se foi, conte como conheceu o pai deles e como se enamoraram, relembre um pic-nic da sua infância com seus irmãos. Essas histórias serão repetidas centenas de vezes enquanto eles forem crescendo.
Mais tarde vai passar um filme bom na televisão? Mas é muito tarde e normalmente você não deixa seu filhote assistir a esse horário? Lembre-se choveu o dia inteiro e ele nem se divertiu direito. Informe que é só por hoje e deixe-o sentar na sala, como um futuro adulto assistindo a sessão das 20hs. As 20:20 ele estará dormindo ali mesmo, mas com a sensação de que pode ver um filme à noite e você irá dormir sem brigas.
Ele não escovou os dentes antes de dormir?
Ah! mãe! Lembre-se: Ele está em férias!

segunda-feira, janeiro 09, 2012

Amar é fácil...

domingo, janeiro 08, 2012

Folha em branco

Do canto observo a criança.
Folha branca de uma vida.
Que vontade de lhe contar tudo o que virá!
Mas aí, qual a surpresa?
Qual o encanto?
Qual a ansiedade do desconhecido?
Melhor ficar só assistindo....


Pintura de Donald Zolan

Cenas que sempre me emocionam...

Cena final do filme "Pequena Menina, Grande Mulher", com Dakota Fanning e Brittany Murphy. Jesse Spencer canta "Molly Smiles".
Pena que a jovem e talentosa Brittany se foi...

sexta-feira, janeiro 06, 2012

De ausências

Acompanho alguns blogs que acho bonitos e interessantes. Com eles aprendo, me inspiro e me divirto muito. Por esses dias li um texto maravilhoso postado pela Flávia Ferrari em seu blog (http://www.decoracasas.com.br/).
Abaixo transcrevo o que li e amei:

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
(re) começando o ano
Filhos, chuva, máquina de lavar roupa a todo vapor. Aquela bagunça boa de viagem que passou com aquelas pendências acumuladas do ano que não acabou ;-)
É bom voltar, é bom recomeçar.
Hoje marco o início do blog em 2012 com um texto do jornalista Daniel Piza. Piza faleceu dia 30 de Dezembro último aos 41 anos de idade. O texto ("de presentes e ausências") foi publicado no dia 25 de Dezembro de 2011 no blog que ele mantinha no portal do Estadão. Eu me identifiquei com histórias, com sentimentos e conceitos descritos nele.
Feliz 2012 para nós.
Daniel, onde quer que esteja, obrigada por estas palavras.
Um beijo enorme.

de presentes e ausências
Nesta época é comum ver, além das retrospectivas, os apelos piegas ao tal espírito natalino, abusos de expressões como “renovar esperanças”, previsões furadas de astrólogos, tarólogos e outros loucos, textos que lamentam onde estão os natais d’antanho, mensagens de boas festas com listas de virtudes. Meu impulso é perguntar por que as pessoas não procuram ser assim o ano todo, e não apenas no solstício que foi apropriado pela religião e pelo folclore para se tornar uma data paradoxal em que se discursa sobre bons sentimentos enquanto se consome em ritmo febril; até mesmo os nacionalistas se calam diante do fato de que a festa não tem cara do calor de 34 graus. E então me ponho a pensar em como generosidade e respeito, para ficar só nesses dois itens, andam em falta nos tempos atuais, especialmente nas grandes cidades, e em como a tecnologia que deveria nos aproximar nos tem dispersado. Mas lembro os Natais de infância, comparo com o dos meus filhos e as diferenças se tornam irrelevantes, porque os prazeres e as questões são muito parecidos. E os dias deliciosamente desocupados, desacelerados, convidam ao balanço do ano, ainda que tenha tido tantas tristezas em meu caso, e sem balanço não há avanço.
Somos carne e pensamento, um não se dissocia do outro, e do mesmo modo o Natal é ficar feliz em dar e receber presentes, é ver as crianças alegres com o que ganham e pronto, sem místicas nem melancolias. Lembro que meu avô nos levava em seu Opala, no banco da frente, câmbio atrás do volante, para procurar o Papai Noel. Olhávamos para o céu e achávamos que qualquer luzinha era a carruagem de renas. Quando voltávamos, ele já tinha passado e deixado os presentes sob a árvore. Um primo mais velho me disse: “Cheguei até a ver a perna dele saindo pela janela”. Eu devia ter uns oito anos e achei estranho; afinal, era só ter ficado ali que com certeza o veríamos, já que eu nunca tinha conhecido ninguém que não ganhasse presentes todo santo Natal. (Eu já estava acometido desta mania de descrença: antes de fazer 6 anos, na minha primeira viagem de avião, assim que ficamos acima das nuvens perguntei ao meu pai onde estavam os “anjinhos”. Não era ali que diziam que eles moravam?) De qualquer modo, afora as comidas saborosamente calóricas, quase sempre o presente fazia a dita magia da noite. Digo “quase sempre” porque uma vez pedi um Piloto Campeão e ganhei uma Motocleta. Inconformado, reclamei: “Que Papai Noel burro!” Mas a Motocleta, espécie de triciclo evoluído, me divertiu muito mais ao descer a rampa do abacateiro na chácara que tínhamos.
Ver o sorriso de filhos e sobrinhos é boa maneira de encerrar o ano, como o fecho de capítulo de um livro que ainda não terminou, e mesmo que não chegue a redimir o capítulo ruim. Perdi minha mãe e, apesar das falas pseudo consoladoras do tipo “É a vida” (não, é a morte mesmo) e “Tudo vai ficar bem” (defina “bem”), a dor ganha intervalos, mas a ausência fica. Tive também uma decepção pessoal, que abalou minha confiança, me tirou alguns quilos, me fez ver de novo como nossos melhores esforços podem ser os mais injustiçados, como a ingenuidade é amiga da vaidade, como a efusão brasileira pode ocultar inveja ou egoísmo. Também não fico feliz ao pensar que para tantas pessoas uma experiência insubstituível como ter filhos pode ser vista como algo que “atrapalha” ou, pior, que justifica manter relacionamentos frios ou frustrantes, em vez de renová-los. Mas terminei meu capítulo com páginas encorajadoras, confiante não apenas em ter superado a fase crítica, mas também em não ter deixado o desencantamento tomar conta. Aí está, se me permitem o toque natalino: não deixar o desencanto tomar conta é o melhor presente.  
O jornalista e escritor Daniel Piza morreu na noite desta sexta-feira (30), vítima de um acidente vascular cerebral (AVC). Ele tinha 41 anos e estava em Gonçalves (MG), passando as festas de final de ano com a família. As informações são do jornal O Estado de São Paulo.

quinta-feira, janeiro 05, 2012

Gota





Pela janela vejo a chuva, 
no vidro corre uma gota...
não sei se é chuva
ou se é lágrima...

quarta-feira, janeiro 04, 2012

Porta aberta


Meu coração está sempre aberto,
é casa sem dono,
porta sem chave,
janela sem grade,
cofre sem tranca.
Meu coração deixa livre
quem se aventurar a morar nele.

terça-feira, janeiro 03, 2012

Maria, Maria - Ultima Parte

Agora não havia mais desculpas e Maria teve que se mudar do barraco em que viveu por tantos anos e se mudar para a casa de tijolos na entrada da favela. Maria sabia que teria que recomeçar do nada, somente com suas filhas e a roupa do corpo. Mas ela já havia recomeçado tantas vezes que mais uma vez não a assustava. Maria, apesar do olhar tímido, era guerreira e não desanimava tão fácil, mesmo que a vida sempre lhe mostrasse o lado mais sombrio.

Um ano se passou e Maria já bem acomodada na nova residência, ia aos poucos decorando a casa, que possuía uma boa cozinha, sala espaçosa e dois quartos, sendo que um fora arrumado para as meninas. Com o quintal em volta da casa Maria pode dar às filhas o cachorro que elas sempre sonharam em ter. Era uma cachorra vira-lata que as meninas batizaram com o nome de Magrela, por ter sido encontrada no lixão da favela, totalmente desnutrida. Maria sentiu pena do pobre animal e lembrou-se dos dias em que passou fome e prometeu que qualquer ser que passasse por sua vida, não passaria fome.
Um domingo à tarde, Maria ouviu alguém batendo palmas em seu portão. Era Dr. Ricardo e Dona Carol que vinham visitá-la pela primeira vez. Maria não se conteve de alegria. Ela não tinha costume de receber visitas e era maravilhoso que eles fossem os primeiros, por que agora ela tinha como retribuir toda a atenção que eles haviam lhe dado. Dona Carol lembrando-se das meninas, trouxe bolo e refrigerantes para animar a conversa enquanto Dr. Ricardo trazia uma muda de roseira plantada num grande vaso. Dizia que seria o início de um bonito jardim no quintal da casa, pois ele traria outras mudas nas próximas visitas.
Ao receber o vaso, Maria sentiu o as mãos do médico sobre as suas e o olhar doce e carinhoso dele preso aos dela. Maria se sentiu a mulher mais bonita do mundo...

segunda-feira, janeiro 02, 2012

A Saga Crepúsculo - Nosso Capítulo Final

Minha amiga Luana, fã da Saga Crepúsculo, do livro e do filme, criou seu próprio final para a história que ela tanto admira. Enquanto ela me contava o que deveria acontecer, resolvi registrar o que ela me dizia. Se você é fã também, está aí um final alternativo:
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A batalha final entre os vampiros e lobisomens durou uma eternidade. Nunca o mundo viu tamanha ferocidade e horror. O ódio entre aquelas criaturas fantásticas culminou naquele momento, onde o cenário foi as terras das montanhas de Forks, agora ensopadas de sangue.
Dentes e garras foram suas armas, enquanto cabeças e membros voavam separados de seus corpos. Pelos ensangüentados grudavam nos galhos, uivos e rosnados amedrontaram os animais da floresta que fugiram para longe.
O céu e o chão se mancharam de vermelho.
Além das antigas árvores apenas um par de olhos humanos foi testemunha da sangrenta e definitiva batalha: os meus!
Aterrorizada assisti a tudo sabendo que nas duas colonias haviam pessoas com as quais eu me importava.
E mesmo que algum deles viesse ao meu encontro com a intensão de me destruir, outro aparecia para me proteger.
Ao fim de tudo, corpos nus e esquartejados jaziam ao lado de outros vestido, que se transformavam em pó. Alguns tentavam fugir arrastando-se pela grama molhada.
De repente fez-se um silencio assustador e finalmente os dois únicos sobreviventes se confrontaram. De um lado Edward e do outro Jacob em sua incrível forma de lobo. Os dois caminhavam em direção ao outro. O momento definitivo se aproximava e antes que o inevitável acontecesse, meu coração apertado, fez com que eu desse um suspiro de medo. Nessa fração de segundos os dois olharam em minha direção e perceberam que não poderiam fazer o que seus instintos exigiam que fizessem.
Edward virou-se para mim e, com aquele olhar que eu aprendera a amar disse em tom suave:
- Acabou! E deu alguns passos para traz.
Jacob ainda em forma de lobo, caminhou em minha direção e se pôs atrás de mim, e eu podia sentir seu hálito quente e agitado em minhas pernas.
Edward ficou nos olhando, como quem finalmente encontrara a paz e, repetiu:
- Acabou!
E eu pude sentir novamente a respiração do lobo, agora mais calmo e, eu coloquei minha mão em sua enorme cabeça, alisando seu pelo. Meus olhos ainda estavam em Edward e eu simplesmente balancei a cabeça concordando com ele. Ele se virou, saiu andando e desapareceu.
Nesse momento eu pude sentir os braços de Jacob me enlaçando a cintura e eu me senti totalmente segura em seu abraço.
Trinta anos se passaram e eu nunca mais saí de Forks. Não por que eu não quisesse, mas por que ali era o lugar onde eu escolhera para viver e onde eu me sentia segura ao lado de Jacob.
Nós nos casamos e tivemos filhos e não tivemos mais notícias de lobos ou vampiros. Com o tempo aquilo passou a ser uma história antiga passada por outras pessoas. Vivíamos em tranqüilidade e o amor que Jacob me passava era quente e reconfortante como um prato de sopa em dia de frio. A vida não tinha sustos ou medos. Nossa relação era baseada na confiança, pois conhecíamos todos os porões dos nossos pensamentos e todos os segredos um do outro.
As vezes eu subia a montanha e passeava entre as árvores. Não por sentir saudades, mas para me lembrar de que o eu tinha agora era sólido e bom.
Numa manhã num desses passeios senti uma presença na floresta. Uma presença bem conhecida. Nada que me fizesse sentir medo, mas no momento em que Edward apareceu em minha frente tive vontade de fugir e me esconder. Ele estranhou e sua sobrancelha se mexeu como sempre acontece quando ele se vê numa situação estranha. Eu me lembrava disso! E eu me escondi nos galhos.
Ele continuava naquele corpo juvenil, lindo e forte. Não mudara um fio de cabelo, como se o tempo não tivesse passado pra ele. Então senti vergonha, afinal eu não era mais a mocinha que ele havia conhecido e amado. Eu não tinha mais aquele frescor! Eu estava velha! Após olhar o rosto dele eu olhei para as minhas mãos e, minha pele não era tão lisa como antes, com certeza ele havia reparado. E eu quiz fugir daquele momento, mas ouvi a voz dele dizendo meu nome:
- Bella!
E minha respiração parou enquanto meu coração disparava. E ele repetiu:
- Bella!
Eu respirei fundo e saí do meu esconderijo. Ele me olhou como em outros tempos, como se eu ainda fosse aquela Bella de trinta anos atrás e, de repente eu não estava mais com medo da rejeição ou de qualquer outra coisa.
- Como você está Edward? perguntei e ele me respondeu:
- Como "você" está Bella? é só isso que eu preciso saber! Eu preciso saber se fiz a coisa certa. Eu preciso saber se me afastando eu lhe dei a oportunidade de viver feliz. Eu preciso sentir que o que fiz foi o certo para eu poder também seguir em paz.
Fiquei por um segundo olhando para aquele que fora o amor da minha vida, para aquele pelo qual eu teria morrido para lhe dar a vida, para aquele para quem eu teria largado tudo, inclusive a própria alma para segui-lo e, que se agora, ele me pedisse novamente eu o seguiria sem nem olhar para trás. Nesse breve segundo em que o mundo parou, fui desperta por uma voz infantil ao longe chamando meu nome:
- Vó Bella onde você está? e eu percebi que tudo o que eu mais queria e que me fazia realmente feliz estava ao pé da montanha. E eu respondi ao Edward:
- Você fez a coisa certa! Eu sou imensamente feliz ! E meu coração dizia a verdade! E como ele conhecia bem o meu coração, ele acreditou.
Novamente eu ouvi meu neto me chamando e a voz de Jacob acalmando-o. Eu desviei o olhar para o estreito caminho por onde eles deveriam aparecer a qualquer momento e ao voltar o olhar para Edward ele não estava mais lá.
Fiquei olhando o vazio e suspirei. Agora eu também estava em paz.
Meu neto apareceu e correu em minha direção. Eu o abracei sentindo seu cheiro doce. Depois segurei a mão forte de Jacob e, sem olhar para trás descemos a montanha.....

domingo, janeiro 01, 2012

Palavra para 2012


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