Maria, Maria - Parte 2
Durante alguns dias Maria e Mariana viveram na igrejinha junto com outras pessoas. Comiam, dormiam e trabalhavam ajudando-se uns aos outros. Enquanto as mulheres cuidavam da comida e das crianças, os homens contruíam novos barracos onde o morro ainda permitia.
Quando seu barraco ficou pronto, Maria não se conteve de contentamento, mas ao entrar nele e encostar a tábua que se fazia de porta sentiu um imenso vazio em sua alma. Ficou ali parada com a filha no colo, olhando para aquele espaço que seria sua moradia. Num canto estava um colchão enrolado, perto dele, uma caixa de madeira, provavelmente de frutas do mercado. Em cima da caixa uma bolsa com roupas de criança e outra com utensílios de cozinha. Eram doações recebidas na igreja. Maria soltou o colchão, forrou-o com uma toalha e deitou-se ao lado de Mariana. As duas dormiram assim a manhã toda. Quando acordou resolveu deixar a tristeza de lado e saiu para conhecer o local. Aproveitou e recolheu alguns tijolos e paus jogados no caminho para a construção de seu fogão. Uma vizinha vendo-a assim ainda perdida deu-lhe uma vasilha com sopa ainda quente, o que lhe aqueceu o corpo e o coração. Mesmo com seu jeito tímido e desconfiado Maria havia conquistado sua primeira amiga.