Brincando com Palavras

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Local: Rio de Janeiro, RJ, Brazil

Sou a prima mais velha de uma turma de 32 primas! Gosto de rir e de fazer rir. Adoro conversar, mas principalmente de ouvir. Beber Mate, vinho e Martini. Ver filme aos sabados com os amigos. Sou fiel aos meus sentimentos e respeito os dos outros. E de escrever, é lógico!

sexta-feira, julho 29, 2011

Grande amizade, apesar da distância...


"Deus nos deu parentes. Graças a Deus, podemos escolher nossos amigos!"

Esses dias vi o filme Mary&Max, de 2009. 
Usando bonecos de massinhas e rodada em stop motion, a animação foi classificada como tema adulto não por conter cenas impróprias, mas por tratar de assuntos espinhosos demais para cabecinhas infantis: solidão, abandono, baixa auto-estima, inadequação social, fobias, depressão, homossexualidade...
Cada personagem é um tratado de males  neuropsiquiátricos e psicossomáticos!
Se alguém aí arrepiou os cabelos achando que a animação resultaria muito pesada, engana-se! O tema principal é a amizade, de verdade!
Uma menina australiana de 9 anos escolhe, deliberadamente, um correspondente de 44 anos do outro lado do Atlântico, mais precisamente, em Nova Iorque:
O pontapé inicial dessa amizade nada convencional é a dúvida existencial pela qual todos passaram algum dia: "de onde viemos?"
Como não encontrasse respostas mais perto, Mary resolve procurar mais longe, com um estranho, bastante estranho: Max.
Embora vivamos tempos de incertezas, com "lobos travestindo-se de cordeiros" e escondendo-se sob o manto do anonimato que a internet tece, nem por alto o filme passa alguma impressão, de: "isso não está me cheirando bem!"
Max tem nome, sobrenome, endereço em Nova Iorque e, Síndrome de Asperger.
A história( baseada em fatos reais) é atemporal, mas transcorre numa época em que corresponder-se com alguém demandava "nervos de aço", terreno "onde os fracos não têm vez": escrever uma carta, dobrar cuidadosamente o papel e escondê-lo num envelope, conferir o endereço, colar o selo, despachá-la pelos CORREIOS, aguardar, conferir a caixa e, aguardar mais ainda...é ritualístico! Hoje em dia é tudo tão mais simples, e rápido, e descartável...
Mas a angústia da espera é recompensada pela alegria da resposta, numa carta! 
Isaurinha Garcia, célebre cantora dos anos 30, descreveu tal emoção, num samba-canção:
"Quando o carteiro chegou
E o meu nome gritou 
Com uma carta na mão,
Ante surpresa tão rude,
Não sei como pude chegar ao portão..."
Voltando à nossa dupla de bonecos de massinha, modelados toscamente para "ressaltar a qualidade de seus defeitos", o que importa não é o ponto de partida: o "de "onde viemos?" mas, o "para onde vamos?"
E a amizade entre Mary e Max foi se firmando a cada correspondência que atravessava o Atlântico, apesar das diferenças de cada um. Ao longo de 10 anos trocaram cartas, confidências, dúvidas existenciais, outras, nem tanto...
Impossível não comparar com outro filme, mais antigo: "Nunca te vi, Sempre te amei", onde uma escritora americana( Anne Bancroft) corresponde-se por 20 anos com um inglês( Anthony Hopkins, na era pré-Hannibal), gerente de uma livraria, firmando uma sólida amizade. Já falei deles em outro post.
A atmosfera lúgubre da animação é reforçada pelo preto e branco predominantes na tela, só ponteado aqui e ali por alguma cor, como querendo destacar apenas o que mais importa. Max, por exemplo, tem um gorro enfeitado por um pompom vermelho, assim como a sua correspondente mirim, uma presilha de cabelo no mesmo tom: afinidades, apesar, da distância e diferenças...
Os personagens quase não falam; narradores tratam de contar essa comovente história e emprestam-lhe a voz. Perfeita opção, pois o que mais importa não é o que se fala "da boca pra fora" mas, "de fora para dentro": ouve-se apenas o som do coração, a voz das mais íntimas impressões.
E, apesar de tocar em tantos assuntos espinhosos é impossível não verter cada narração e imagem como uma boa taça de batida de abacate, macia, doce e aveludada. Nem por isso, cai na armadilha da superficialidade: Mary&Max é tocante!
E quando Mary finalmente resolve conhecer seu amigo do outro lado do mundo, descobre de maneira surpreendente, como a amizade entre os dois encheu a vida de Max de muitos sentidos...
Numa de suas cartas à menina, Max confidencia que uma de suas maiores frustrações era não conseguir derramar lágrimas: vertia algumas cortando cebolas, mas, isso não valia...
Não precisarão de cebolas, mas recomendo lencinhos...
Um filme para ver e rever, muitas vezes!


quinta-feira, julho 28, 2011

Do Diário da India Ceci - Vol VIII

Com a lamparina na mão ela saiu na noite escura.
Iluminava os quintais e terreiros. Olhava pelas aberturas, o interior das ocas.
Sua bússola interna tentava encontrar o caminho por onde ele havia seguido
Ela já havia revirado as pedras, mexido nas folhas.
Já procurara no lado escuro da Lua e entre as espuma das ondas. 
Vasculhara as nuvens e as teias do jardim.
Uma parte dele ela sabia onde estava: dentro do seu coração. Mas o restante, evoporara-se.
E ela seguia procurando... a esperança ajudando-a na caminhada.
Uma noite, sem aviso, ela também sumiu na escuridão...
Contam que virou pirilampo!

domingo, julho 24, 2011

Tentaram...

Reabilitação

Tentaram me mandar pra reabilitação
Eu disse "não, não, não"
É, eu estive meio caída, mas quando eu voltar
Vocês vão saber, saber, saber
Eu não tenho tempo
E mesmo meu pai pensando que eu estou bem;
Ele tentou me mandar pra reabilitação
Mas eu não vou, vou, vou

Prefiro ficar em casa com Ray (Charles)
Não posso ficar 70 dias internada
Por que não há nada
Não há nada que possam me ensinar lá
Que eu não possa aprender com o Sr. (Donny) Hathaway

Não aprendi muito na escola
Mas sei as respostas não estão no fundo de um copo

Tentaram me mandar pra reabilitação
Eu disse "não, não, não"
É, eu estive meio caída, mas quando eu voltar
Vocês vão saber, saber, saber
Eu não tenho tempo
E mesmo meu pai pensando que eu estou bem;
Ele tentou me mandar pra reabilitação
Mas eu não vou, vou, vou

O cara disse: "Por que você acha que está aqui?"
Eu disse "não faço idéia
Eu vou, vou perder meu amor
Então eu sempre mantenho uma garrafa por perto"
Ele disse "acho que você só está deprimida,
Me dê um beijo aqui, amor, e vá descansar"

Tentaram me mandar pra reabilitação
Eu disse "não, não, não"
É, eu estive meio caída, mas quando eu voltar
Vocês vão saber, saber, saber

Eu não quero beber nunca mais
Eu só oh, só preciso de um amigo
Não vou desperdiçar dez semanas
Pra todo mundo pensar que estou me recuperando

Não é só meu orgulho
É só até essas lágrimas secarem

Tentaram me mandar pra reabilitação
Eu disse "não, não, não"
É, eu estive meio caída, mas quando eu voltar
Vocês vão saber, saber, saber
Eu não tenho tempo
E mesmo meu pai pensando que eu estou bem;
Ele tentou me mandar pra reabilitação
Mas eu não vou, vou, vou
(Rehab - Amy Winehouse)

quinta-feira, julho 21, 2011

Cenas que sempre me emocionam...

"Cuidado com o Homem! Pois ele é o peão do demônio! É o único entre os primatas de Deus que mata por esporte, cobiça ou avareza" - cena final do filme "O Planeta dos Macacos" (1968)

quarta-feira, julho 20, 2011

Propriedades

Outro dia li um texto em que o autor dizia ser dono de pequenas coisas e locais, só vistos por ele, na cidade em que ele vive. Só após essa leitura descobri que também faço parte desse grupo de pessoas proprietárias sentimentais.
Há lugares e coisas que nos pertencem há anos, sem papel passado e sem burocracia. Esses lugares e coisas nos pertencem as vezes, em horário determinados do dia ou épocas do ano. Por exemplo: por três dias do ano sou proprietária da calçada do meu prédio quando o pé de ipê amarelo se enche de flores! Só eu acho bonito enquanto os outros reclamam que a calçada fica suja. Eu olho e vejo meu lindo tapete amarelo que só vai ser meu de novo no próximo ano.
Na praça em frente existem várias árvores, mas somente o tronco de uma delas é meu! Ele é cheio de desenhos e cada pedaço é de uma cor. Esse tronco (foto) é meu por alguns minutos enquanto espero o ônibus. Não me  importo de dividi-lo com algumas formigas que sobem por ele.
Existe também um raio de sol que atravessa o meu quarto e que é meu há vários verões. Esse é meu só na parte da manhã, depois ele vai para a casa vizinha e aí eu não tenho mais poder sobre ele.
Na esquina da rua, perto do sinal, há um pedaço da calçada que é meu desde que ela se partiu. Antes de atravessar a rua gosto de ficar me equilibrando nela. Ela é minha por segundos, mas é minha!
Tenho também um cachorro que vive no segundo andar de um apartamento por onde passo. Todos os dias eu o admiro na janela olhando pra rua e ele late pra mim. Ninguém mais sabe que ele me pertence. Só ele e eu. Como também é meu um ventinho gostoso que passa na curva dentro da estação do metrô. Vejo gente se aborrecendo com ele, mas pra mim é um deleite e passo por ali bem devagar pra aproveitar o que me pertence. No alto do morro que dá pra ver da janela da casa da minha mãe, há uma pedra em formato de urso que também é minha. Quando há tempestades eu me preocupo se ela saiu do lugar. Eu não gostaria de ver  o meu urso entrando pela casa da minha mãe. Mas ele continua lá firme como uma rocha!
Fazendo um inventário rápido eu tenho também: uma plantinha que dá uma florzinha azul (já falei dela em outro post) que nasce na rachadura do muro da padaria, um portão de madeira pintado de vermelho, um regador de jardim que fizeram de vaso de flores num quintal, um anjinho entalhado numa porta grande num prédio na cidade, um segredo escondido atrás do altar da Igreja de São José, uma poltrona perto da janela no ônibus onde dá pra ver o Cristo quando ele faz a curva, um bando de maritacas que voam barulhentas toda manhã com destino que só elas conhecem (mas que eu as conto pra ver se nenhuma se perdeu no caminho), um casarão antigo cor de vinho erguido na 24 de Maio, que se pensarem em derrubar vão arrumar briga feia comigo, etc...
Há coisas que ninguém imagina que seja meu! Por exemplo: o Pão de Açúcar! Ele é todo meu, nos exatos minutos em que passo por ele até ele sumir na curva. A Cabeça do Imperador, sempre foi minha, junto ao Gigante adormecido que só eu sei onde está!
Pra possuir todas essas coisas é preciso atenção, olhar atento e cuidado com o que possui. Tem que estar sempre verificando se tudo está no lugar como deveria.
Ser um observador sensível é fundamental para crescer a lista de tesouros.
Outro dia descobri uma rua cheia de árvores de lado a lado, lá perto de onde moro. Elas não sabem mas elas serão minhas. Só estou dando um tempo até elas se encherem de ninhos de passarinhos..

terça-feira, julho 19, 2011

A Quatro Mãos

 Cada qual sabe amar a seu modo; o modo, pouco importa; o essencial é que saiba amar. (Machado de Assis)
Quando o amor vos chamar ascendei à chama:
Ele diz: “Amor é da alma, paixão é do corpo".
Ela diz: “Meu corpo descansa no amor, minha alma liberta-se na paixão".
E dessa contenda pacifica fortalece a ligação.
O corpo dele apaixona-se pelo amor da alma dela. Todos gozam e todos sofrem. Estão ligados pela teia do tempo. Se o corpo precisa de descanso, a alma pede liberdade. Se a alma é livre é o corpo a prisão de Camões, “É querer estar preso por vontade”
Oscar Wilde disse: "Almas e corpos, corpos e almas - como são misteriosos! Há animalidade na alma, e o corpo tem seus momentos de espiritualidade. Os sentidos se podem refinar e o intelecto, degradar. Quem sabe dizer onde termina o ímpeto físico ou começa o impulso mental?"
Uma paixão não se cabe em "só uma paixão". Não se pode dividir em tempo, o tempo de uma paixão. Nem diminuir em escala o valor da paixão. Não vivê-la por preferência é negar a alma de desfrutar o corpo.
Todos gozam e todos sofrem: corpo e alma, amor e paixão. A alma precede o corpo assim como a paixão precede o amor. Porem, assim como não há corpo sem alma também não haverá amor sem paixão, mas já que há alma sem corpo também haverá paixão sem amor.
Quando o amor vos chamar cessai as lamentações: 
Ele diz: “O amor perdoa, mas o corpo nem sempre”.
Ela diz: ”O corpo esquece, o amor nem sempre”. 

segunda-feira, julho 18, 2011

Os Bichos estão soltos no Rio de Janeiro

Praça Paris - Glória
Theatro Mucipal do Rio de Janeiro
..
Praça Paris - Glória

Praça Paris - Gloria


Museu da República - Catete

 
Museu da República - Catete

Lagoa Rodrigo de Freitas

sexta-feira, julho 15, 2011

Dorinha

Maria das Dores era aquele tipo de moça que qualquer sogra gostaria de ter como nora. Caseira, prendada, boleira de mão cheia e fazia uma faxina como ninguém mais.Mas mesmo com todos esses predicados não conseguia um namorado. Ela trabalhava num escritório modesto junto a outras moças. Todas casadas! Maria das Dores era a solteirona da turma! A "tia" dos filhos das amigas! Já passara dos quarenta e nada acontecia em sua vida amorosa. Fez tantos pedidos a Santo Antonio que já começava a pensar que o santo deveria
ser surdo!
Uma manhã, durante o café na copa da empresa, uma das amigas sugeriu que ela se cadastrasse num site de relacionamentos. "Que Santo Antonio, que nada, o bom agora é Internet!" diziam as amigas. Resolveram que na hora do almoço elas comeriam um lanche enquanto ajudavam Das Dores a se cadastrar num dos sites. Pra essas coisas a moça era lerdinha, lerdinha e tinha que ter um empurrão das amigas!
Meio-dia e lá estavam elas ao redor da mesa de Das Dores!
Site conectado e começam a preencher o perfil. Ao terminar de escrever o nome Maria das Dores, a moça ouviu um sonoro "NÃOOOOOOO" das companheiras. "Como assim MARIA DAS DORES? isso lá é nome pra se colocar num perfil?". Sugeriram "Dorinha". Todas concordaram. Das Dores só digitava, como se
estivesse preparando uma carta para seu chefe. As amigas mandavam e ela escrevia. Idade: "da Loba". Gostos: "viajar, cinema, leitura, etc. Das Dores olhava assustada para as amigas. "Viajar?" o mais longe que ela havia ido era em Petrópolis e mesmo assim numa excursão do colégio!! "Cinema?" - ah! sim! ela levara o afilhado para assistir um desenho no ano passado! "Leitura"? - Bom! ela lia o jornal todos os dias! isso poderia ser considerado leitura? - enfim... as amigas deveriam ter razão... e ia preenchendo os espaços vazios, até chegar no item onde ela teria que dizer o tipo de relacionamento que ela estava procurando. Umas disseram "namoro" outras preferiam "amizade" por achar que namoro pareceria que Das Dores estava desesperada atrás de homem!! "Mas ela está desesperada atrás de homem!!" responderam!! Nesse momento Das Dores entrou na conversa e explicou que ela só queria ter uma pessoa que lhe fizesse companhia, pra quem ela pudesse dar carinho, aos sábados ver TV juntos... as amigas interromperam o discurso com um grito e falaram que pra isso era só ela arrumar um gato ou um cachorro que o problema estava resolvido! O que ela precisava era de um homem que a fizesse feliz na cama, que a levasse para
jantar, pagasse seus passeios, a levasse em viagens, lhe desse presentes, enfim, que a tratasse como uma rainha! Das Dores resolveu aceitar o conselho e clicou o "enviar".
Agora era só esperar pelas mensagens.
À tarde sua caixa de mensagens estava cheia de "futuros pretendentes" e de novo as amigas a rodearam pra escolher qual o melhor perfil enviado. Já iam eliminando os candidatos pelas fotos, nem se preocupavam em ler o perfil todo, até que se depararam com o "Renault2010". Ah! esse era interessante! E até que o rapaz era bonitinho e devia entender de carros! Quem sabe até tinha um carro do ano, zerinho!! Na dúvida, tiraram Das Dores do teclado e digitaram a resposta.
Assim começou o diálogo entre "Renault2010" de "Dorinha" escrito a várias mãos enquanto Das Dores copiava de uma revista uma receita de bolo ou lia o jornal.
Uma manhã as amigas comunicaram a Das Dores que ela iria conhecer o namorado virtual no próximo sábado. Nervosa, a moça respondeu que sábado era dia de faxina em casa e que ela não podia deixar a casa abandonada sem limpeza, etc, etc, etc. Mas engoliu em seco quando as amigas a olharam com ar reprovador, depois elas informaram que era só um almoço, num lugar público, onde eles só iriam se conhecer. "Imagine só as coisas maravilhosas que você vai poder experimentar no almoço? pode até pedir vinho! e a sobremesa mais cara!"
Das Dores não estava interessada nessas coisas. Ela sempre pode pagar as próprias despesas e não era moça interesseira, mas seria bom pela primeira vez ter um homem lhe fazendo essas gentilezas, cuidando dela, sendo um cavalheiro...
Para que nada desse errado as amigas passaram para o rapaz o número do celular de Dorinha e assim eles poderiam se comunicar até o encontro no almoço.
No sábado pela manhã, Dorinha recebeu a primeira ligação de Renault e ela pode ouvir a voz daquele que poderia vir a ser o seu namorado. Ele pedia desculpas, mas havia esquecido os documentos do carro em casa e por tanto não poderiam ir ao restaurante combinado por ser muito longe, se perguntou se Dorinha se importava de irem a um lugar mais perto dos dois. É lógico que Das Dores não se importou com isso.
Ao chegar na porta do restaurante, Das Dores percebeu se tratar de um lugar bem mais simples do que as amigas haviam imaginado! Mas, tudo bem...
Logo um carro parou a seu lado e ela pode ouvir a pergunta: "Dorinha?"
Das Dores não era conhecedora de marcas de carro, mas com certeza absoluta aquilo não era um "Renault" e nem era de 2010!! O modelo estava mais para um Fusca, mas o rapaz que estava dentro dele valia a pena!! E ele saiu do carro, com um sorriso confiante, deu-lhe beijos na face e segurou seu braço indo em direção ao restaurante.
Das Dores começou a pensar se Santo Antonio estava armando alguma pra ela e, enquanto caminhava tentava descobrir o que havia de errado naquela cena.
O rapaz ao lado falava e falava, numa animação sem igual.
Até que uma luz se acendeu dentro do cérebro de Das Dores e ela lhe perguntou se ele havia esquecido os documentos do carro ou a carteira de dinheiro também? Ele, com aquele sorriso simpático, respondeu que havia esquecido tudo em casa!! Das Dores sentiu o rosto queimar e quiz saber quem pagaria pelo almoço? "Ué, você não trouxe nenhum dinheiro? foi a resposta que ouviu!
Das Dores rodou nos calcanhares antes mesmo de pisar no salão do restaurante, e deixou o rapaz, dono do fusca, parado na calçada, de boca aberta!
Em casa, Das Dores começou a fazer o que ela sabia de melhor: a faxina de sábado!! Nunca os ladrilhos do banheiro foram esfregados com tanta força!!

Obs.: O que Das Dores ainda não sabe é que suas amigas encontraram um outro pretendente com o nome de "JoãoSó". No futuro ela vai se encontrar com ele no cinema do bairro. E ele vai lhe comprar a pipoca! Depois ele vai levá-la para jantar em Roma, em seu jatinho particular. Afinal um duque italiano tem seu jatinho... coisas de homem tímido e solitário...

quarta-feira, julho 13, 2011

"Hello Crazy People"

No dia mundial do Rock'n Roll, aqui vos fala Big Boy!

terça-feira, julho 12, 2011

Abraços Grátis

Ganhei um abraço em plena Cinelândia!!
Eu vinha da Rua México para pegar o metrô, quando vi ao longe, no meio da praça, alguém com o cartaz escrito "Abraços Grátis". 
Eu já tinha visto na televisão algumas reportagens falando sobre isso e, enquanto atravessava a avenida, vi que a pessoa que segurava no alto o cartaz também me viu. De longe ele me fez um sinal apontando o cartaz e depois outro sinal com o dedo polegar para o alto, pedindo meu consentimento. Ainda de longe eu acenei que "sim" com a cabeça.
Ao nos aproximar ele colocou o cartaz no chão e me abraçou! Num primeiro momento achei graça daquela experiência e me vi contando para todos os amigos o que tinha acontecido. O abraço foi acolhedor, diferente do que eu havia imaginado. Achei que seria daqueles abraços que costumamos receber até de nossos amigos: os braços tocam nossos ombros e só! ou daqueles em que ganhamos um tapinha nas costas, como se estivessem limpando algo em nossas roupas! existe aquele também, em que eu me doo, mas a pessoa que o está recebendo parece que recebe uma descarga elétrica e recua rápido!
O grande abraço veio e ficamos assim por uns minutos. Depois houve uma breve separação e o abraço veio de novo! E ficamos assim, ao sol do meio-dia, na Cinelândia!  
Então, sem saber bem o que estava fazendo deitei minha cabeça no ombro dele e senti seu corpo quente. Não havia nada de sexual nisso. Foi um sentimento de proteção, acalanto, segurança. Por que abraço é isso: você doar seus braços para o outro se sentir bem, por isso abraço de mãe é sempre tão bom! Tenho uma amiga que me ensinou um jeito ótimo de abraçar onde os nossos corações ficam juntos e, podemos sentir o coração do outro batendo junto ao nosso.
Enquanto meu doador de "Abraços Grátis" me abraçava fui sentindo uma imensa vontade de chorar! E enquanto eu não o soltei ele não fez nenhum gesto de me largar. Ao contrário, colocou a cabeça entre os meus cabelos e me deixou ficar ali segurando suas costas.
Quando finalmente me vi satisfeita por todo o tempo que não recebia uma abraço assim, eu o soltei. Ele me olhou, me perguntou se estava tudo bem e me deu um beijo na testa. E cada um foi para o seu lado. Pra falar a 
verdade nem me lembro da fisionomia da pessoa, mas vou guardar pra sempre o presente que ele me deu.
Antes de descer as escadas que levam a estação do metrô eu me virei e o vi ainda parado me acompanhando com o olhar. Fizemos o sinal com o polegar pra cima, ele sorriu,  levantou o cartaz e saiu pela praça oferecendo seu abraço.
Quem não aceitou não sabe o que perdeu!

segunda-feira, julho 11, 2011

O Amor é...

quarta-feira, julho 06, 2011

Cenas que sempre me emocionam...

"As Pontes de Madison"
Nem sempre podemos ter tudo... as vezes só nos permitimos segurar a maçaneta...

terça-feira, julho 05, 2011

Multiverso

Chovia muito naquela manhã e ela teve que correr para pegar o ônibus para o trabalho. Se perdesse aquele só teria outro após meia-hora. De longe o motorista a viu pulando as poças de água com a agilidade de um gato e resolveu esperá-la. Pela porta da frente ela entrou agitada, cabelo molhado e rosto pingando. Sorrindo ela agradeceu a gentileza e se sentou num dos bancos do fundo do veículo. Durante a viagem, várias pessoas sentaram-se a seu lado e todas faziam algum comentário sobre a chuva que caía sobre a cidade. Até que ele entrou no ônibus também apressado e molhado. Ele era quase uma versão masculina  da cena acontecida com ela. Ele foi para o fundo do ônibus e se sentou ao lado dela. Ela o olhou e os dois riram. Não foi um sorriso abafado ou tímido. Na verdade os dois gargalharam das próprias atrapalhadas. Foi assim que se conheceram. Conversaram, se sentiram atraídos, marcaram um encontro, onde, prometeram estarem mais secos. Isso aconteceu há seis anos, eles continuam juntos! E toda vez que pegam um temporal eles dão gargalhadas, para desespero de quem está perto e não conhece a história.

Chovia muito naquela manhã e ela teve que correr para pegar o ônibus para o trabalho. Se perdesse aquele só teria outro após meia-hora. De longe o motorista não a viu pulando as poças de água com a agilidade de um gato e seguiu o caminho. Irritada ela foi até o ponto esperar pelo próximo que só passaria daqui a meia-hora. Com a força da água que caía, seu guarda-chuva não agüentou e desmontou. Ela se viu totalmente molhada e teria que passar o dia inteiro naquela situação. Quando o ônibus chegou não havia lugar para sentar. Ela até olhou para o fundo do veículo mas todos os lugares estavam ocupados. Suas pernas doíam e ela começou a se sentir febril. Com certeza iria ficar gripada. Enquanto prendia o espirro alguém a seu lado espirrou alto. Ela o olhou de alto a baixo e ele estava mais molhado que ela! Distraída ela também espirrou e os dois riram. Não foi um sorriso abafado ou tímido. Na verdade os dois gargalharam das próprias atrapalhadas. Foi assim que se conheceram. Ele contou que havia perdido o ônibus anterior e ela afirmou que em dias de chuva tudo ficava confuso. Conversaram, se sentiram atraídos, marcaram um encontro, onde, prometeram estarem mais secos. Isso aconteceu há seis anos, eles continuam juntos! E toda vez que espirram dão gargalhadas, para desespero de quem está perto e não conhece a história.




Chovia muito naquela manhã e ela teve que correr para pegar o ônibus para o trabalho. Se perdesse aquele só teria outro após meia-hora. De longe o motorista não a viu pulando as poças de água com a agilidade de um gato e seguiu o caminho. Ela, não viu o carro que vinha na outra pista e foi atropelada.  O motorista, percebendo que ninguém o tinha visto, fugiu, deixando-a desmaiada no asfalto, com a chuva batendo em seu rosto. Uma senhora correu para ajudá-la, mas ela continuava inconsciente. E foi assim que ela morreu naquele dia chuvoso. No meio do caminho para o Centro ele entrou no ônibus. Naquele dia ele havia acordado atrapalhado como sempre, mas, depois, sentado no fundo do veículo, sentiu uma imensa tristeza invadindo seu peito e, de um momento para o outro seu rosto se tornou sério. Isso aconteceu há seis anos e ele continua um solitáro. Toda vez que chove ele sente esse vazio inexplicável no coração.

segunda-feira, julho 04, 2011

Maria, Maria - Parte 9

Marina e Mariana foram matriculadas na escolinha onde ficavam durante o dia. Só saíam de lá à tardinha após o jantar. Maria estava muito orgulhosa pela decisão de tê-las colocado em contato com outras crianças e por saber que elas estavam em segurança, pois agora elas não ficavam mais sozinhas em casa.
Uma tarde de sábado Maria recebeu um recado de que estavam chamando por ela na associação. Maria ficou preocupada. O que estariam querendo com ela? Será que tinha algo a ver com seu barraco? Ou com as meninas?
Na associação Maria foi levada até uma salinha e nela estava o Dr. Ricardo esperando-a para lhe dar a boa notícia: agora ele estaria fazendo um trabalho voluntário, atendendo as pessoas da comunidade, dia sim, dia não! Seu pequeno consultório já estava pronto e ele havia conseguido um bom patrocínio de uma empresa de remédios, que lhe daria medicamentos, pastas e escovas que seriam distribuídas às crianças que frequentassem o consultório. Maria ficou satisfeita e timidamente deu os parabéns ao dentista e quando já ia saindo ele lhe informou que tinha uma proposta para ela e esperava que ela aceitasse. Uma proposta? Maria pensou. E o que seria? O médico começou explicando que como ela já era moradora há muitos anos na favela, que todos a conheciam e tinham confiança e respeito por ela, então por que ela não vinha trabalhar como assistente no consultório nos dias em que ele estivesse atendendo? Maria não sabia o que responder e ficou tonta. O médico vendo seu embaraço ainda continuou dizendo que assinaria a carteira dela e ela teria um salário, além do tratamento dentário gratuito, disse ele sorrindo e completou, apesar de seus dentes não precisarem de tratamento mais complicado, pois seu sorriso já é lindo! Maria ficou roxa de vergonha e saiu da salinha as pressas.
À noite, conversando com Eta, Maria foi convencida a aceitar o emprego, mesmo sabendo que no início seria difícil. Mas ela não podia desapontar o Dr. Ricardo e a Dona Carol que foram tão gentis com ela quando ela precisou.

domingo, julho 03, 2011

Junto e Misturado

"Entre as coisas bem vindas que já recebi, eu reconheci minhas cores nela... então eu me vi"
 (As coisas tão mais lindas - Nando Reis)

Esses dois são assim... farinha do mesmo saco, cheiro da mesma flor, luz da mesma estrela, pedra do mesmo caminho.
Não se sabe onde termina um e onde começa o outro.
Suas frases surgem juntas e misturadas formando um único pensamento, que só eles conseguem distinguir o que é de cada um.
Os desejos da mulher/leoa colorem as palavras do homem/poeta. 
A sensibilidade infinita do coração dele diluída na desvairada excitação dela.
Um preenchendo os espaços vazios do outro com cores brilhantes.
Ele iluminado pelo sol amarelo, ela refletindo a lua prateada.

Julho


Em Julho, é celebrado no Japão, um festival muito bonito, que conta a história de duas estrelas no céu, Vega, a estrela mais brilhante da constelação da Lira e Altair, da constelação da Águia.
Uma princesa, Orihime, era exímia tecelã. Seu pai, Tentei, ficava orgulhoso em exibir os belos trajes tecidos por sua filha com a mais pura seda. Entretanto, a princesa não estava feliz porque trabalhava sem descanso e não conhecia ninguém. Tentei então, determinou que ela teria um tempo livre todos os dias para passear as margens do rio Ama-No-Gawa (Rio Celeste) – a Via Lactea.
Em um destes passeios, ela viu um pastor – Hikoboshi -, na margem oposta, e se enamorou dele. Separados pelo imenso rio, Orihimi, foi se entristecendo novamente e quando soube do motivo, Tentei, permitiu que os dois se casassem. Foram tão felizes juntos que negligenciaram seus respectivos trabalhos.
Tentei então separou-os definitivamente, um de cada lado do imenso rio, representado pela Via Lactea.
Procure-as um pouco acima do horizonte Norte, um pouco a Nordeste. 
Veja as estrelas Vega e Lira. Repare que entre elas passa a Via Láctea. 
Após algum tempo condoído com a profunda tristeza de Orihime, permitiu que os amantes se encontrassem um vez ao ano – na sétima noite do sétimo mês. A princesa era levada até seu amado, na margem oposta, por pássaros.
Atualmente, as pessoas escrevem pedidos em pedaços de papel e prendem a bambus que depois são colocados nas águas de um rio, simbolizando a Via Láctea. Quase um dia dos Namorados!

Quarto Rosa

Ela dizia que não nascera pra crescer naquele quarto rosa, cheio de bordados, laços, flores e fitas.
Ela não era como as outras meninas.
Meninas tão meninas.
Na verdade ela sonhava que na parede do quarto tivesse um grande poster do filme Transformers!

sábado, julho 02, 2011

Cenas que sempre me emocionam...

Final de Billy Elliot:  O impacto causado na imagem do pai do Billy ao ver seu filho entrar no palco como Cisne, no ballet "O Lago dos Cisnes"!
Imperdível !!!!
Muita emoção num segundo de imagem!


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