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Sou a prima mais velha de uma turma de 32 primas! Gosto de rir e de fazer rir. Adoro conversar, mas principalmente de ouvir. Beber Mate, vinho e Martini. Ver filme aos sabados com os amigos. Sou fiel aos meus sentimentos e respeito os dos outros. E de escrever, é lógico!

terça-feira, janeiro 17, 2012

A Floresta - Parte 1

A tarde terminava e Dolores ainda se encontrava dentro da floresta. Ela tentava sair dali o mais rápido possível, mas seu adiantado estado de gravidez não lhe permitia andar tão rápido. Dolores tentara sair da casa de sua mãe mais cedo, mas as conversas se prolongaram demais e agora ela tinha que correr contra o tempo, antes que escurecesse completamente e ela ficasse perdida. Um imenso grupo de lobos vivia por aqueles lados e ela não queria ficar frente a frente com eles.
Os habitantes da vila de Dolores continuavam com o costume de enviar para dentro da floresta os seus doentes mais graves. Principalmente os tuberculosos cujos métodos de tratamentos eles não conheciam. Para evitar que mais pessoas fossem contaminadas eles os transferiam para o interior da floresta, onde acreditavam que eles melhorariam por viverem em contato com o ar mais puro ou morreriam, sem que seus familiares presenciassem os horrores dos últimos momentos.
Com o passar dos tempos outros costumes foram sendo adicionados a este e a floresta tornou-se um depósito de crianças nascidas deformadas, doentes ou órfãos. Por ser uma floresta densa e de grande tamanho, era possível se viver nela uma vida inteira sem encontrar a fronteira para a vila.
E foi assim que a mãe de Dolores foi morar na escuridão da floresta ao ser constatada sua enfermidade. Como boa filha, Dolores não deixava de visitar sua mãe mesmo na situação em que se encontrava.
Grávida do segundo filho Dolores sabia que se encontrasse os lobos ela não teria chance de sobreviver, pois não conseguiria correr para se salvar. Ela já podia ver as fracas luzes da vila ao longe quando ouviu os primeiros estalos de galhos ao seu redor. A respiração dos lobos aqueciam-lhe as pernas e ela pode ver entre as árvores o brilho dos olhos vermelhos dos animais. Ela tentou correr mas o chão estava repleto de folhas, galhos secos e troncos que a derrubaram. Os lobos correram em sua direção e ela só pensava em seus filhos. Uma das lobas mordeu-lhe a perna enquanto os outros tentavam morder-lhe os braços e o pescoço. Dolores gritava e se debatia na esperança de conseguir espantá-los.
De repente um tiro!
E a fêmea caiu por cima de seu ventre. Dolores ainda pode sentir a quentura da barriga do animal, seu pelo farto e a respiração parar.
Os caçadores que por ali faziam a ronda noturna ouviram os gritos e latidos e certeiramente atiraram no animal e depois no bando que fugiu em disparada.
Os homens levantaram Dolores e saíram da floresta levando-a nos braços.
O lobo-alfa seguiu-a com o olhar. Mesmo a distancia ele não esqueceria aquele cheiro. O cheiro da humana que havia sido responsável pela morte da sua fêmea. Ele não esqueceria.

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