"Nessa época eu estava nos Estados Unidos"
Se você se identificar não fique preocupada. Cada uma de nós já passou um tempo nos Estados Unidos. Só não sabia o nome que dar aquele período...
Minha serotonina caiu. Despencou. Não sei como se fala cientificamente mas não importa. Você sabe que serotonina é tudo, não é? A minha caiu e me deixou na pior. Por que sem ela, meu bem, você não toma nem um chicabom. Sem ela não há energia, nem alegria e nada parece realmente valer a pena. Mesmo que você tenha filhos lindos, marido bacana, amigos, blábláblá. Mesmo que você seja a Jennifer Aniston e tenha tudo aquilo que ela tem . Mesmo assim você não se sente feliz. A felicidade é química.
Este post não é uma reclamação ou uma tentativa de me fazer de vítima (nun-ca), por que sei que existem coisas muito, muito piores do que isso. Resolvi escrever (e talvez me arrependa - não gosto de publicar coisas tão íntimas assim e, pior, não consigo escrever bem!) por que tenho recebido muitos emails simpáticos, de pessoas que notam que ando meio ausente. Um deles, de um rapaz chamado Nelson, admirava meu estilo de vida. Ah, Nelson, se você visse meu estilo de vida no momento, bleargh. Deitada, olhando pro teto, esperando a minha química voltar ao normal. Controlar a ansiedade é difícil também e ela só atrapalha.
Eu tinha uma amiga (no passado por que faz muito tempo que a gente não se vê) que vivia dizendo “Ah, nessa época eu estava nos Estados Unidos”, sabe como é? Você comenta uma novela, um show do Cazuza, uma eleição e ela “Ah, nessa época eu estava nos Estados Unidos”. Assim que eu me sinto, depois de uma rasteira dessas. Serra caiu? O dólar disparou? A atriz cortou os cabelos e está namorando o galã das 8? Estou por fora. Estou nos Estados Unidos.
Meu médico, quando eu reclamo que não agüento mais não poder fazer coisas, sair, me divertir, trabalhar, me diz para eu imaginar que estou com as duas pernas quebradas, imobilizada na cama. Pode crer que não é a mesma coisa.
Se eu estivesse engessada, ia pegar um monte de filmes na locadora, ou ficar assistindo os filmes a cabo, feliz da vida, comendo pipoca, alugando as pessoas (“Pega uma régua aí pra eu coçar a batata da perna, anda, rápido!”, “Compra uma Contigo pra mim e um pote de Napolitano. Duplo!”). Colocando a leitura em dia, tanta coisa legal pra ler! Mas não caí e quebrei as pernas, foi a serotonina que caiu. Bem mais complicado, sabe?
Porque você pega um livro mas não consegue se ligar no que está lendo (crônicas antigas do Drummond são algumas das poucas coisas que consigo ler), televisão nem pensar (nem Os Normais!), jornal não dá por que as notícias não ajudam (claro). No outro dia peguei uma Quem, especial Sorriso. Juro por Deus que existe um troço desses nas bancas. Todo mundo rindo com seus dálmatas, seus biquinis, muito sol, muita pista de dança. Você se controla para não picar a revista em pedacinhos e diz apenas “A Débora Secco parece muito cansada para 22 anos”.
Conversar com os amigos é impossível – todos os assuntos te escapam na hora H. Quer saber a verdade? Não há assunto. É como se você não tivesse tido nenhuma experiência na vida, nem aprendido nada. Também não é hora de aprender algo novo, a memória não ajuda.
Então você fica deitada na cama, os pensamentos ruins fazendo fila e se empurrando pra ver qual vai se manifestar primeiro, daí você chora, tenta pensar coisas boas mas não consegue. Etc. Este etc é um mundo de sensações ruins.
Meus amigos me ligam muito e isso me angustia, por que eles não entendem como esse processo demora. O exemplo que eu gosto de dar é fazer a pessoa imaginar um carro, um fusca ou um mustang, não importa. Ele precisa de gasolina para andar, certo? Eu sou este carro e combustível está sendo colocado diariamente, porém com conta-gotas. Conta-gotas, sabe lá o que é isso?Tem que dar um tempo para o tanque encher, pelo menos o suficiente. Um bom tempo. Não parece fácil de entender?
Parece que você nunca mais vai voltar ao seu normal, que o seu normal é esse, sem graça, sem charme e muito burra. É uma chatice, viu?
Estou escrevendo também por que sei que deve ter alguém que me lê que tem o mesmo problema que eu. Então também é uma espécie de tamos aí. Estou aqui lutando, achando tudo meio sem graça, mas esperançosa por que sei que vai ter uma hora que tudo voltará ao normal. Então é isso. Todo mundo tem defeitos. Só a bailarina que não tem.
(Todo esse desestímulo atinge também o ato de escrever. Se na cama, preparei mentalmente um texto muito do bacana, na prática saiu esse desastre. Aos poucos vou tentar melhorá-lo. Conserte você mesmo as vírgulas e o erros de ortografia, tá? Beijos!)
Minha serotonina caiu. Despencou. Não sei como se fala cientificamente mas não importa. Você sabe que serotonina é tudo, não é? A minha caiu e me deixou na pior. Por que sem ela, meu bem, você não toma nem um chicabom. Sem ela não há energia, nem alegria e nada parece realmente valer a pena. Mesmo que você tenha filhos lindos, marido bacana, amigos, blábláblá. Mesmo que você seja a Jennifer Aniston e tenha tudo aquilo que ela tem . Mesmo assim você não se sente feliz. A felicidade é química.
Este post não é uma reclamação ou uma tentativa de me fazer de vítima (nun-ca), por que sei que existem coisas muito, muito piores do que isso. Resolvi escrever (e talvez me arrependa - não gosto de publicar coisas tão íntimas assim e, pior, não consigo escrever bem!) por que tenho recebido muitos emails simpáticos, de pessoas que notam que ando meio ausente. Um deles, de um rapaz chamado Nelson, admirava meu estilo de vida. Ah, Nelson, se você visse meu estilo de vida no momento, bleargh. Deitada, olhando pro teto, esperando a minha química voltar ao normal. Controlar a ansiedade é difícil também e ela só atrapalha.
Eu tinha uma amiga (no passado por que faz muito tempo que a gente não se vê) que vivia dizendo “Ah, nessa época eu estava nos Estados Unidos”, sabe como é? Você comenta uma novela, um show do Cazuza, uma eleição e ela “Ah, nessa época eu estava nos Estados Unidos”. Assim que eu me sinto, depois de uma rasteira dessas. Serra caiu? O dólar disparou? A atriz cortou os cabelos e está namorando o galã das 8? Estou por fora. Estou nos Estados Unidos.
Meu médico, quando eu reclamo que não agüento mais não poder fazer coisas, sair, me divertir, trabalhar, me diz para eu imaginar que estou com as duas pernas quebradas, imobilizada na cama. Pode crer que não é a mesma coisa.
Se eu estivesse engessada, ia pegar um monte de filmes na locadora, ou ficar assistindo os filmes a cabo, feliz da vida, comendo pipoca, alugando as pessoas (“Pega uma régua aí pra eu coçar a batata da perna, anda, rápido!”, “Compra uma Contigo pra mim e um pote de Napolitano. Duplo!”). Colocando a leitura em dia, tanta coisa legal pra ler! Mas não caí e quebrei as pernas, foi a serotonina que caiu. Bem mais complicado, sabe?
Porque você pega um livro mas não consegue se ligar no que está lendo (crônicas antigas do Drummond são algumas das poucas coisas que consigo ler), televisão nem pensar (nem Os Normais!), jornal não dá por que as notícias não ajudam (claro). No outro dia peguei uma Quem, especial Sorriso. Juro por Deus que existe um troço desses nas bancas. Todo mundo rindo com seus dálmatas, seus biquinis, muito sol, muita pista de dança. Você se controla para não picar a revista em pedacinhos e diz apenas “A Débora Secco parece muito cansada para 22 anos”.
Conversar com os amigos é impossível – todos os assuntos te escapam na hora H. Quer saber a verdade? Não há assunto. É como se você não tivesse tido nenhuma experiência na vida, nem aprendido nada. Também não é hora de aprender algo novo, a memória não ajuda.
Então você fica deitada na cama, os pensamentos ruins fazendo fila e se empurrando pra ver qual vai se manifestar primeiro, daí você chora, tenta pensar coisas boas mas não consegue. Etc. Este etc é um mundo de sensações ruins.
Meus amigos me ligam muito e isso me angustia, por que eles não entendem como esse processo demora. O exemplo que eu gosto de dar é fazer a pessoa imaginar um carro, um fusca ou um mustang, não importa. Ele precisa de gasolina para andar, certo? Eu sou este carro e combustível está sendo colocado diariamente, porém com conta-gotas. Conta-gotas, sabe lá o que é isso?Tem que dar um tempo para o tanque encher, pelo menos o suficiente. Um bom tempo. Não parece fácil de entender?
Parece que você nunca mais vai voltar ao seu normal, que o seu normal é esse, sem graça, sem charme e muito burra. É uma chatice, viu?
Estou escrevendo também por que sei que deve ter alguém que me lê que tem o mesmo problema que eu. Então também é uma espécie de tamos aí. Estou aqui lutando, achando tudo meio sem graça, mas esperançosa por que sei que vai ter uma hora que tudo voltará ao normal. Então é isso. Todo mundo tem defeitos. Só a bailarina que não tem.
(Todo esse desestímulo atinge também o ato de escrever. Se na cama, preparei mentalmente um texto muito do bacana, na prática saiu esse desastre. Aos poucos vou tentar melhorá-lo. Conserte você mesmo as vírgulas e o erros de ortografia, tá? Beijos!)
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