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Local: Rio de Janeiro, RJ, Brazil

Sou a prima mais velha de uma turma de 32 primas! Gosto de rir e de fazer rir. Adoro conversar, mas principalmente de ouvir. Beber Mate, vinho e Martini. Ver filme aos sabados com os amigos. Sou fiel aos meus sentimentos e respeito os dos outros. E de escrever, é lógico!

quarta-feira, julho 20, 2011

Propriedades

Outro dia li um texto em que o autor dizia ser dono de pequenas coisas e locais, só vistos por ele, na cidade em que ele vive. Só após essa leitura descobri que também faço parte desse grupo de pessoas proprietárias sentimentais.
Há lugares e coisas que nos pertencem há anos, sem papel passado e sem burocracia. Esses lugares e coisas nos pertencem as vezes, em horário determinados do dia ou épocas do ano. Por exemplo: por três dias do ano sou proprietária da calçada do meu prédio quando o pé de ipê amarelo se enche de flores! Só eu acho bonito enquanto os outros reclamam que a calçada fica suja. Eu olho e vejo meu lindo tapete amarelo que só vai ser meu de novo no próximo ano.
Na praça em frente existem várias árvores, mas somente o tronco de uma delas é meu! Ele é cheio de desenhos e cada pedaço é de uma cor. Esse tronco (foto) é meu por alguns minutos enquanto espero o ônibus. Não me  importo de dividi-lo com algumas formigas que sobem por ele.
Existe também um raio de sol que atravessa o meu quarto e que é meu há vários verões. Esse é meu só na parte da manhã, depois ele vai para a casa vizinha e aí eu não tenho mais poder sobre ele.
Na esquina da rua, perto do sinal, há um pedaço da calçada que é meu desde que ela se partiu. Antes de atravessar a rua gosto de ficar me equilibrando nela. Ela é minha por segundos, mas é minha!
Tenho também um cachorro que vive no segundo andar de um apartamento por onde passo. Todos os dias eu o admiro na janela olhando pra rua e ele late pra mim. Ninguém mais sabe que ele me pertence. Só ele e eu. Como também é meu um ventinho gostoso que passa na curva dentro da estação do metrô. Vejo gente se aborrecendo com ele, mas pra mim é um deleite e passo por ali bem devagar pra aproveitar o que me pertence. No alto do morro que dá pra ver da janela da casa da minha mãe, há uma pedra em formato de urso que também é minha. Quando há tempestades eu me preocupo se ela saiu do lugar. Eu não gostaria de ver  o meu urso entrando pela casa da minha mãe. Mas ele continua lá firme como uma rocha!
Fazendo um inventário rápido eu tenho também: uma plantinha que dá uma florzinha azul (já falei dela em outro post) que nasce na rachadura do muro da padaria, um portão de madeira pintado de vermelho, um regador de jardim que fizeram de vaso de flores num quintal, um anjinho entalhado numa porta grande num prédio na cidade, um segredo escondido atrás do altar da Igreja de São José, uma poltrona perto da janela no ônibus onde dá pra ver o Cristo quando ele faz a curva, um bando de maritacas que voam barulhentas toda manhã com destino que só elas conhecem (mas que eu as conto pra ver se nenhuma se perdeu no caminho), um casarão antigo cor de vinho erguido na 24 de Maio, que se pensarem em derrubar vão arrumar briga feia comigo, etc...
Há coisas que ninguém imagina que seja meu! Por exemplo: o Pão de Açúcar! Ele é todo meu, nos exatos minutos em que passo por ele até ele sumir na curva. A Cabeça do Imperador, sempre foi minha, junto ao Gigante adormecido que só eu sei onde está!
Pra possuir todas essas coisas é preciso atenção, olhar atento e cuidado com o que possui. Tem que estar sempre verificando se tudo está no lugar como deveria.
Ser um observador sensível é fundamental para crescer a lista de tesouros.
Outro dia descobri uma rua cheia de árvores de lado a lado, lá perto de onde moro. Elas não sabem mas elas serão minhas. Só estou dando um tempo até elas se encherem de ninhos de passarinhos..

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