Grande amizade, apesar da distância...
"Deus nos deu parentes. Graças a Deus, podemos escolher nossos amigos!"
Esses dias vi o filme Mary&Max, de 2009.
Usando bonecos de massinhas e rodada em stop motion, a animação foi classificada como tema adulto não por conter cenas impróprias, mas por tratar de assuntos espinhosos demais para cabecinhas infantis: solidão, abandono, baixa auto-estima, inadequação social, fobias, depressão, homossexualidade...
Cada personagem é um tratado de males neuropsiquiátricos e psicossomáticos!
Se alguém aí arrepiou os cabelos achando que a animação resultaria muito pesada, engana-se! O tema principal é a amizade, de verdade!
Uma menina australiana de 9 anos escolhe, deliberadamente, um correspondente de 44 anos do outro lado do Atlântico, mais precisamente, em Nova Iorque:
Usando bonecos de massinhas e rodada em stop motion, a animação foi classificada como tema adulto não por conter cenas impróprias, mas por tratar de assuntos espinhosos demais para cabecinhas infantis: solidão, abandono, baixa auto-estima, inadequação social, fobias, depressão, homossexualidade...
Cada personagem é um tratado de males neuropsiquiátricos e psicossomáticos!
Se alguém aí arrepiou os cabelos achando que a animação resultaria muito pesada, engana-se! O tema principal é a amizade, de verdade!
Uma menina australiana de 9 anos escolhe, deliberadamente, um correspondente de 44 anos do outro lado do Atlântico, mais precisamente, em Nova Iorque:
O pontapé inicial dessa amizade nada convencional é a dúvida existencial pela qual todos passaram algum dia: "de onde viemos?"
Como não encontrasse respostas mais perto, Mary resolve procurar mais longe, com um estranho, bastante estranho: Max.
Embora vivamos tempos de incertezas, com "lobos travestindo-se de cordeiros" e escondendo-se sob o manto do anonimato que a internet tece, nem por alto o filme passa alguma impressão, de: "isso não está me cheirando bem!"
Max tem nome, sobrenome, endereço em Nova Iorque e, Síndrome de Asperger.
A história( baseada em fatos reais) é atemporal, mas transcorre numa época em que corresponder-se com alguém demandava "nervos de aço", terreno "onde os fracos não têm vez": escrever uma carta, dobrar cuidadosamente o papel e escondê-lo num envelope, conferir o endereço, colar o selo, despachá-la pelos CORREIOS, aguardar, conferir a caixa e, aguardar mais ainda...é ritualístico! Hoje em dia é tudo tão mais simples, e rápido, e descartável...
Mas a angústia da espera é recompensada pela alegria da resposta, numa carta!
Isaurinha Garcia, célebre cantora dos anos 30, descreveu tal emoção, num samba-canção:
"Quando o carteiro chegou
E o meu nome gritou
Com uma carta na mão,
Ante surpresa tão rude,
Não sei como pude chegar ao portão..."
Voltando à nossa dupla de bonecos de massinha, modelados toscamente para "ressaltar a qualidade de seus defeitos", o que importa não é o ponto de partida: o "de "onde viemos?" mas, o "para onde vamos?"
E a amizade entre Mary e Max foi se firmando a cada correspondência que atravessava o Atlântico, apesar das diferenças de cada um. Ao longo de 10 anos trocaram cartas, confidências, dúvidas existenciais, outras, nem tanto...
Impossível não comparar com outro filme, mais antigo: "Nunca te vi, Sempre te amei", onde uma escritora americana( Anne Bancroft) corresponde-se por 20 anos com um inglês( Anthony Hopkins, na era pré-Hannibal), gerente de uma livraria, firmando uma sólida amizade. Já falei deles em outro post.
Mas a angústia da espera é recompensada pela alegria da resposta, numa carta!
Isaurinha Garcia, célebre cantora dos anos 30, descreveu tal emoção, num samba-canção:
"Quando o carteiro chegou
E o meu nome gritou
Com uma carta na mão,
Ante surpresa tão rude,
Não sei como pude chegar ao portão..."
Voltando à nossa dupla de bonecos de massinha, modelados toscamente para "ressaltar a qualidade de seus defeitos", o que importa não é o ponto de partida: o "de "onde viemos?" mas, o "para onde vamos?"
E a amizade entre Mary e Max foi se firmando a cada correspondência que atravessava o Atlântico, apesar das diferenças de cada um. Ao longo de 10 anos trocaram cartas, confidências, dúvidas existenciais, outras, nem tanto...
Impossível não comparar com outro filme, mais antigo: "Nunca te vi, Sempre te amei", onde uma escritora americana( Anne Bancroft) corresponde-se por 20 anos com um inglês( Anthony Hopkins, na era pré-Hannibal), gerente de uma livraria, firmando uma sólida amizade. Já falei deles em outro post.
A atmosfera lúgubre da animação é reforçada pelo preto e branco predominantes na tela, só ponteado aqui e ali por alguma cor, como querendo destacar apenas o que mais importa. Max, por exemplo, tem um gorro enfeitado por um pompom vermelho, assim como a sua correspondente mirim, uma presilha de cabelo no mesmo tom: afinidades, apesar, da distância e diferenças...
Os personagens quase não falam; narradores tratam de contar essa comovente história e emprestam-lhe a voz. Perfeita opção, pois o que mais importa não é o que se fala "da boca pra fora" mas, "de fora para dentro": ouve-se apenas o som do coração, a voz das mais íntimas impressões.
E, apesar de tocar em tantos assuntos espinhosos é impossível não verter cada narração e imagem como uma boa taça de batida de abacate, macia, doce e aveludada. Nem por isso, cai na armadilha da superficialidade: Mary&Max é tocante!
E quando Mary finalmente resolve conhecer seu amigo do outro lado do mundo, descobre de maneira surpreendente, como a amizade entre os dois encheu a vida de Max de muitos sentidos...
Numa de suas cartas à menina, Max confidencia que uma de suas maiores frustrações era não conseguir derramar lágrimas: vertia algumas cortando cebolas, mas, isso não valia...
Não precisarão de cebolas, mas recomendo lencinhos...
Um filme para ver e rever, muitas vezes!
E, apesar de tocar em tantos assuntos espinhosos é impossível não verter cada narração e imagem como uma boa taça de batida de abacate, macia, doce e aveludada. Nem por isso, cai na armadilha da superficialidade: Mary&Max é tocante!
E quando Mary finalmente resolve conhecer seu amigo do outro lado do mundo, descobre de maneira surpreendente, como a amizade entre os dois encheu a vida de Max de muitos sentidos...
Numa de suas cartas à menina, Max confidencia que uma de suas maiores frustrações era não conseguir derramar lágrimas: vertia algumas cortando cebolas, mas, isso não valia...
Não precisarão de cebolas, mas recomendo lencinhos...
Um filme para ver e rever, muitas vezes!
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