Eu fui.... Paris

E aí eu conheci Paris.
E a cidade estava linda: as mulheres e os homens mais bonitos e elegantes do que nunca, os lugares cheios, um ar de prosperidade geral que ajuda muito a ser feliz.
Os primeiros dias foram para se desligar; os seguintes, para curtir. Curtir, passear, andar muito.
Mas as coisas não são simples, e depois de um tempo a vida de um turista fica complicada. Existem os que vão às exposições, os que compram o Pariscope para saber tudo que está acontecendo na cidade, e até os que vão aos shows de mulher nua – é, tem de tudo. Existem os que sempre vão aos museus. Esses são os especiais e profundamente ligados em artes, pois para isso é preciso muita
disciplina: afinal, é preciso ser muito louca para sair de férias com uma agenda – e eu sou! O bom das férias é estar numa cidade bonita e conviver com ela normalmente, com naturalidade e intimidade. E aí, o que se faz o dia inteiro?
É bom acordar sem precisar pular correndo da cama e passar uma boa hora pensando, bem vagamente, onde passear, onde comprar a Coca-cola mais barata, qual a melhor conexão para se fazer no metrô...
Uma semana depois se percebe, com algum sofrimento, que por mais linda que seja a cidade, o coração já não bate tão forte. As lojas ainda atraem, mas com muito menos intensidade. Seria um sinal de depressão? Afinal, não é possível estar em Paris e não ser totalmente feliz, e nem pensar em dizer que está pensando na casa, nos amigos e menos ainda no trabalho; além de pegar mal, ninguém vai acreditar.
Só que nem todos têm o Dom do ócio e do lazer, e as manhãs vão ficando mais longas – na cama – e os telefonemas para casa mais freqüentes, com perguntas que são verdadeiras bandeiras. Tem cabimento telefonar de Paris e perguntar se fizeram feijão fresquinho em casa? Pois é.
Aí um dia você telefona para confirmar a volta, e daqui a dois dias já está em casa. E quando chega em casa sua família colocou cartazes e flores de boas-vindas. Sua mãe fez uma “saladinha de legumes”, quando você queria um prato de feijoada! Tudo bem, vai aproveitar para fazer uma dieta e pagar por todos os sanduiches que comeu durante a viagem. A vida é assim mesmo.
Só que as coisas não são tão simples, e depois de ter passado tantos dias num quarto tão charmoso e tão pequeno, acha a casa um verdadeiro palácio. E se diz: “afinal, a casa da gente é a casa da gente”. Mas o chavão não é suficiente para que ela entenda. O que é que está acontecendo, afinal?
Depois de dois dias em casa comendo os chocolates que comprou no free-shop e sem falar praticamente com ninguém, pega a bolsa e vai fazer umas comprinhas antes que morra de tédio. E aí, numa esquina, você entende.
Era uma esquina normal, e quando pára no sinal, começam a chegar perto os vendedores, aqueles que você sempre abominou. Só que, com a cabeça mais fresca e descansada, no lugar de só abominar, sem nem olhar, você olha. Olha e vê.
Um deles vende caixas de cajus, os mais lindos e coloridos cajus que você já havia visto: enormes, indo do amarelo ao vermelho numa sutileza e num bom gosto que dariam inveja a qualquer costureiro francês. O outro leva mangas, mangas amarelas e rosas frescas e cheirosas; logo atrás outro oferece abacaxis,
sendo que um deles está aberto, amarelinho, para que o freguês possa provar e ver como estão docinhos. E vê um cachorro correndo e latindo atrás de um menino uniformizado indo para o colégio. E numa janela, uma senhora sacode a toalha de mesa florida.
E quando chega ao trabalho – quando finalmente as férias terminam – recebe de uma colega o melhor abraço que já recebeu em sua vida, e só por isso já valeu voltar.
É, não é em vão que se nasce nesse país chamado Brasil.
E a cidade estava linda: as mulheres e os homens mais bonitos e elegantes do que nunca, os lugares cheios, um ar de prosperidade geral que ajuda muito a ser feliz.
Os primeiros dias foram para se desligar; os seguintes, para curtir. Curtir, passear, andar muito.
Mas as coisas não são simples, e depois de um tempo a vida de um turista fica complicada. Existem os que vão às exposições, os que compram o Pariscope para saber tudo que está acontecendo na cidade, e até os que vão aos shows de mulher nua – é, tem de tudo. Existem os que sempre vão aos museus. Esses são os especiais e profundamente ligados em artes, pois para isso é preciso muita

É bom acordar sem precisar pular correndo da cama e passar uma boa hora pensando, bem vagamente, onde passear, onde comprar a Coca-cola mais barata, qual a melhor conexão para se fazer no metrô...
Uma semana depois se percebe, com algum sofrimento, que por mais linda que seja a cidade, o coração já não bate tão forte. As lojas ainda atraem, mas com muito menos intensidade. Seria um sinal de depressão? Afinal, não é possível estar em Paris e não ser totalmente feliz, e nem pensar em dizer que está pensando na casa, nos amigos e menos ainda no trabalho; além de pegar mal, ninguém vai acreditar.

Só que nem todos têm o Dom do ócio e do lazer, e as manhãs vão ficando mais longas – na cama – e os telefonemas para casa mais freqüentes, com perguntas que são verdadeiras bandeiras. Tem cabimento telefonar de Paris e perguntar se fizeram feijão fresquinho em casa? Pois é.
Aí um dia você telefona para confirmar a volta, e daqui a dois dias já está em casa. E quando chega em casa sua família colocou cartazes e flores de boas-vindas. Sua mãe fez uma “saladinha de legumes”, quando você queria um prato de feijoada! Tudo bem, vai aproveitar para fazer uma dieta e pagar por todos os sanduiches que comeu durante a viagem. A vida é assim mesmo.
Só que as coisas não são tão simples, e depois de ter passado tantos dias num quarto tão charmoso e tão pequeno, acha a casa um verdadeiro palácio. E se diz: “afinal, a casa da gente é a casa da gente”. Mas o chavão não é suficiente para que ela entenda. O que é que está acontecendo, afinal?
Depois de dois dias em casa comendo os chocolates que comprou no free-shop e sem falar praticamente com ninguém, pega a bolsa e vai fazer umas comprinhas antes que morra de tédio. E aí, numa esquina, você entende.

Era uma esquina normal, e quando pára no sinal, começam a chegar perto os vendedores, aqueles que você sempre abominou. Só que, com a cabeça mais fresca e descansada, no lugar de só abominar, sem nem olhar, você olha. Olha e vê.
Um deles vende caixas de cajus, os mais lindos e coloridos cajus que você já havia visto: enormes, indo do amarelo ao vermelho numa sutileza e num bom gosto que dariam inveja a qualquer costureiro francês. O outro leva mangas, mangas amarelas e rosas frescas e cheirosas; logo atrás outro oferece abacaxis,

E quando chega ao trabalho – quando finalmente as férias terminam – recebe de uma colega o melhor abraço que já recebeu em sua vida, e só por isso já valeu voltar.

Texto baseado num artigo da Danuza Leão