Casa Brasileira
Havia um tempo de cadeira na calçada//Era um tempo em que havia mais estrelas//Tempo em que as crianças brincavam sob a clarabóia da lua, e o cachorro da casa era um grande personagem//E também o relógio da parede!//Ele não media o tempo simplesmente: Ele meditava o tempo.
(Quintana)
Como descrever a casa brasileira?
Bem... Ela tem uma grande calçada onde durante o dia os meninos jogam bola, enquanto as meninas conversam num canto. À noite os vizinhos colocam suas cadeiras se sentam, conversam e fogem do calor do interior da casa.
Separando o terreno há um muro baixo e um portão que está sempre aberto. Cachorros e gatos passam por ele sem cerimônia.
No quintal há roseiras que as avós cuidam com atenção, goiabeiras que as crianças não deixam seus frutos amadurecerem direito, grama onde as mães colocam as roupas pra "quarar", um alpendre coberto com uma parreira, onde, nas noites de outono pode-se ficar sentado nos grandes bancos de madeira, olhando os cachos de uva pendurados pedindo para serem colhidos.
Também tem um canto para o cachorro, uma parede para a bicicleta, e galinhas ciscando o tempo todo.
Da varanda, de ladrilho azul até o meio da parede, pode-se sentir o cheiro de feijão sendo preparado na cozinha. O barulho da panela de pressão à tarde, avisa que o jantar está no fogo. Bancos esperam pelos moradores que se sentam ali após o jantar. Vasos com espadas de São Jorge enfeitam o local e espantam o mal olhado. Uma samambaia chorona, pendurada no teto, forma uma cortina e deixa sombras no chão.
Os tacos da sala costumam ser encerados às sextas-feiras, para que no final de semana a casa esteja arrumada e limpa. Há uma grande mesa com cadeiras à sua volta. Sobre ela uma toalha bordada em ponto de cruz e uma jarra com flores: sempre-vivas! Uma grande cristaleira exibe os copos, jarras de água, pratos de festa e sopeiras. Coisas de avós e bisavós. Numa das parede um quadro de "Jesus no Jardim das Oliveira", na outra, uma foto de casamento da mãe.
Nessa casa sempre há música. O rádio fica ligado o dia inteiro. A mãe canta enquanto lava a roupa. A filha canta ao varrer a casa. O pai canta embaixo do chuveiro.
Há um quarto para o casal, com móveis comprados antes de se casarem. A mãe cuida deles com carinho passando óleo nas portas e no encosto da cama, para deixá-los brilhantes. O outro quarto serve para os filhos, que dormem em beliches. As paredes vivem cheias de recortes de revistas: fotos de jogadores, cantores e atores colorem o quarto.
Todas as janelas tem cortinas brancas e de crochê, compradas a prestação, numa amiga de uma vizinha, que costuma viajar muito e sempre traz coisas bonitas para vender.
A cozinha (ah! a cozinha!) é o melhor espaço da casa. Além do fogão e de um armário para as panelas (sempre bem areadas, brilhantes), também tem uma grande mesa com inúmeros bancos e cadeiras ao redor. O cheiro de café coando reina nesse aposento, onde as conversas, grandes decisões, deveres escolares, debates, segredos e choros estão sempre acontecendo. Tudo de mais importante numa família acontece na cozinha. Não só os alimentos são preparados ali. Vidas são preparadas também.
Aos domingos a mesa fica posta desde cedo. Primeiro para o café da manhã, depois para o almoço (macarronada com carne-assada e batatas coradas) que se esparrama até a hora do cafezinho e finalizando com o café da noite, onde, os que saíram para dar uma volta, retornam e contam o que viram no passeio.
A casa brasileira só descansa quando, lá pelas vinte e duas horas, todos estão em suas camas, o pai coloca o cachorro pra fora, passa no quarto dos filhos para desejar boa-noite, acende a luz do São Jorge no corredor, dá corda no relógio (para não perder a hora na manhã seguinte), beija a esposa e desliga o abajur.
(Quintana)
Bem... Ela tem uma grande calçada onde durante o dia os meninos jogam bola, enquanto as meninas conversam num canto. À noite os vizinhos colocam suas cadeiras se sentam, conversam e fogem do calor do interior da casa.
Separando o terreno há um muro baixo e um portão que está sempre aberto. Cachorros e gatos passam por ele sem cerimônia.
No quintal há roseiras que as avós cuidam com atenção, goiabeiras que as crianças não deixam seus frutos amadurecerem direito, grama onde as mães colocam as roupas pra "quarar", um alpendre coberto com uma parreira, onde, nas noites de outono pode-se ficar sentado nos grandes bancos de madeira, olhando os cachos de uva pendurados pedindo para serem colhidos.
Também tem um canto para o cachorro, uma parede para a bicicleta, e galinhas ciscando o tempo todo.
Da varanda, de ladrilho azul até o meio da parede, pode-se sentir o cheiro de feijão sendo preparado na cozinha. O barulho da panela de pressão à tarde, avisa que o jantar está no fogo. Bancos esperam pelos moradores que se sentam ali após o jantar. Vasos com espadas de São Jorge enfeitam o local e espantam o mal olhado. Uma samambaia chorona, pendurada no teto, forma uma cortina e deixa sombras no chão.
Os tacos da sala costumam ser encerados às sextas-feiras, para que no final de semana a casa esteja arrumada e limpa. Há uma grande mesa com cadeiras à sua volta. Sobre ela uma toalha bordada em ponto de cruz e uma jarra com flores: sempre-vivas! Uma grande cristaleira exibe os copos, jarras de água, pratos de festa e sopeiras. Coisas de avós e bisavós. Numa das parede um quadro de "Jesus no Jardim das Oliveira", na outra, uma foto de casamento da mãe.
Nessa casa sempre há música. O rádio fica ligado o dia inteiro. A mãe canta enquanto lava a roupa. A filha canta ao varrer a casa. O pai canta embaixo do chuveiro.
Há um quarto para o casal, com móveis comprados antes de se casarem. A mãe cuida deles com carinho passando óleo nas portas e no encosto da cama, para deixá-los brilhantes. O outro quarto serve para os filhos, que dormem em beliches. As paredes vivem cheias de recortes de revistas: fotos de jogadores, cantores e atores colorem o quarto.
Todas as janelas tem cortinas brancas e de crochê, compradas a prestação, numa amiga de uma vizinha, que costuma viajar muito e sempre traz coisas bonitas para vender.
A cozinha (ah! a cozinha!) é o melhor espaço da casa. Além do fogão e de um armário para as panelas (sempre bem areadas, brilhantes), também tem uma grande mesa com inúmeros bancos e cadeiras ao redor. O cheiro de café coando reina nesse aposento, onde as conversas, grandes decisões, deveres escolares, debates, segredos e choros estão sempre acontecendo. Tudo de mais importante numa família acontece na cozinha. Não só os alimentos são preparados ali. Vidas são preparadas também.
Aos domingos a mesa fica posta desde cedo. Primeiro para o café da manhã, depois para o almoço (macarronada com carne-assada e batatas coradas) que se esparrama até a hora do cafezinho e finalizando com o café da noite, onde, os que saíram para dar uma volta, retornam e contam o que viram no passeio.
A casa brasileira só descansa quando, lá pelas vinte e duas horas, todos estão em suas camas, o pai coloca o cachorro pra fora, passa no quarto dos filhos para desejar boa-noite, acende a luz do São Jorge no corredor, dá corda no relógio (para não perder a hora na manhã seguinte), beija a esposa e desliga o abajur.
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial