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Local: Rio de Janeiro, RJ, Brazil

Sou a prima mais velha de uma turma de 32 primas! Gosto de rir e de fazer rir. Adoro conversar, mas principalmente de ouvir. Beber Mate, vinho e Martini. Ver filme aos sabados com os amigos. Sou fiel aos meus sentimentos e respeito os dos outros. E de escrever, é lógico!

segunda-feira, maio 16, 2011

Entre Tios e Tias

A verdadeira felicidade está na própria casa, entre as alegrias da família.” Leon Tolstoi

Por toda a minha infancia vivi rodeada de tios maternos e paternos. Até onde me lembro sempre havia um morando em nossa casa, ou passando temporada, até todos morarem juntos definitivamente.
Mas um período foi um dos mais interessantes e influenciadores em minha vida de criança. Foi formado um grupo formidável em nossa casa.
Morávamos, minha mãe, meu pai, eu e meu irmão, numa grande casa no Engenho de Dentro. Sempre que passo por ela me vem uma saudade de um tempo divertido. A construção antiga era de beira de rua, com uma águia pousada no alto da fachada. Ao abrir a porta nos deparávamos com um salão, depois no lado direito tinha um grande corredor com várias portas à esquerda dando entrada para os quartos. Ao final do corredor havia uma sala, que fazíamos de sala das refeições, depois uma grande cozinha e o banheiro. Em minha lembrança tudo era grande, talvez por eu ser criança. Nessa época eu tinha uns seis anos, quem sabe menos, e meu irmão, uns três anos. Ao lado da casa haviam um terreno repleto de árvores frutíferas, onde de vez em quando um tio pulava o muro para catar jabuticabas, goiabas e laranjas.
Logo que nos mudamos vieram morar conosco algumas pessoas da família do meu pai: meu tio paterno mais novo, ainda um rapazinho; minha única tia paterna, separada do marido; minha "vó Elisa",  que havia criado todos os irmãos de meu pai; o filho dela, tio Kleber; tio Arley, um amigo de vó Elisa; e mais tarde meu tio Joel, irmão da minha mãe.
Junto a meus pais, eles eram um grupo de pessoas totalmente diferentes que formaram a pessoa que sou hoje.
Meu tio Alberto, o irmão mais novo de meu pai, gostava muito de desenhar e contar piadas. Ainda adolescente seus cabelos ficaram grisalhos, o que o tornava estranhamente bonito. Sua irmã Venitize não teve filhos, era carinhosa e mimava a mim e a meu irmão. Era namoradeira, e por causa dela, fiz muitos passeios de bonde, que passava em nossa porta, até o Meier. Vó Elisa era filha de escravos e por toda a vida serviu de babá na casa de meus avós. Era uma mulher inteligente, divertida  e em seu frágil corpo cabia muita sabedoria. Seu único filho Kleber era um fanfarão, estava sempre envolvido em algum novo negócio, mas nunca trabalhava! Em casa ele me ensinou a dançar doando seus pés para que eu subisse neles enquanto ele bailava. Quando vó Elisa veio morar conosco trouxe junto o tio Arley, um negro alto e magro, parecia um daqueles reis da África. De inteligência curta, mas de uma doçura sem fim, anos depois foi encontrado morto em Cascadura, e a única coisa dentro de sua carteira era uma foto minha, quando criança. Meu tio Joel, irmão de minha mãe, entre os rapazes era o mais velho, era um homem do mundo, cheio de perguntas sobre a vida e seus mistérios. Falava inglês, lia e estudava muito, era um galanteador e conquistava muitas mulheres. Só sossegou quando casou-se com minha tia Bephie, uma holandesa, que lhe deu filhos e foi sua companheira e amada esposa.
À noite, após o jantar, sentávamos na sala de refeições para ouvir rádio. Não havia televisão na casa e esse era o meu momento preferido. Ouvíamos novelas e depois músicas. Meus tios me tiravam para dançar enquanto meu irmão, em sua cadeirinha, batia palmas.
As vezes a casa parecia um local de loucos, como por exemplo, na noite em que várias mãos pousaram no mesmo interruptor do corredor para acender a luz. Na escuridão todos gritaram juntos! Ou, quando vó Elisa acordou de madrugada e não encontrou a porta do quarto e passou metade da noite apalpando as paredes até achar a maçaneta! E quando minha mãe me forçando a comer não viu que na sopa caiu um "bicho de luz" e eu tive que comê-lo aos olhos de todos, que nada disseram por medo dela!!
As histórias são muitas e hoje, me deparo com a realidade de que daquele grupo só restam eu, meu irmão e minha mãe! Todos já se foram! Espero que onde estiverem, estejam juntos fazendo a alegria de alguma menina que por lá precise de carinho, abraços, risos e danças. Eles são ótimos nessas coisas!

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