Voar
Ela acorda com dor de cabeça. Toma um banho e lava os cabelos, na esperança da dor passar, mas isso não resolve.
Ainda com os cabelos molhados e o corpo enrolado em toalha ela se senta na cama de frente para a janela aberta.
Uma faixa de luz do sol passa por entre as cortinas. Ela pode ver a poeira dançando na claridade.
Sopra uma brisa que faz as cortinas voarem
Ela continua ali sentada olhando a réstia de luz. "Talvez se ficar bem quieta a dor se vá", ela pensa.
E fica assim, imóvel, quase sem respirar.
Em transe sente seu espírito deixar seu corpo e, junto com as cortinas ela voa.
E sai pela janela, como um pássaro.
Voa rente aos telhados dos prédios vizinhos e das copas das árvores, assustando as aves.
Lembra-se de olhar para a janela do seu quarto e se vê ainda sentada na ponta da cama em frente a janela.
Sente o cabelo secando ao vento e experimenta voar mais alto.
De lá vê seu prédio, sua rua, os carros e voa para os morros que estão atrás de seu bairro.
Ela sempre quis saber o que havia depois dele, imaginava o mar, mas descobre mais casas e ruas.
E agora ela está voando tão alto e tão rápido que realmente já pode ver, ao longe, o mar e alguns navios.
Cruza com pássaros, depois com nuvens.
Lá embaixo só o mar...
Resolve mergulhar num só voo, como as gaivotas fazem...
Já não sente mais dor de cabeça e mergulha sentindo o vento cortando sua pele.
No impacto com a água, volta a seu corpo e, com o susto, da volta a realidade, cai de costas na cama, sem sentidos...
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