Mulher II

Relendo meu texto anterior, e sem a postura de discurso inflamado, tive que baixar minha bola e voltar atraz em algumas afirmações de fiz!
Quem estava ali fazendo o discurso era (e é) uma mulher urbana, com um bom emprego, independente e que teve a chance de estudar.
Então o discurso era cheio "podemos" e de nariz empinado!
Naquele momento eu havia me esquecido que muitas e muitas mulheres ainda não vivem essa liberdade e amancipação.
Muitas ainda não tiveram a chance de aprender a ler, por que simplesmente para o macho dominante não há necessidade de uma menina ir para a escola, se o que ela vai fazer quando se tornar uma mulher é ter filhos, varrer e cuidar da casa.
Muitas iniciam sua vida sexual com os próprios pais por eles se sentirem donos daquele pequeno corpo.
Muitas se enchem de filhos, não por escolha própria, mas pelo estupro no matrimônio.
Muitas são mutiladas com uma gilete velha e enferrujada, em praça pública, para que não tenham desejos.
Muitas vivem sob as burcas sufocantes sem poderem exibir o próprio rosto.
Outras são vendidas antes mesmo de ter altura para subir sozinhas na cama onde perderá dolorosamente a virgindade.
Muitas ainda são apedrejadas até a morte, por desonrarem seus irmãos.
Muitas, por surras e chutes na barriga, abortam seu feto amado.

É, não somos tão livres ainda. Não podemos tudo, não conseguimos liberdade e independencia total. Algumas de nossas femininas vozes ainda não são ouvidas, por que nem conseguem sair da garganta.

Por elas gritamos, batemos os pés, as panelas, as tampas. Para que elas não sejam esquecidas num canto de um quarto escuro, encurraladas, chorando.

Por elas rezamos e torcemos para que isso um dia mude e, que finalmente elas saibam que toda mulher é uma princesa e como tal deve ser tratada, ouvida, respeitada.