Antropofagia

Um na direção do outro.
Quase não se veem
mas farejam no ar o cheiro do outro.
Cheiro conhecido que entorpece.
E enlouquece.
E quando as peles se esbarram
na escuridão,
provocam arrepios nos pelos.
Os braços se procuram
e os brancos dentes mordem as carnes do pescoço
Gosto de sangue na boca.
A língua lambe, prova
e suga o sangue quente.

Misturam-se salivas, uivos e respiração
As unhas cravam-se nas costas.
Pernas enlaçam,
músculos tremem.
Cabelos presos entre os dedos
são puxados como crinas.
Suor escorre pelo corpo.
Lágrima rola pelo peito.
Fluídos agri-doce dão sabor.
Mel, pimenta e sal.
Sombras na parede.
Lua no céu.
Corpo devorando corpo.

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