Na semana do Cardiologista - Dia 14 de agosto
"É fundamental que tenha músculos maleáveis, a ponto de inchar desmesuradamente ante a possibilidade do amor. Que possua um proverbial espaço destinado à amizade sincera; que saiba esperar, e enquanto espera, vá tecendo com fios de silencio a doce urdidura da saudade; que seja capaz de receber ordens do cérebro, sem se deixar corromper; que tenha a infinita capacidade de exalar ternura, sem nunca se cansar; seja capaz, por sua infinita faculdade transfigurativa, de engrandecer os espíritos pobres, assim também, como aos pobres de espírito. Não seja nunca refratário à dor, quer seja a sua, quer seja a alheia; é primordial que esteja sempre aberto aos lídimos anseios libertários; que saiba perdoar, e que descubra no perdão, um mundo inteiro de possibilidades. Quando, em sendo político, que não sejam com futuros votos as preocupações, mas com o futuro das próximas gerações. Na alegria, seja capaz de embandeirar-se em festa, e na tristeza, saiba ser triste sem afetação; seja capaz de suportar a pior das angústias, quando no peito dos desesperados; que pulse com fervor quase suicida em defesa da pátria ultrajada; que não haja nunca em seus domínios, espaços destinados a ódios ou rancores; ante a possibilidade de ser feliz, jamais vacile, pois é proibido dissimular ante o assombro da vida; ou se fazer de surdo, ou cego, diante da premência da fraternidade. Que seja sobretudo bom, e, em sendo bom, caso o peito de origem não o possa conter, saia saltitante pelos caminhos, desvendando a luz do seu jeito de ser. E, finalmente, que seja forte, desesperadamente forte, quando, por fatal desventura, pulsar no peito de um pobre Poeta".
(Sylvio Adalberto)
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